Nostalgia

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(DISCLAIMER: o último capítulo, Aquarium, foi deletado por motivos pessoais. os acontecimentos de Aquarium devem ser desconsiderados e não estão de acordo com o canon desta fanfic. para presseguir, tenha em mente que as próximas situações tomam lugar diretamente após Give Yourself a Try. obrigado pela compreensão)


Keith não esperava voluntariamente lembrar-se dos acontecimentos da noite passada, o que não impedia que algo o lembrasse.

Por mais que o álcool houvesse cumprido seu papel, as memórias estavam muito bem registradas em fotos, mais especificamente, no rolo da câmera do celular de Lance.

Keith foi acordado pela vibração insistente da maquininha ao lado de seu rosto, e a eminência de um acidente (que talvez envolvesse o aparelho entrando em contato direto com a parede de seu quarto) foi o bastante para acordá-lo, quando abriu os olhos e percebeu que o celular vibrava em sua mão direita, fechada em punho e erguida no ar, preparando um lance digno das Olimpíadas.

Grunhiu e deixou o braço cair sobre a cama macia, embora seu travesseiro lhe parecesse feio de concreto – Droga, o que tinha acontecido com sua cabeça?

Keith virou-se na cama e choramingou de dor, reconhecendo a amargura de uma ressaca. Mantendo os olhos fechados e torcendo por mais algumas horas antes que o sol o forçasse a levantar da cama, desbloqueou a tela do celular, constatando que a vibração não era, portanto, de uma chamada.

Surpreendeu-se ao verificar que recebera mais de vinte mensagens na última meia hora.

Em qualquer situação em condições normais de temperatura e pressão, Keith teria bloqueado o sujeito e voltado a dormir – mas as mensagens eram de Lance. Isso já era suficiente para seu subconsciente instantânea e estupidamente abrir o chat, visualizando a corrente, e agora não tinha mais para onde fugir.

Keith demorou dois, talvez três segundos para entender o que estava acontecendo. E quando entendeu, o rubor discretamente espalhando-se por suas faces acordou-o de qualquer jeito.

A longa sequência de mensagens era composta de não textos, mas imagens, mais especificamente, fotos da noite passada. Fotos dele. Fotos de Lance. Fotos dele e de Lance.

Rangeu os dentes, sentindo a dor de cabeça cutucar a vergonha alheia – que se tornava mais insuportável por ser um embaraço alheio de si mesmo, mas um si mesmo de doze horas atrás. De quem, afinal, havia sido a brilhante ideia de tirar aquelas fotos?

(Certificou-se, então, que ele mesmo segurava o celular na maior parte das fotos. Certo. Nota para si mesmo: nunca mais beber.)

Não havia nada particularmente incriminatório quanto ao conteúdo das fotos, no entanto – salvo uma ou duas imagens que exibiam um Keith risonho e embriagado recebendo um beijo na bochecha de um Lance igualmente ruborizado, a esmagadora maioria das fotos que os dois haviam tirado na noite passada continha o intuito de perturbar a noite do colega de quarto de Lance. Fotos dos dois fazendo caretas em direção à câmera, imitando os trejeitos um do outro, virando copos de cerveja, segurando microfones, rindo ao pegar o outro de surpresa...nada particularmente incriminatório, de fato.

Keith não se viu, então, tentado a apagar nenhuma das fotos. Se limitou a rolar a tela até o final das mensagens, que terminavam com um texto de "Bom dia. Minha cabeça está me matando. E quanto a você?". O coreano sorriu, e, antes mesmo que respondesse, foi surpreendido por mais uma foto saltando do canto inferior da tela, tendo sido enviada na mesma hora que ele abrira a conversa.

Era uma foto de Lance, apenas Lance. Provavelmente tirada entre as cobertas em seu dormitório, trazia um latino acabado, desalinhado, com olheiras escuras que contrastavam com sua pele beijada pelo sol – e, ainda assim, um sorriso bobo nos lábios. Deus, Keith queria beijar aqueles lábios.

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