Contado em primeira pessoa por Anne.
Continuei andando ao redor da casa, então ouvi um barulho que vinha da janela do quarto da mulher. Me aproximei e quando olhei, vi meu pai abraçando a moça e logo depois a beijou. Eu fiquei parada, olhando tudo aquilo, que não conseguia respirar. Caio se aproximou e puxou meu braço e disse para que entrássemos.
No jantar eu não conseguia nem olhar para meu pai, e só fui jantar porque não queria que minha mãe desconfiasse de algo. Mas eu tinha tanta raiva, que minha vontade era gritar naquela mesa. Eu diria toda a verdade e minha mãe ficaria arrasada. Mas toda aquela máscara de bom marido cairia sobre a mesa. Ou eu poderia ficar quieta, talvez tivesse sido a primeira vez que ele fez algo assim. Talvez tudo tenha parado naquele beijo, então ele se arrependeu. Passou tantas coisas na minha cabeça, que eu não conseguia nem tocar na comida, minha mãe percebendo me questionou:
-Não vai comer Anne?
-Eu não estou com fome. Respondi a ela.
-Logo você querida? Nunca foi de largar a comida. Disse meu pai.
-Ela só está nervosa com a festa de aniversário no fim de semana. Respondeu Caio, quando percebeu que fiquei sem ter o que falar.
Eu resolvi tirar uns dias para pensar, na escola eu estava tão na minha que minhas amigas Carolina e Vitória me questionaram o que estava acontecendo. Eu não queria dizer nada e sempre repetia a desculpa que meu irmão usou com meus pais. Que tudo era por causa do meu aniversário:
-Nossa tia pirou de novo, ela acorda no meio da noite e começa a gritar por seu bebê. Podemos dormir na sua casa hoje? Disse Vitória.
-Claro, eu só preciso avisar minha mãe. Respondi às meninas.
A verdade era que eu só queria ficar sozinha. Nem mesmo me sentia bem em voltar para casa, mas a presença das meninas poderiam me ajudar um pouco.
Naquela manhã eu estava sentada na aula de Geografia quando encontrei um bilhete sem remetente, em baixo da minha carteira. O bilhete dizia:" Me encontre atrás da escola depois do almoço ". Eu não tinha saco para bobeiras, mas achei que seria bom me distrair um pouco. E ao longo do dia fui ficando curiosa, sobre quem havia me mandado o bilhete. Comecei a pensar nas possíveis opções. Poderia ser o Junior do primeiro ano, mas eu dei um fora nele ano passado. Tinha também a Sophia. Nós estudávamos juntas desde pequenas, mas nunca fomos amigas. Certo dia ela foi para a escola de madrugada e pichou nossos nomes no muro. Depois disso nunca mais a vi na escola.
Depois do almoço fui até atras da escola, mas não tinha ninguém. Esperei por uns 10 minutos, então fui embora.
Nos dias que se passaram, eu comecei a cuidar dos detalhes da minha festa. Todos da escola viriam aqui na minha casa. Até o amigo do meu irmão, o Will. Ele esteve muito doente, e ninguém teve notícias dele por alguns meses. Quando chegou na escola, não reconhecia ninguém.
Eu acordei e o sol estava tão forte, que passava pela grossa cortina do meu quarto. Senti o cheiro dos cookies que minha mãe fazia. Fui até a escada que dava na sala, onde meu pai estava sentado lendo um jornal:
-Bom dia querida, como se sente estando agora com 15 anos? Perguntou meu pai.
-Tudo igual, ainda não posso dirigir e nem fazer uma tatuagem! Só sou uma criança, que vocês dizem que cresceu. Disse a ele enquanto descia a escada.
-Olha a aniversariante, o que é isso? É um fio de cabelo branco? Disse Caio.
-Pare de implicar com sua Irmã, venha cá querida. Eu fiz os cookies que você gosta. Disse minha mãe.