Capítulo 6 - É Olívia, tem como ficar pior?

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Assim que saímos do apartamento e entramos no elevador, Rafael apertou o botão do elevador sem me dar chance de pestanejar. Descemos para o estacionamento que se situa no subterrâneo. E fomos para o carro que estava um pouco afastado, mas ainda assim era perto.

Não nos falamos pelo percurso. E não estou afim de direcionar qualquer palavra a ele. Sabia que se abríssemos a boca discutiríamos e não sei como essa noite irá decorrer.

Ao entrar no carro percebi que ele havia lavado. Será que Iria se encontrar com alguém? Bom, isso não é da minha conta. Peguei meu celular e fiquei mexendo. Rafael se incomodou com alguma coisa e se inclinou em minha direção. Não preciso nem dizer que não gostei desta atitude dele.

- Ei, seu tarado! O que pensa que está falando??? - Indaguei já levantando a voz e o empurrando.

- An? Tarado? Endoidou o cabeçote de vez? - Disse me questionando. É sério que ele me chamou de doida? - Só ia colocar o cinto em você!

- Eu sei colocar o cinto sozinha!

- Não parece... - Disse debochado. ARG!!!!!! Esse cara me irrita!

Puxei o cinto e coloquei eu mesma. Ele bufou e ligou o carro. 5 minutos. 5 minutos foi o suficiente para já começamos a nos irritar.

Voltamos a ficarmos calados e Rafael seguiu com o carro pela rua. Queria perguntar para onde iriamos, mas talvez parece que qualquer coisa é o suficiente para começamos uma discussão.

Seguimos pela avenida que eu não sabia o nome e não faço questão. Só sei que não demorou muito até Rafael que até agora estava mudo, parar o carro e ser a pessoa escrota que ele é quando abre a boca.

- Por que paramos? - Perguntei estranhando. Ele abriu a carteira e me esticou algumas notas.

- Toma. Para o caso de não ter dinheiro. - Ele estava me mandando sair do carro? É isso mesmo? - Tem um shopping aqui por perto e você pode pegar um táxi. - Continuei olhando para ele. - Eu estou atrasado então podemos ser rápidos?

- Me trouxe até aqui para me largar em qualquer esquina? - Perguntei.

- Não estou te "largando" - Fez aspas com os dedos- Estou te deixando em uma esquina e com dinheiro o suficiente. Não achou mesmo que eu fosse te levar comigo, achou?

- Não é como se eu quisesse ir a qualquer lugar com você. - Respondi ficando vermelha de raiva. - Mas... - Ele não me deixou terminar.

- Viu? Eu não quero te levar e você não quer ir. - Ele se debruçou e abriu a porta. Depois, abriu minha mão e colocou o dinheiro. - Pode ser mais rápida? Está me atrasando. - Soltei uma risada irônica e contei o dinheiro. Duzentos reais.

- Se vai me "deixar" - Fiz aspas com os dedos repetindo o mesmo ato que ele fizera. -Em qualquer esquina. Vai ter que me dar mais do que isso. - Disse balançando o dinheiro. Ele abriu a carteira novamente e me deu mais cem.

- Agora vai e me deixa em paz. - Peguei o dinheiro e saí do carro. Rafael deu partida e foi embora.

Eu ainda não acreditava no que tinha acabado de acontecer. Eu tinha sido largado em qualquer esquina e não fazia ideia de onde estava. E nem como voltaria para casa. Olhei para as notas em minhas mãos e senti raiva dele. As amassei de qualquer jeito e joguei dentro dá bolsa. Eu não precisava do dinheiro dele.

Andei um pouco pela calçada tentando lembra o caminho que fizemos até aqui, porém, estava o tempo todo no celular e nem me dei o trabalho de prestar atenção no caminho. E apesar de dizerem que o rio é quente, senti frio e me arrependi de não ter me lembrado de pegar um casaco.

