Keith perdeu o horário de almoço naquele dia.
Um cliente particularmente irritado tomou todo seu tempo entre meio dia e uma da tarde, repetindo de novo e de novo como ele simplesmente não entendia o que tinha de errado com seu carro e reclamando sobre como ele havia engasgado do nada e lhe rendido um desconto no salário e uma dura de seu chefe.
(No final, não passava de um cano entupido e maus cuidados. Provavelmente era a primeira revisão em dois anos, então Keith não poderia exatamente culpar a máquina.)
Não era como se Kogane não tivesse empatia, mas ele simplesmente não dava a mínima sobre os problemas dos clientes. Ele só queria mexer com graxa o dia todo e ganhar dinheiro com isso.
Acompanhou com o canto do olho seu celular notificando novas mensagens sobre a mesa de trabalho, enquanto ouvia o cliente reclamar. Seria muita falta de respeito pedir um segundo para responder?
Seria. No fim, ouviu toda a reclamação – e ainda perdeu sua hora para comer algo que não fosse miojo passado.
Não era à toa que seu humor no fim do dia estava péssimo. Tanto, que não se importou em checar logo as mensagens que recebera mais cedo – meteu o celular no bolso traseiro e o capacete na cabeça, se despediu do chefe e mais dois colegas, e fez o caminho para algum drive-thru aberto 24h.
-Boa noite, aqui é Rolo e bem-vindo ao Galra Lanches. O que vai pedir?
Essa fora a voz no alto-falante. Keith levantou o visor do capacete e se curvou em direção ao microfone, fazendo um pedido bem avantajado – não era sempre que se dava ao luxo de comer fora, mais porque o salário de um mecânico adolescente em tempo integral, honestamente, mal dava para pagar as contas.
Pegou seu lanche na janela de saída, e dirigiu até o estacionamento para uma refeição de rei.
Apoiando tudo no tanque da moto, tomou um gole de coca pelo canudo enquanto tirava o celular do bolso do jeans e desbloqueava a tela.
Como esperado, recebera uma corrente de mensagens de Pidge ao meio-dia. Mas a novidade era o número desconhecido que acabara de lhe contatar.
Keith mordeu o lábio inferior, o coração disparando. Oh. Certo. Era o garoto que Hunk lhe falara sobre.
Fazia sentido, seu dia letivo provavelmente já havia terminado. E ele, obviamente, se esquecera de se preparar emocionalmente durante o dia.
Ignorou completamente a mensagem de Pidge para responder o desconhecido, não conseguindo deixar de encarar confuso seu nome no app que basicamente todo mundo naquele estado usava para se comunicar.
Captain Frijoles [18:15]: Opa, iai
Captain Frijoles [18:15]: Hunk me deu seu numero
Captain Frijoles [18:18]: Mandei mensagem em ma hora?
S4D_B0Y_2001 [18:23]: Oi. Desculpe a demora, estava na estrada.
Captain Frijoles [18:23]: Td bem!
Keith teve um pequeno sobressalto com a visualização instantânea. Terminou sua bebida e jogou-a em direção à lixeira, errando por alguns centímetros.
S4D_B0Y_2001 [18:23]: Você respondeu bem rápido.
Captain Frijoles [18:23]: Eu nao tenho muita coisa p fazer haha ;)
Keith ergueu uma sobrancelha. Não era o tipo de frase que ele completaria com um emoji confiante, como se estivesse contando alguma vantagem...mas, bem, não iria julgar.
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Waves
ФанфикKeith teme o oceano. Lance não teme nada. Contatos indiretos que resultam em encontros bem diretos, que se afloram em sentimentos retos por linhas tortas. Por quanto tempo Keith aguenta até se apaixonar mais uma vez? [Long fic] [Klance] [Surfer AU]