Capitulo 5
André apagou o cigarro na calçada, levantou do meio fio e entrou no carro de Renato. Renato aproximou o rosto para um beijo na bochecha, André deu um selinho demorado em Renato. Renato se afastou e corou, apertou as mãos no volante. André se arrependeu, não queria um clima ruim entre eles, mas ao mesmo tempo estava ficando louco pensando no homem que o atropelara, poucas vezes na vida já tinha se sentindo assim por um cara, talvez só o relacionamento complicado que teve com Rafael se igualasse nessa intensidade.
Renato apertou os olhos, estava assustado, mas já tinha ficado tempo demais assustado, André era diferente, era bonito ao seu próprio estilo, tinha uma barba e era sexy, e não parecia mal, até o ponto que se pode dizer que alguém é má só de olhar para alguém, e acima de tudo, Renato queria beija-lo, já fazia tempo demais que ele não queria beijar ninguém, era bom se sentir assim, atraído.
Então Renato tirou as mãos do volante e olhou para André, ele olhava para frente e parecia envergonhado, Renato passou as mãos pelo rosto barbado do motoqueiro e o puxou para próximo de si, eles se olharam, eles se beijaram.
O beijo foi fogo.
Renato não beijava há muito tempo, ainda conhecia bem a sensação de beijar, a boca sabia para onde ir, a língua sabia o que procurar, onde se meter, onde recuar.
André era voraz, colocou as suas mãos, uma de cada lado do rosto, os dedos entrando entre os cabelos, descabelando Renato, o puxando para si. André estava surpreso e feliz que Renato tivesse iniciado o beijo. André descobriu que adorava beijar Renato.
Renato era aflito, carente em seu beijo, combinava com a urgência que André imprimia. Renato experimentou entrelaçar as mãos nos cabelos longos de André e adorou a sensação, o peito de Renato batia forte. Renato descobria que também adorava beijar André.
Eles se beijaram por alguns minutos, ou talvez por horas, eles não pararam, não avançaram o sinal, nenhum tentou avançar no outro, nenhum toque intimo aconteceu, só a mais pura intimidade que um beijo pode proporcionar. Mãos nos cabelos, lábios nos lábios, língua na língua, desejo na carne. Fogo. Renato e André se beijavam.
O beijo acabou simples como começou, eles se afastaram, André voltou as mãos para o volante, André prendeu o cinto e sorriu. Renato achava que André tinha gosto de cigarro mentolado. André achava que Renato tinha gosto de chiclete de menta. Renato estava feliz por ter beijado André, um pouco assustado, mas feliz. André estava feliz por ter beijado Renato, somente feliz. André sorria.
—Foi só um beijo – Renato se olhou no retrovisor, seu cabelo estava uma bagunça.
—Tudo bem, quando você quiser mais só beijos... – Renato sorriu com a indireta, ele se imaginava querendo mais beijos.
Renato fez o possível para arrumar os cabelos, André sintonizou a radio e digitou o endereço da mecânica no GPS. Renato dirigiu em silencio durante o caminho, de vez em quando André roçava os dedos nos de Renato no cambio, Renato sorria e temia por dentro.
A sensação da caçada, de ficar com alguém, de querer outro corpo, Renato estava desacostumado a isso, e gostava, para ser sincero consigo mesmo, ele queria beijar mais André.
Chegaram a mecânica do Heitor. André saiu do carro e entrou, Renato saiu e ficou em pé encostado no automóvel, André voltou.
—Isabela não esta pronta.
—Vai demorar?
—Não.
—Mais quanto tempo?
—Umas duas horas, a pintura tá secando.
André prensou Renato contra o carro, colocou as mãos na cintura do homem e lhe deu um selinho, Renato sorriu, e cruzou as mãos nas costas de André e retribui.
Mais um beijo quente. Brutal. Carente. Renato não achava que era educado se beijar assim na rua. André realmente não ligava para isso.
André afastou as bocas e mordiscou a orelha de Renato. Renato gostou da sensação mais do que achou que deveria gostar, gostou de saber que ainda tinha sensibilidade na orelha.
—Sabe o que da pra fazer em duas horas?
Renato sabia. Mas não queria. Não ainda. Não com André. Não com o André. Não agora com o André. Por que ele estava sugerindo isso?
André fez de proposito, sabia o que a frase sugeria, queria analisar Renato. André ainda não sabia o que ele queria com Renato. Ele queria sexo, com certeza queria sexo, mas talvez quisesse mais do que isso, ele ainda não sabia. Ele soltou uma pergunta, para dar uma resposta dependendo da reação de Renato. Renato ficou tenso, André já sabia que resposta dar.
— O que? – Perguntou Renato.
—Comer, eu estou faminto. – André riu e relaxou nos braços de André. Ele teve medo que o outro falasse sobre sexo, sobre uma rapidinha em um motel qualquer. Renato não estava pronto para transar com André. Renato não estava pronto para transar com ninguém. Mas comer? Renato estava sempre pronto para comer.
—Eu adoraria fazer um lanchinho.
André beijou Renato mais um pouco, Renato trancou o carro e os dois caminharam lado a lado. Renato sugeriu uma barraca de hot-dog. André não esperava que Renato comesse hot-dog de barraca ou pastel de feira. Renato era uma caixinha de surpresas.
Renato e André comeram 3 dogs cada um, e tomaram muitos refrigerantes. Renato descobriu sobre a banda, o trabalho e Isabela, a moto de André. André ouviu Renato falar apaixonado sobre advogar. Os dois conversaram e se beijaram, o beijo tinha gosto de molho de tomate e foi ótimo.
André convidou Renato para jantar. Renato escolheria o restaurante, André o pegaria na sexta as oito. Eles trocaram telefone.
Após duas horas Isabela estava pronta. Renato pagou o conserto. André beijou Renato. Eles se despediram.
—Até sexta, Renato.
—Até sexta, André.
André montou Isabela e foi embora.
Renato ligou o carro e torceu para que Renato chegasse bem.
André estava ansioso com o encontro. Achava Renato um homem muito atraente, e gostava que ele comesse bem, e era bom beija-lo.
Renato estava ansioso para o encontro. Sair com um homem, um homem como André, sexy de um modo exótico, divertido, comia bem, e tinha um ótimo beijo.
Renato e André.
André e Renato.
Eles irão viver uma linda história de amor, esta história mal começou, ainda existem muitos casos e acasos que colorem toda história de amor, inclusive essa. Mas André teve uma boa semana pensando em Renato.
Renato também.
Continua...
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Renato e André - Uma história de amor
RomanceRenato e André. André e Renato. Renato não parece nada com André. André também não se parece nada com Renato. Renato é uma pessoa centrada no seu trabalho e vive para faze-lo bem. André gosta de trabalhar, mas não é tudo em sua vida. André gosta d...