Capítulo 5 - " É muito feio escutar conversas escondida "

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O fuso horário de Toronto é de apenas uma hora de diferença. O que mesmo assim fez com que eu demorasse a dormi quando cheguei ao Brasil e me atrapalhou na segunda noite também. Acho que foi mais o fato de não está no meu país e sim em um estrangeiro. Que também é meu lar mesmo que eu não consiga sentir isso com toda certeza.

Acordei no sábado junto com o amanhecer do sol. Não consegui dormi mais depois. Levantei para tomar um pouco d'água e a casa estava no total silêncio. Acho que era consequência de levantar tão cedo. Enrolei na cozinha o quanto aguentei. Bebi quase um litro de água e comi um pedaço de bolo de fubá. Nunca foi e nem será um dos meus preferidos. Mais eu tinha fome e era fome de bolo. Sai da cozinha e fui até a sala para ligar a TV. Mas me atrapalhei ao ligar a TV que ficou chiando. O controle também não estava ajudando, então, acabei puxando a tele Infelizmente, todo aquele barulho acabou acordando Tio Eduardo.

Tio Eduardo apareceu na sala de pijama e bocejando. Não estava com seu habitual óculos de grau e o cabelo estava todo desgrenhado. Era engraçado. Perguntou o que eu fazia acordada tão cedo e riu quando eu disse que  tinha me atrapalhado com os controles. Se ofereceu para ligar a televisão para mim, mas eu não estava mais com vontade de ver televisão, então acabei recusando. Me desculpei por te-lo acordado e ele disse que sempre acorda cedo e que não tinha importância. Por fim ele foi para cozinha e eu para meu quarto.

Normalmente quando eu acordo perco o sono. Não sei o que acontece mais não consigo voltar a dormir. Então ás seis e meia da manhã trancada dentro do meu quarto, eu não soube o que fazer. Mexi em todas as minhas redes sociais. Postei uma selfie minha deitada no insta. Retuitei twitters. E compartilhei coisas engraçadas no Facebook. Joguei joguinhos e por fim, não eram nem sete horas ainda. Quando eu pensei que iria ser dominada pelo tédio total, ouvi o barulho da porta se abrindo. Provavelmente a da sala e logo a seguir a discussão começou.

  — Aonde estava? — Ouça a voz de Tio Eduardo. 

— Por aí. —  Era a voz de  Rafael.  Provavelmente estava bêbado. Ele riu e soluçou. — Preciso de um banho. 

—  Você acha que é assim? Isso são horas  de se chegar Rafael? — O tom de voz engrossou. — E ainda por cima bêbado! Olhe para você, está acabado. ― O barulho estava um pouco abafado então levantei e cheguei mais perto da porta do quarto.

— Não necessariamente. Só bebi duas latinhas ou foram mais? —  Riu. —  Não precisa se preocupar comigo já sou bemmmm grandinho. — Cheguei mais perto da porta. 

— Você está debaixo do meu teto e me deve uma explicação!

—  Você que uma explicação? Eu estava com uma mulher e a noite foi ótima. O senhor devia experimentar, iria tirar essa sua carranca.

Abri uma frestinha da porta.

  — RAFAEL! 

— EU!

—  Qual seu problema? Largou a faculdade e agora só sai bebe e volta bêbado. E tudo isso as custas do meu dinheiro. Já é um homem feito e não se comporta como um.  

  — O sermão já acabou? Eu estava falando sério quando falei que precisava de um banho.

 Tio Eduardo passou a mão pelo rosto. A porta do quarto se abriu mais. Rafael passou pelo tio Eduardo. 

   — Volte aqui eu ainda não terminei. —  Tio Eduardo o puxa pelo braço. A porta do meu quarto se abre e  eu caio no chão. Os dois me encaram. Rafael ri e se afasto do pai e  passa por mim enquanto eu me levanto. Ele entra no  banheiro. 

  —  Desculpa. —  Digo e corro de volta para o quarto.

***

Passei o resto da manhã trancada no  quarto. Estava envergonhada demais para encarar qualquer pessoa. Pulei o café da manhã quando Vovó me chamou. E pularia o almoço se Vovó não tivesse me ameaçado. Pelo que parece ela não sabia o que tinha acontecido cedo e não seria eu a tocar  no assunto. Almoçamos vovó e eu. Rafael estava de ressaca e não saiu do quarto a manhã inteira segundo vovó e Titia havia saído. 

Eu, você e o cão que nos seguiu.Onde histórias criam vida. Descubra agora