Eu não sabia desse lado agressivo do Jason, até vê-lo socar o rosto de um cara duas vezes mais forte que ele.
Ficamos esperando do lado de fora da diretoria, sentindo o sangue ferver em nossas veias e, quando os três atletas saíram, Jason não esperou muito e literalmente pulou em cima de um deles, enchendo o rosto do cara de murro.
- SEU DESGRAÇADO! SEU MERDINHA. TODO MUNDO SABE QUE VOCÊ BATEU NELE PRA DISFARÇAR QUE NA VERDADE VOCÊ QUER SAIR DO ARMÁRIO - ele gritou esganiçadamente. Eu não soube o que fazer, então a única coisa que consegui pensar foi tentar impedir que os outros caras batessem no Jason.
O diretor abriu a porta e pulou em cima do Jason para afasta-lo do atleta ensanguentado.
- Sr. Odonell, se contenha! - gritou o diretor, esganiçado. Jason continuava a bater no cara quase desacordado. - Pare, pare! Vocês três, me ajudem aqui!
Ajudamos o diretor a afastar Jason.
- Eu quero a mesma punição que eles - Jason disse, respirando com dificuldade, assim que se pôs de pé. - não importa qual seja, eu quero a mesma que eles.
- Você está ciente de que a agressão sofrida pelo Micheal foi bem mais severa que a do Sr.Johnson? Jason, você será expulso.
Jason riu.
- Ah, então tudo bem três caras espancarem um garoto no vestiário apenas por ele ser gay. Mas um cara não pode defender o amigo, batendo no babaca que o machucou. É isso mesmo que você quer dizer? Tudo bem, me expulse. Mas todos os jornais dessa cidade, E DO MUNDO, saberão que esse Colégio compactuou com um ato homofóbico! - Jason falava, cuspia e berrava.
O diretor pareceu ficar com bastante raiva, pois ficou vermelho na mesma hora.
- Você está me ameaçando, Sr. Odonell?
- Estou. Apenas me dê a mesma punição que você deu à esses imbecis...
- Contenha seu linguajar!
- Desculpe. Eu quis dizer, à esses senhores desprovidos de cérebros e com excesso de músculo.
O diretor comprimiu os lábios.
- Levem esse garoto à enfermaria, seus idiotas! - vociferou, nervoso, aos outros dois atletas, que observavam à discussão parados, enquanto o amigo se contorcia de dor no chão. - tudo bem. Você não será expulso. Levará duas advertências e uma semana de detenção.
- Ótimo. Agora posso ir ver meu amigo?
- Suma da minha frente. E vá fazer um curativo nessas mãos!
As mãos de Jason sangravam por conta da força com que ele havia batido no garoto.
Apesar de ser contra a violência, eu senti orgulho do Jason por ter enfrentado aquele cara sem medo. Anos mais tarde, eu descobri que Jason na verdade estava morrendo de medo, mas isso não o impediu de dar uma lição naquele cara.
- Ei, cara, foi mal não ter entrado na briga com você. Eu meio que sou contra isso.
- Tudo bem. Pelo menos você não tentou me tirar de cima dele.
- Mas... o que foi aquele ódio todo?
- Não quero falar sobre isso agora, beleza?
- Claro.
Chegamos à enfermaria e encontramos Bruno pior do que eu poderia imaginar. Ele tinha um pulso quebrado e um olho roxo.
- E aí, cara - Jason falou, se aproximando de Bruno, que olhava para o teto com os olhos abertos e, quando nos viu, virou a cabeça para o lado.
- Eu não quero a pena de vocês - disse, com bastante rancor na voz.
- Não viemos aqui por pena. Viemos te contar o que acabou de acontecer - falou Jason, mostrando as mãos que sangravam.
- Que foi isso?
- Demos um jeito naqueles caras. Bom, pelo menos em um deles.
Bruno arqueou as sobrancelhas e me olhou.
- Você também?
- Bem...
- Ele estava lá, segurando aqueles caras, enquanto eu batia em um deles... você precisava ver.
Bruno deu um sorriso tímido.
- Não precisava ter feito isso.
- Claro que precisava! Ele por acaso tá achando que isso aqui é Glee?
Eu ri, mesmo não tendo pegado a referência. Fiz uma anotação mental de perguntar depois.
- Eu sabia que seria assim... é sempre assim - falou Bruno, diminuindo o tom de voz.
- Não ligue pra eles... Não ligue para o que as pessoas dizem. A maioria delas são infelizes por esconder quem realmente são.
Eu bem que gostaria de ter algo legal para dizer, mas nada me veio à mente, então permaneci calado.
- Agora eu acho melhor fazer um curativo, antes que eu perca os dedos.
Jason saiu e eu me aproximei mais do Bruno.
- Ele é mais legal do que eu pensei - disse.
Bruno concordou e fez uma careta de dor.
- Vocês dois são, na verdade. Obrigado por me apoiarem.
- Eu não matei aquela virgem à toa. Temos que apoiar uns aos outros, senão ninguém vai.
Ele riu e fez outra careta.
- Realmente. Não foi fácil achar aquela virgem.
Eu ri.
Era muito bom ter alguém para rir.
(Que fique claro que nós nunca matamos nenhuma virgem e nem precisamos passar por nenhum ritual)
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Juntos contra o mundo - a história de Joseph.
Teen FictionNo último dia de verão, Joseph planeja pedir a namorada em casamento mas, ao chegar ao apartamento dela, descobre que ela está o traindo. E, para seu azar, semanas antes eles haviam se matriculado num colégio interno em outra cidade. Agora, além de...