Lição Três

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- Pessoal, quero apresentar a vocês uma nova colega: essa é a Susie Kingsley.

- Olá - Susie sorriu e encolheu os ombros, encarando as outras crianças.

Todas fizeram um coro um tanto quanto desordenado para cumprimentá-la.

- Então, é o seguinte: como a Susie é nova, ela vai precisar que vocês sejam especialmente gentis com ela, certo? Posso contar com vocês para isso?

- Sim! - as crianças gritaram mais uma vez em coro.

- E o que podemos fazer para ser gentis com ela? Fazer com que ela se sinta à vontade e se divirta. Ajudá-la com as tarefas e com as regrinhas que ela não conhece ainda... Mais o que?

- Dividir - disse uma das crianças.

- Isso mesmo! Dividir é muito importante. Mais o que?

- Dizer que o cabelo dela é muito bonito - disse uma menininha.

Ray sorriu e acariciou o cabelo longo, castanho e cacheado de Susie.

- Sim. E é verdade, mesmo. Seu cabelo é lindo, Susie.

Susie sorriu, contente.

- Obrigada.

- Mais o que, crianças?

- Deixar ela sentar perto do professor sem brigar.

Ray riu.

- Isso é muito gentil, sim.

- Professor Ray - um garotinho levantou a mão. E depois abaixou a voz como se fosse contar um segredo: - Quem são aquelas pessoas?

Ray olhou para Jack e Mia, que estavam sentados um tanto afastados dele e das crianças que formavam um círculo, sentados no chão.

- Ah, que cabeça a minha! Esqueci de apresentá-los a vocês, desculpe. Crianças, esses são Jack e Mia Kingsley. São os tios da Susie e vieram hoje para conhecer nossa sala e apoiá-la no primeiro dia. Digam olá para eles.

Mais uma confusão de vozes em coro. Ray sorriu satisfeito.

- Certo, agora vamos começar.

****

- A gente precisa mesmo ficar? Quero dizer, isso tudo é uma gracinha, mas acho que não somos mais necessários aqui - Mia disse baixinho para Jack.

Jack nem olhou para ela.

- Eu quero ficar até o fim.

- Você vai ficar entediado.

- Não importa. É meu dever. Mas tudo bem se você quiser ir embora.

Mia ponderou. Os dois estavam ali não havia muito tempo, era verdade. Ray tinha feito algumas perguntas para as crianças na rodinha, pedido para que um por um se apresentasse à Susie e até mesmo pediu que Susie falasse qualquer coisa que quisesse para seus novos colegas. Ela começou a contar uma história que ficava muito confusa conforme ela ia falando, como se ela ficasse distraída e perdida no próprio discurso. Era típico dela e deixava Mia nervosa e angustiada. Mas Ray não a interrompeu, deixou que ela continuasse aquela coisa sem sentido até o final. Depois Ray começou a falar sobre os dias da semana, sobre o tempo lá fora e aí vieram as musiquinhas. Naquele momento eles ainda estavam cantando alguma música boba sobre os dias da semana. Susie tentava acompanhar as músicas, mas parecia estar se divertindo. Por mais que aquilo fosse bonitinho e ela tinha que admitir que o jeito como Ray trabalhava era uma das coisas mais fofas que já tivesse visto, ela sabia que não ia aguentar um dia inteiro daquilo. Muito menos Jack. Ele não tinha lá muito jeito com crianças apesar de amar a sobrinha e adorar pegá-la no colo e andar com ela pela casa sentada nos seus ombros. Mais importante, no entanto, era que Susie parecia nem se lembrar da presença deles ali. Ela estava perfeitamente bem e enturmada. Ray tinha as mãos perfeitas para que eles a entregassem a ele. Os instintos de Jack estavam certos, como sempre. Não havia motivos para eles continuarem ali. Os dois tinham mil coisas importantes para fazer; Jack estava perdendo um precioso dia na empresa e ele não era de fazer esse tipo de extravagância quando era sobre seu trabalho. No entanto, ele parecia obstinado a ficar. Mas Mia ainda apostava que ele não ia aguentar mais uma hora ali.

Jardim de Infância [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora