O Jogo Do Amor - Livro III

Capítulo 19

Daniel

Eu estava a dias sem Melissa e aquilo estava me matando por dentro. Eu sou um burro, idiota! Me deixei levar por uma conversa de uma mulher qualquer em um bar. Claro que Melissa ficaria furiosa, mas eu preferia tanto que ela gritasse, me batesse, fizesse qualquer outra coisa menos sair da nossa casa. Eu não esperava isso e sinceramente achei que na manhã seguinte iríamos nos acertar, como sempre fazíamos.
-Que merda que eu fiz! - soquei a mesa do meu escritório e no mesmo momento Edu entrou na minha sala.
-Ou cara, você não é o Superman, ok? Sei que seus pais te chamam assim, mas vai com calma aí. - ele riu, mas eu não o acompanhei. - O que tá acontecendo?
-Melissa saiu de casa. Não faço ideia de onde ela esteja. - passei a mão sobre os cabelos novamente. Estava prevendo que iria ficar careca antes do tempo.
-A coisa foi mais feia que imaginei. - ele sentou na cadeira a minha frente. - Quando vocês se separaram daquela primeira vez, onde ela disse que ficou?
-Na casa dos avós. - dei de ombros e ele me olhou como se eu fosse um idiota. - É claro! Como não pensei nisso antes. - levantei pegando minhas coisas rápido.
-Onde você vai?
-Atrás da minha esposa. Preciso dela de volta.
-E a reunião que vamos ter em 15 minutos Daniel?
-É só uma reunião, você consegue ficar sem mim. - saí antes que ele me prendesse aqui. Seria uma viagem um pouco longa, mas valeria a pena. Pelo menos espero que sim.

[...]

