Sinopse: Lembrança. s.f. Recordação; aquilo que está guardado na memória; o que recorda uma experiência já vivida; o que expressa uma situação já passada.
Eu realmente nunca cheguei a entender o porquê de jamais ter deletado Greg da minha vida. Algumas pessoas que sabiam da nossa vida amorosa na universidade me tachavam de interesseira, afinal, Greg havia se tornado um astro do futebol americano e seria algo conveniente da minha parte reatar com ele depois de termos nos separados na faculdade. Mas o que ninguém sabia era que Greg Raymond nunca deixou de ser por quem eu nutria meus sentimentos mais profundos. Minha irmã e Evan estavam tão bem, eu me sentia feliz pelos dois, mas era sufocante entender que Greg e eu já não tínhamos a mesma sorte. Depois de muito tempo de idas e vindas, tudo pareceu melhorar quando ele apareceu – de surpresa – na porta da minha casa, com uma garrafa de vodka em mãos e eu resolvi, finalmente, retirar aquela grande e cheia de sentimentos caixas de lembrança do fundo do meu guarda-roupa. Uma volta pelo passado fez reacender uma chama dentro de mim que me voltava a ter esperanças de que Greg e eu poderíamos ficar juntos mais uma vez.
Gênero: Drama e Romance
Classificação: +16
Status: ShortFic - Finalizada.
Observações: Inspirada nas músicas Snap Out Of It, do Arctic Monkeys, A Little Death, do The Neighbourhood. Spin-off de Taunting Playbook.Talking like we used to do, it was always me and you, shaken up and shipping out.
— Fiona, mas que droga, por que você não me escuta? — perguntei bufando e joguei os dois casacos em cima da cama. — Você vai precisar disso!
— Não vou, Marjorie, eu tenho certeza — retrucou e pegou as duas peças para pendurá-las novamente no cabide.
— Você é muito teimosa — resmunguei.
E lá estava eu, exausta demais para continuar discutindo com Fiona enquanto ela ignorava todas as minhas dicas e montava a mala do seu jeito. Minha irmã estava para embarcar em uma viagem para Ohio com Evan. O casal sensação iria fazer uma aparência pública na antiga faculdade em que estudaram, Kent State — que, por sinal, ficava na nossa cidade natal. E eu não podia estar mais feliz pelos dois. Eles estavam tão bem e finalmente haviam tomado jeito na relação. Dentro de meses, Fiona teria seu bebê e tudo ficaria ainda melhor.
— Leva pelo menos um deles — insisti mais um pouco, fazendo minha irmã rir.
— Sério, Marjorie? Você veio para conversarmos ou para arrumar minha mala? — perguntou, rolando os olhos.
— Os dois, oras — respondi, dando de ombros. — Vim para te ajudar também, não me importo com isso.
— Você deveria estar se importando com seu celular vibrando ali em cima — Fiona apontou para o aparelho em cima da escrivaninha.
— Como você conseguiu perceber isso?! — perguntei inconformada, eu nunca conseguiria. Levantei para pegar meu celular. — Mas obrigada por isso, é o Greg — sorri ao ver o nome de Raymond na tela do aparelho.
— Não vai atender seu quase namorado? — Fiona perguntou, dobrando uma calça jeans para colocar dentro da sua mala.
— Ele não é meu quase namorado — rolei os olhos e ela olhou-me com uma das sobrancelhas arqueadas como se desconfiasse do que eu dizia. Ignorei e resolvi atender antes que Raymond desistisse de mim — Ei, Greg!
— Oi, Marjorie, como está? — perguntou.
— Bem, e você? — respondi, sentando-me na ponta do colchão. Eu estava estranhamente "feliz" com aquela ligação e isso era bem estranho.
— Tudo certo. — disse e fez uma pausa antes de continuar — O que você está fazendo? — perguntou me fazendo estranhar a pergunta.
— Por que quer saber? — rebati, rindo — Estou com a Fiona.
— Era exatamente isso que eu queria saber. — respondeu — Então você está sabendo que ela vai viajar com o Evan, não é?
— É claro que sim, Greg. — respondi, rolando os olhos. Não era muito óbvio que eu saberia da viagem até mesmo antes que ele? — Fiona me conta tudo, era impossível que isso ficasse em segredo. — ao terminar de dizer logo recebi olhares reprovadores da minha irmã seguido por um "seja menos grossa", bufei. — Vá se foder! — mandei, fazendo-a rir.
— Como disse? — Greg perguntou, deixando presente o tom de confusão em sua voz.
— Não, não foi com você, me desculpa. — taquei o travesseiro na direção da minha irmã, mas infelizmente, ela conseguiu desviar — A Fiona é quem está me enchendo a paciência. — expliquei brevemente enquanto ela ria da situação — Estou ajudando com as malas.
— Vocês duas são as melhores irmãs que eu conheço. — riu — Mande um abraço para ela e para o bebê. — pediu, Greg estava sendo tão agradável quando o quesito era a gravidez da Fiona — Mas mudando de assunto, você vai demorar por aí?
— Mandarei, mas só quando ela parar de ser chata comigo. — concordei com seu pedido, mas ainda impondo minhas "condições", eu só estava fazendo cena de qualquer forma — Eu acho que não, nós já almoçamos, acho que estou aqui só para atrapalhar os dois mesmo. — ri.
