One For The Road, por Liv Garcia

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Sinopse: Apaixonada pela melhor amiga por anos, Jane vê uma mínima chance para que as coisas funcionem quando Ally termina com o namorado, Kevin. No entanto, é difícil deixar um relacionamento chegar ao fim sem lutar por ele, e nem sempre as coisas saem como o esperado.
Gênero:
Drama
Classificação:
+12
Status:
ShortFic - Finalizada.
Observações:
Baseada nas músicas One For The Road, do Arctic Monkeys, e Baby Came Home, do The Neighbourhood.


So we all get back to yours
And you sit and talk to me on the floor
There's no need to show me round
Baby I feel like I've been here before
I've been wonderin' whether later
When you've told everybody to go
Will you pour me one for the road?

Baby came home today
She told me to stay away
She told me her man was afraid
She told me I better behave
Baby just came back around
She told me she's leaving this town
She says she needs time to explore
She said I can't love her no more

I knew this would be on the cards
I knew you wouldn't fold
I saw this comin' from the start
The shake rattle and roll
One for the road

Ponto Morto

A casa de Ally sempre pareceu a de Jane. Não porque fossem decoradas de forma parecida ou tivessem uma estrutura igual, mas, por algum motivo, Jane se sentia mais à vontade com a família da melhor amiga do que com a dela própria.

Jane sempre soubera muito bem qual motivo era esse, é claro. Ally. Elas eram amigas inseparáveis desde que podiam se lembrar – quiçá até antes disso – e, contra todas as chances e apostas, a amizade não diminuiu com o tempo, muito pelo contrário. A cada dia que passava, elas se aproximavam mais. O que diferenciava, no entanto, era o modo como elas viam a si mesmas. Ally parecia enxergá-la como a irmã que sempre quisera ter e nunca existiu, e a tratava como tal. Jane, por outro lado, lutava com cada vez mais dificuldade para esconder o quão apaixonada estava pela moça.

Desse modo, após tantos anos convivendo juntas, uma sensação agridoce passara a acompanhar a jovem toda vez que ela entrava na casa de Ally. Uma parte doce de si relembrava todas as boas memórias da infância que dividiram, desde o aniversário de cinco anos de Ally, em que Jane enfiara o rosto da menina no bolo, até uma noite anos mais tarde, em que ela, do alto de seus doze anos, se infiltrara no quarto da amiga para relatar seu recém-dado primeiro beijo, tendo como reação de Ally uma careta de nojo. Outra parte de si, porém, ainda lamentava que ela continuasse entrando naquela casa como nada mais que a melhor amiga da adolescente rebelde que lá vivia.

Uma terceira parte de Jane, mais consciente e realista, avaliava a quantidade enorme de coisas pelas quais as duas passaram no decorrer dos anos. As viagens incontáveis dos pais de Ally se tornaram rotina, e Jane desconfiava que foram o principal motivo para que Ally se sentisse mais próxima da empregada doméstica do que da mãe, e insistisse em "aproveitar a vida ao máximo", como ela dizia, com muitos litros de álcool, festas e cigarros. E, é claro que ela não poderia se esquecer daquilo, havia também as brigas de seus pais.

Se os pais de Ally viviam viajando a trabalho, os pais de Jane brigavam mais do que cão e gato, e ela nem ao menos conseguia entender os motivos das discussões. Não foi surpreendente, então, quando ambos decidiram se separar, e Jane implorara para ficar com o pai – apenas para não ser obrigada a se mudar para longe de Ally.

Com o tempo, as coisas se acalmaram, e por dois segundos Jane fora capaz de pensar que tudo poderia entrar na tão utópica sintonia perfeita, e que elas poderiam ser felizes, mas então tudo começou a desandar de novo. Ally conhecera Kevin, o exemplo perfeito de má-companhia, embora fosse um clichê ambulante. Os dois começaram um namoro conturbado, saturado de brigas e discussões acaloradas, que frequentemente terminavam com Kevin socando paredes por todo o caminho até a porta da frente, que ele batia com força ao ir embora, e Ally sentada no chão do próprio quarto, chorando uma mistura amarga de raiva e mágoa.

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