Andei até um ponto de táxi e perguntei se algum dos motoristas podiam me levar até o shopping, mas próximo um deles se levantou e disse que poderia me levar. Entrei no carro e peguei meu celular ligando para Katrina.

Ela atendeu no terceiro toque.

Em inglês

- Eu vou matar aquele idiota! - O motorista deu uma olhada pelo retrovisor. Provavelmente por ter falado agora a pouco mesmo fluentemente comigo em português.

- Calma. O que houve? - Katrina falava sem entender o que estava acontecendo.

- O babaca do filho do Tio Eduardo. Ele me largou aqui no Rio. E eu não sei onde estou. Peguei um táxi e tô indo para o shopping. Argh!!! Era para ele me levar para sair com ele e ele me deixou em qualquer lugar.

- Quê? Te largou. Esse idiota tem merda na cabeça? - Katrina bufou pelo celular. Pelo que eu conheço Katrina ela deve está roendo as unhas. Ela sempre faz isso quando fica irritada.

- Provavelmente. O que eu faço? Minha avó foi na igreja dela. E eu vi que ela deixou o celular em casa. Típico de Dona Teresa.

- Eh... Você tem o número dele?

- Não. Por que eu teria?

- Ah, Sei lá. Amiga tenta ligar para seus tios.

- Vou fazer isso. - O motorista avisou que havíamos chegado. - Amiga, vou desligar. Cheguei no Shopping. Vou vê se ligo para meus tios. - Ela se despediu e pediu para que eu ligasse novamente depois para deixar ela informada.

Paguei o motorista e pedi obrigada. Realmente o shopping não era longe de onde o babaca havia me deixado.

Entrei no shopping e comecei a passear por ele. Não sabia o que fazer e estava irritada demais para ligar de imediato para meus tios. Andei pelas lojas e comprei um Milk-shake. Depois, passei em frente a ala dos cinemas e resolvi pegar um filme. Um novo de comédia que havida lançado e eu ainda não havia assistido. O resto já tinha visto todos no meu país.

Comprei pipoca, coca e uma barra de chocolate para colocar na pipoca doce. E entrei para ver o filme, pois a sessão já iria começar.

Depois que o filme finalmente acabou, joguei o as embalagens vazias no lixo e ao sair da sala de cinema fui ao banheiro. Ao sair percebi que havia um pôster gigante - Talvez eu esteja exagerando... - Do filme que eu havia acabado de assistir. Puxei o celular do bolso da calça e percebi, meu fim trágico. Meu celular estava descarregado. E para piorar, meu telefone é Iphone. É uma porcaria para achar alguém que tenha carregador.

E agora? O que eu faço? Estou sozinha no shopping. Sem saber como voltar para casa.

Se duvidar, ele nem se preocupou em como eu voltaria para casa. Se duvidar, fez de proposito só para me irritar. Se duvidar, ele é infantil o suficiente para isso. Mal o suficiente para isso.

E agora?

E agora!?

Calma Olívia. É só pedir o telefone de alguém emprestado. Seria, se eu soubesse algum número de cabeça. Droga! Estava tudo no celular.

Comecei a andar pelo shopping meio sem rumo. Sem saber o que fazer. Ou para onde ir. Sem conhecer ninguém. E sem saber o número de ninguém.

É Olívia, tem como ficar pior?

Andei em direção a saída do shopping para respirar um pouco de ar fresco e percebi a última coisa que podia me acontecer hoje. Estava chovendo. E muito! Estava eu, sozinha, perdida, sem celular, sem casaco e no meio da chuva.

Corri para dentro do shopping na intenção de comprar um casaco e um guarda-chuva, mas todas as lojas já haviam fechado.

Tinha como ficar pior. E ficou. Eu teria que sair do shopping para procurar algum lugar para passar a noite nesta chuva.

Eu, você e o cão que nos seguiu.Onde histórias criam vida. Descubra agora