Sinopse: "— Poderia, por favor, tirar essa balaclava? — ele apontou para o meu rosto de modo impaciente. Isso era o mais perto de implorar que Oswald chegaria. E eu sabia disso.
— Sinto muito, querido, mas eu prefiro mantê-la.
Abri um sorriso divertido e o beijei. Ele ficou surpreso. Muito surpreso.
— Quem é você? — perguntou com ênfase.
— Sou só uma garota em uma balaclava."
Gênero: Drama
Categoria: Gotham
Classificação: +16
Status: Finalizada.
Observações: Inspirada nas músicas Balaclava, do Arctic Monkeys, Lurk, do The Neighbourhood.*Gotham Streets #1*
I want to be honest. I want to be bad.
(...) You wish I was yours and I hope that you're mine.Departamento de Polícia de Gotham City. Quinta-feira, 18:09.
Por que era sempre eu quem tinha que vir no departamento de polícia para liberar esses caras? Aliás, por que eles acabavam presos? Eles deviam se cuidar mais. Quando você está no mundo do crime, tem que aprender a não ir para atrás das grades o tempo todo. Don Falcone e Don Maroni têm seus acordos com a polícia, mas isso não significa que seus subordinados precisem estar aqui o tempo todo. Alguém sempre tinha que vir até aqui e intervir, fazer a negociação, falar pelo chefão e soltar o cara. Eu não costumava ser a pessoa chamada para intermediar essas coisas, mas hoje resolveram me mandar — assim como nas últimas quatro vezes.
— Você deveria ser mais cuidadoso — revirei os olhos.
— Tanto faz — falou, indo em direção à saída.
Eu já nem me chateava mais com esses caras. Amadores! Sempre vão presos e, ainda por cima, são mal agradecidos. Esse tipo de comportamento me fazia pensar em procurar novos parceiros. Precisava encontrar alguém que fosse bom em matar e cumprir tarefas; Alguém que fosse inteligente como eu era, que encontrasse modos de ludibriar a todos e subir de posição — junto comigo, é claro, de outro modo, teria que matá-lo.
— O que você está fazendo? — um homem apareceu em minha frente, fazendo-me parar.
— Detetive Gordon, eu ouvi falar de você — fui direta. — Você é novo por aqui.
— Ouvi falar de você, também — continuou me encarando.
— Ouviu, é? — abri um sorriso. — Aposto que só coisas boas.
— Você é uma criminosa, anda nas sombras — disse. — Meu trabalho é prender pessoas como você.
— Sinto muito, Jim, mas você não tem nada para me manter aqui nesse exato momento — ri, desviando dele. — Você nunca vai me ver atrás daquelas grades.
— Isso nós veremos! — disse em alto e bom som enquanto eu seguia meu caminho até a saída.
— E aí, Harvey — cumprimentei Harvey Bullock, sorrindo.
Pude vê-lo responder meu cumprimento com um aceno de cabeça antes que eu saísse de vez daquele lugar. Harvey era um cara legal e, apesar de ser um policial, eu me dava incrivelmente bem com ele.Mooney's Night Club. Quinta-feira, 19:32.
— Você é linda — comentou, assim que nosso assunto terminou. — Não deveria manter seu rosto coberto.
— É a minha marca registrada, gosto assim — sorri, levantando. — Quero o que você me deve, Fish. E amanhã, às oito da noite, venho pegar o que é meu.
— Estarei esperando você, garota — Fish disse, atenta, esperando a minha reação.
Apenas virei as costas e andei lentamente até a saída do clube. Ela me chamava de "garota" mesmo que eu não fosse muitos anos mais nova que ela. Fish Mooney era uma mulher muito intimidadora, mas aquilo não funcionava comigo. Não mais. E eu tinha certeza que ela não gostava nem um pouco disso.Beco nos fundos do Mooney's Night Club. Quinta-feira, 19:35.