— Isso é verdade! — Fiona concordou antes de fechar o zíper da mala, pensei em protestar sobre aquela minúscula bolsa que ela insistia em chamar de mala, mas ela me cortou: — Continue falando com o Raymond e não me encha o saco.
— Afinal, por que vocês duas estão discutindo? — ele perguntou.
— Porque ela não aceita minhas dicas. — respondi simples fazendo Fiona rolar os olhos — Mas já que eu não sou bem vinda nessa casa, acho que vou embora daqui a pouco. — dramatizei, Fiona simplesmente ignorou, balançando sua cabeça em negativo.
— Você poderia ser uma atriz, sabia? — Greg sabia muito bem o quanto eu conseguia ser dramática — Mas enfim, eu ia sugerir de nos encontrarmos mais tarde, o que acha? — perguntou-me, por um momento eu considerei que Greg estivesse sendo fofo e me chamando para sair, mas depois caí na real de que nós já havíamos saído como amigos mais de uma vez.
— Boa ideia! — concordei demonstrando animação — Você me encontra aqui em Boston mesmo? Seria mais fácil.
— Sem problemas, Marjorie. Nos encontramos às três? — perguntou, fazendo-me olhar o relógio e constatar que eram duas da tarde.
— Pode ser. — respondi observando Fiona fazer o desenho de um coração no ar, ri da idiotice dela — Aonde vamos?
— Não tive uma grande ideia, mas o que você acha do Boston Common? — sugeriu, fazendo-me sorrir de imediato, o Boston Common era um parque fantástico.
— É ótimo, eu adoro aquele lugar. — disse enquanto Fiona simplesmente me encarava querendo saber os detalhes — Até mais tarde, Greg. — me despedi antes de finalizar a ligação.
— Vocês vão se ver? Eu não estou acreditando! — Fiona mal esperou eu tirar o celular da orelha para começar, totalmente empolgada — Sabe que isso é boa parte por causa do acampamento, não é? Eu sou foda, fiz vocês se acertarem de novo. — ela andava de um lado para o outro com um sorriso no rosto — Isso é muito bom! — exclamou — Estou empolgada porque eu gosto muito de vocês dois juntos, muito mesmo.
— Percebi. — disse com o cenho franzido, ainda sem entender o porquê ela estava tão feliz por aquilo.
Eu não fiquei muito mais tempo com Fiona e Evan, eu e minha irmã fomos para a sala após outra das nossas mini discussões por conta da mala dela, mas eu finalmente desisti de tentar ajudá-la já que ela não queria levar nada para mais. Ficamos conversando um tempo com Evan antes eu saísse para encontrar com Greg, obviamente eles fizeram suas piadinhas, mas ambos pareciam estar realmente contentes com o fato de que nós dois estávamos vivendo com duas pessoas civilizadas. E de verdade, ficar "em paz" com Raymond era realmente melhor, eu não resistia a uma briguinha com ele às vezes, mas estávamos atingindo um patamar insuportável.
Quando cheguei ao Boston Common, parei o carro no estacionamento do parque e fiquei para fora do automóvel esperando Greg aparecer. Aparentemente, ele havia chegado antes de mim, mas ele estava com cara de quem havia sido parado por torcedores para autógrafos e fotos.
— Como é caminhar com todo mundo te encarando porque você está acompanhada por mim? — Greg perguntou-me, tomando um gole do café que nós havíamos comprado.
— Digamos que faziam isso na faculdade com frequência. — ri — Afinal, você sempre foi o Raymond, só está mais famoso e ganhando melhor agora.
— O que você quer dizer com isso, senhorita Parker? — perguntou com uma das sobrancelhas arqueadas.
— Você sempre foi o mesmo cara, Greg. Festeiro, bom jogador, alto, forte e bonito, todo mundo sempre olhou para você e para quem te acompanhava. — rolei os olhos.
— Quantos elogios, Marjorie, que bicho te mordeu esses últimos dias para você não estar comprando briga comigo? — Greg sempre tinha que estragar falando alguma coisa que me irritava.
— Posso ir embora agora mesmo se você quiser, Raymond. — disse séria, o encarando — Você sabe que nós estamos sempre em pé de guerra, não é difícil arrumar mais um motivo para isso. — ri.
— Nós não conseguimos mesmo nos estabilizarmos, não é? — abriu um pequeno sorriso e em seguida segurou minha mão, atraindo ainda mais olhares para nós dois. Talvez quando eu chegasse em casa teria que ler duas ou três matérias sobre essa nossa aparição em público e obviamente ter que engolir o fato de que algumas pessoas diriam que eu era uma "vadia" por estar saindo com Greg Raymond, jogador do Patriots, e provavelmente o melhor tight end* da liga — Até a Fiona e o Evan conseguiram, o que será que tem de errado com nós dois?
— Nós costumávamos dar certo, Greg. — disse isso com certa mágoa na voz — Pelo menos na faculdade, sim.
— Até que nós terminamos. — completou.
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Especial AM+NBHD
Short StoryO amor tem muitas faces; verdadeiro, impuro, platônico, doentio, e o proibido. Existem muitos outros tipos, mas não importa qual de fato seja, todos eles machucam. Teraser: https://www.youtube.com/watch?v=cgtDZLt4EjE