Capítulo 7 - Essa garota só pode está de brincadeira.

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Rafael

Largar a faculdade de medicina foi com toda a certeza a melhor coisa que eu poderia fazer. Mas claro, meu Pai não concordou nada com isso. Discutimos várias vezes por isso e ele está sempre me pedindo uma posição do que eu quero para minha vida, já que medicina não estava nos planos. Mas um não sei não é suficiente para o Doutor Eduardo Pacheco. Enquanto isso, vive ameaçando cortar a grana que me dá todo mês mais nunca realmente faz isso. Já expliquei várias vezes que estou usando esse tempo para descobrir o que eu realmente quero fazer da minha vida e que não quero só simplesmente seguir a carreira dele.

Mas infelizmente descobrir o que quero da vida não é uma tarefa fácil. Ou melhor, escolher a profissão que irei seguir não é uma tarefa fácil. Porque o que eu quero é muito fácil. Eu quero viver e viver da melhor maneira possível. Curtindo o máximo que eu puder. E eu também não entendo porque tenho que descobrir agora. Tenho muito tempo ainda para descobrir o que fazer. Por hora? Vou viver minha, afinal, eu só tenho 22 anos.

Ouço barulhos de batidas em minha porta.

― Entra. ― Digo.

Pedro entra no quarto igual um foguete e pula em cima da minha cama. Eu já consegui ensinar ele a parar de entrar no meu quarto sem bater, agora só falta ele parar de se jogar na minha cama. Mas ele é elétrico demais para parar com essa mania de correr e se jogar.

― Mamãe falou pra você? Falou? Falou? ― Num falei? Elétrico.

― Calma moleque, falou o que?

― Que nossa prima vai passar as férias aqui com a gente?

― Minha prima não, sua prima. Mas, sim, ela falou.

― Porque ela não é sua prima também? Ela é minha prima. Então também é sua.

― Porque ela é filha da sua tia e não da minha tia.

― Mas porque ela não é sua tia também. ― Pedro sempre faz as mesmas perguntas. Só aturo por ser meu irmão.

― Já explicamos isso para você, Pedro. Não vou repetir. Se quiser pode ir perguntar para a sua Mãe.

― É porque a minha mamãe não é a sua mamãe?

― Viu, você sabe.

Pedro é muito inteligente, mas gosto de fingir ser mais criança do que já é. Sempre pedindo colo. Sempre fazendo manha e fazendo birra. E sem falar que ele é o rei das chantagens emocionais. Quantas vezes já me fez comprar soverte quando saio com ele de tanto ele fazer graça.

Pedro ficou no meu quarto choramingando porque a tal prima viria quando ele estaria na casa da irmã de nosso pai e que ele não iria poder brincar com ela. Tive que repetir para ele que ele não ia ficar tanto tempo na casa da Tia e que ele ia conseguir vir brincar com a Tal prima dele. Ficou perguntando se ela era bonita. Mas se ele não sabia como ela era, como eu iria saber, nunca presto atenção quando estão falando dessa menina. Provavelmente deve ter entre 12 e 14 anos. Deve poder brincar bastante com o Pedro.

Pedro saiu do meu quarto finalmente quando Inês o chamou para se arrumar, para poder levar ele para casa de minha Tia. Seria eu o encarregado de levar ele, mas Inês disse que levaria no meu lugar pois havia ficado de plantão e aproveitaria para levar ele. Mas pediu que eu acompanhasse Vó Teresa ao aeroporto no lugar dela. Como não tinha planos para hoje, então fui de bom grado. Afinal, é só uma garotinha. Não vai me atrapalhar em nada levar Vó Teresa para busca-la.

Me arrumei e fomos buscar ela. Escolheram o pior horário para o voo. O trânsito estava uma merda e Dona Teresa ficou preocupada com o horário da chegada do voo. Fiquei me perguntando porque deixaram uma criança viajar sozinha. Mas, bom, eu não sou o pai de ninguém para questionar algo.

Eu, você e o cão que nos seguiu.Onde histórias criam vida. Descubra agora