Assim que cheguei na casa dos avós da Melissa, um medo forte me bateu. Desci do carro e fiquei encostado tomando coragem para entrar. O que eu vou falar para ela? Pedir desculpas, dizer que fui um idiota e que a amo com todas as minhas forças? É pouco. Melissa merece mais que um simples pedido de desculpas.
-Daniel? - sua voz me fez despertar dos meus pensamentos. Olhei na sua direção e um sorriso nasceu no meu rosto. Ela continua linda, apesar de seu rosto estar meio abatido. Merda! O sorriso morreu assim que percebi o motivo do seu abatimento.
-Mel. - sussurrei e resolvi ir na sua direção.
-Como soube que eu estava aqui? - perguntou com a voz firme e mostrando imponência.
-Imaginei que estaria. - dei de ombros chegando perto dela. Que vontade de abraçar essa mulher, mas me segurei. - Precisamos conversar. - falei firme fazendo Melissa respirar fundo.
-É, eu sei, mas não acho que...
-Vai ser agora, vamos até um lugar mais reservado. Temos muito o que resolver. - peguei sua mão e senti um choque de eletricidade passar pelo meu corpo. Ela olhou para mim assustada, mas apertou minha mão firme. Seguimos até uma árvore grande que continha um balanço.
Sentamos embaixo da árvore um de frente para o outro.
-Eu quero começar pedindo desculpas. Fui burro e imaturo com aquela atitude que eu tive e pode ter certeza que eu já paguei o preço da minha infantilidade. - respirei fundo. - Eu não iria te trair com aquela mulher, só estávamos conversando. Estava feliz em ter uma conversa com uma pessoa diferente e desde o começo deixei avisado que era casado. Falamos de você por horas, mas no momento em que você entrou ela estava botando a mão na minha perna com um gesto de amizade, me dizendo que nós dois superariamos essa briga porque tínhamos um casamento forte e uma filha a caminho.
-Você deixou ela te tocar?
-Eu estava tirando a mão dela da minha perna. Eu não iria te trair, eu não senti desejo por ela, Melissa. O que dia que eu realmente passar a sentir desejo por outra mulher, eu vou me separar de você sem pensar duas vezes.
-Você me deixou sozinha. - lágrimas escorreram dos seus olhos e num ato de impulso a puxei para o meu colo. Deixei ela chorar, sei que era isso que ela precisava.
-Eu não te deixaria sozinha se não tivesse saído da minha sala antes da gente resolver. Fizemos uma promessa de resolver a briga segundos depois dela acontecer. - ela apertou seus braços no meu pescoço e chorou. - Você errou nessa parte, mas meu erro foi mil vezes pior. Nunca vou me perdoar por isso. Mas preciso do seu perdão, você me perdoa?
-Sim, eu perdoo você. - sussurrou.
-Parece que estou vivendo num inferno sem você, a cada mensagem que eu mandava para você esperava receber como resposta algumas das suas provocações ou suas declarações. - ela se afastou e limpou as lágrimas que ainda estavam no seu rosto.
-Deveríamos ter conversado, os dois erraram. - falou pensativa.
-Acha que estamos prontos para voltar a nossa vida? - perguntei e ela me olhou pensativa.
-Eu não deveria, mas estou ouvindo a conversa de vocês. - olhamos assustados para a avó da Melissa. - Até parece que vocês não sabiam que eu viria atrás, eu não iria perder o reencontro. Posso dar um conselho a vocês dois? - concordamos com a cabeça e ela sentou ao nosso lado. - Casamento é um compromisso. Vocês não podem sair de casa sempre que as coisas ficarem difíceis. Tem que sentar e conversar ou o casamento de vocês não vai durar um ano.
-Mas vovó...
-Mas nada Melissa, os dois erraram. Você errou em ter dado trela para uma qualquer no bar e você por não ter conversado com o seu marido para tentar resolver. Deve ter acusado o rapaz de várias coisas achando que ele é igual aquele merda do Gabriel. - nós dois abaixamos a cabeça. - Vocês querem que a filha de vocês já venha ao mundo com vocês separados? Ela vai achar que nasceu de um amor duradouro em que os dois idiotas sabiam que era para sempre, mas por um motivo pequeno virou um caso rápido.
-Eu tentei con...
-Não deve falar comigo Daniel, estou zangada com você. Minha neta sofreu muito esses dias, vivia chorando pelos cantos e isso não faz bem para o bebê de vocês e nem pra ela mesmo. - a avó de Melissa levantou e me observou por um tempo. - Você está um trapo também. - começou a caminhar de volta para casa, mas parou de repente e se virou para nós novamente. - Só voltem para dentro de casa depois de se acertarem, estarei esperando com uma surpresa deliciosa. - Melissa arregalou os olhos e lambeu os lábios, sua avó caiu na gargalhada. - Acho que não vão demorar muito. - piscou e sumiu rapidamente.
-Mel? - ela me olhou e deu um suspiro. - Preciso te perguntar uma coisa. - falei nervoso.
-O quê?
-Você ainda me ama? - ela deu um leve sorriso e aquilo fez minhas esperanças aumentarem.
-Tem dúvida? - neguei com a cabeça e coloquei a mão no seu ventre, no mesmo momento minha pequena se mexeu. - Ela também ama o papai. - Melissa falou com uma voz diferente enquanto acariciava sua barriga.
-Eu te amo. - quando falei isso, senti seu corpo arrepiar. Ela me olhou com os olhos levemente assustados. - Sempre vou amar e não importa o que eu fale, o perdão tem que vir do seu coração. Eu vim até aqui pronto para te levar de volta para casa e farei isso se realmente estiver disposta a isso. E deixando esse momento ruim para trás, quero apagar ele das nossas vidas. Isso não vai se repetir porque a partir do momento em que voltar para casa me dedicarei muito mais a você e a nossa filha. Estaremos realmente prontos para começar a nossa família, sem brigas e segredos.
-Sem brigas é impossível, você está casado com Melissa Belinque. - falou com um sorriso discreto.
-Então voltaremos a nossa promessa: quando acontecer uma briga entre nós iremos nos acertar na mesma hora ou dois minutos depois. Mas nunca mais vamos sair e deixar o outro falando sozinho.
-Ok.
-Estamos entendidos? - estiquei a mão para ela.
-Sim, estamos entendidos, Sr. Belinque. - apertou minha mão e eu acabei caindo na gargalhada. Adorava quando ela me chamava assim.
-Agora é o momento em que eu beijo você, não é? - puxei ela delicadamente para o meu colo.
-Acho que sim. - deu de ombros meio perdida.
-Depois da briga, tem a reconciliação. É como se fosse a primeira vez.
-Primeira vez? - perguntou confusa.
-Aham. - segurei seu rosto com uma mão e me aproximei delicadamente. Ela olhou dentro dos meus olhos e vi o brilho da minha Melissa. A Melissa apaixonada. Apaixonada por mim.
Nossas testas estavam coladas, o nosso contato era intenso. Parecia que o perdão estava realmente acontecendo alí. Eu não queria quebrar isso, então fiquei alí a observando até que ela fez isso por mim. Sua boca foi de encontro a minha e parecia que agora sim estava tudo de volta.