Gotham City era sombria, mas eu gostava disso. Sentia-me incrivelmente bem andando por suas ruas. Gotham era a minha cidade e ela precisava de mim. Eu precisava tomar o meu lugar aqui. Não podia ir embora outra vez. Acendi o cigarro e dei uma tragada. Só então, segui meu caminho. Algo me chamou atenção, ou melhor, alguém. Era Oswald Cobblepot. Eu o conhecia. Ele me observava com um olhar perspicaz. Interessante. Sorri torto. Joguei o cigarro no chão e usei meu sapato para o apagar.
— O que está fazendo aqui sozinho, garoto do guarda-chuva? — questionei, o vendo fazer uma careta mínima logo em seguida.
Caminhei na direção dele. Ele veio de encontro a mim, caminhando de um modo desajeitado e usando o guarda-chuva como uma bengala. Eu o reconheceria em qualquer lugar.
— Por que veio até mim? — perguntou de volta. Ele sabia que eu viria.
— Eu vi o modo como você estava me olhando — disse simplesmente. — Você queria que eu viesse até aqui.
— Para quem você trabalha? — foi direto.
— Para mim mesma — respondi.
Era a verdade, mas não inteiramente. Eu respondia a alguém, é claro. Porém, eu fazia as coisas pensando em mim mesma.
— Não acho que isso seja uma verdade absoluta — sorri ao ouvir aquilo. Sempre tão inteligente. — Você responde a alguém, só não deixa seus interesses próprios de lado.
— Você está certo.
— Vi você falando com a Fish — cuspiu aquele nome. — Você é estúpida se acha que ela vai estar aqui esperando você com o seu dinheiro como disse que estaria.
— Você está certo outra vez — falei. — Mas eu não sou estúpida.
— Não pensei que fosse — arqueei a sobrancelha. — O que você está planejando?
— Tenho certeza que Fish não estará aqui, mas sei que ela vai deixar alguns capangas aqui, talvez para me matar.
— E você vai vir do mesmo jeito?
— Surpresa! — ri. — Vou fazer uma surpresa. Chegarei mais cedo. Não estarão esperando por mim.
— Por que está me contando isso? Você sabe, eu trabalho para Fish.
— Porque você não vai contar à ela.
— E por que você acha que não vou falar nada? — questionou-me outra vez.
— Porque você tem interesse próprio — o encarei. — E porque você é muito inteligente para fazer algo do tipo.
— Isso não soou como uma ameaça — ele disse.
— E nem era para soar como uma, Pinguim.
— Não me chame disso — grunhiu.
— As coisas que as pessoas dizem apenas para ofender você não deveriam te atingir, garoto do guarda-chuva — ele cerrou os olhos. — Viu? Você é o cara com o guarda-chuva, o modo como você anda lembra um pinguim. Pessoas vão usar isso para te ofender o tempo todo. Você tem que aprender a não deixar essas palavras te afetarem.
— Você vem até aqui e fica despejando conselhos que eu não pedi — observou. — Mas não mostra seu rosto.
— Não esqueça que você queria que eu viesse até aqui — o fitei. — Meu rosto não é importante.
— Se Fish conhece o seu rosto, que diferença vai fazer se eu conhecer, também? — Oswald perguntou retoricamente. — Não foi você que disse que eu sou só o garoto do guarda-chuva?
— Sim, eu disse — ri, de lado, e me aproximei. — Mas nós dois sabemos que você não é só isso.
— Poderia, por favor, tirar essa balaclava? — ele apontou para o meu rosto de modo impaciente. Isso era o mais perto de implorar que Oswald chegaria. E eu sabia disso.
— Sinto muito, querido, mas eu prefiro mantê-la.
Abri um sorriso divertido e, logo em seguida, selei nossos lábios, o beijando. Ele ficou surpreso. Extremamente surpreso.
— Quem é você? — perguntou enfaticamente.
— Sou só uma garota em uma balaclava.
Virei as costas e fui embora, ainda com um sorriso preso em meus lábios.
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Especial AM+NBHD
Short StoryO amor tem muitas faces; verdadeiro, impuro, platônico, doentio, e o proibido. Existem muitos outros tipos, mas não importa qual de fato seja, todos eles machucam. Teraser: https://www.youtube.com/watch?v=cgtDZLt4EjE