07.

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Em meu quinto dia no CINH, fui acordado de um jeito bastante irritante.
Como algum tipo de gangue para idiotas, Jason e Bruno resolveram que seria uma maravilhosa ideia me acordar com uma surra de travesseiros. E foi isso o que eles fizeram.
- Quantos anos vocês têm? Sete? - perguntei, cheio de mau humor, enquanto sentava na cama e os observava gargalhar.
- Vão procurar o que fazer - peguei minhas roupas e sai.
- Iiih, olha só quem ficou chateadinho - falou Bruno, recuperando o fôlego.
Já sozinho, dentro do banheiro, eu ri.

Tomei uma ducha rápida e voltei ao quarto, onde encontrei Jason terminando de enfiar dois livros na mochila e passar correndo por mim.
- Não vai tomar café? - perguntei.
- Esqueci de resolver as questões de biologia.. preciso correr na biblioteca.
Olhei para o outro lado do corredor e vi Bruno trocando de roupa. Me aproximei e notei o colega de quarto do Bruno dormindo.
- Ele vai se atrasar - disse, apontando.
- Ei, Patrick, acorda - "agora eu já sei quem é o Patrick".
- Hum? Que horas são? - ele indagou, sonolento.
- Sete e meia e eu estou indo tomar café. Tchau.
Quando íamos saindo do prédio, a garota de cabelo laranja vinha na nossa direção, ao lado de outra garota séria. Deduzi que fosse a tal Ohane.
- Oi Bruno - cumprimentou a garota de cabelo laranja.
- Hey, Blue! Como vai? - "Blue? Que nome legal.  Mas faria mais sentido se ela se chamasse Orange" (Laranja em inglês).
- Você viu o Patrick? - ela perguntou, ainda olhando para ele. Cruzei os braços e ela nem se incomodou em me olhar.
- Ele ainda está lá em cima, dormindo.
- Ele vai se atrasar - disse Ohane. - vamos logo - e aí ela puxou a Blue em direção ao prédio.
- Como você a conhece? - quis saber quando retornamos a andar.
- Ela é amiga do meu colega de quarto e... bom, ela fala bastante e ri bastante alto também.
- É, eu meio que já percebi isso.
- Não pareceu que vocês se conhecem.
- A gente não se conhece. Quer dizer, nos falamos umas duas vezes. Nada demais.
Chegamos ao refeitório. Seguramos nossas bandejas e entramos na fila. Jason se juntou a nós logo em seguida.
- Aquela mesa tem só uma garota, podemos sentar ali - apontou Bruno.
Virei para ver a mesa e vi que a garota solitária era a Zoey. E ela me viu na mesma hora. Tentei disfarçar, mas era tarde demais.
- Não, ali não - e pelo canto dos olhos eu pude vê-la acenar.
- Por que não?
- Aquela é a ex dele - disse Jason.
- Ela é gostosa - falou Bruno.
Olhei para ele na mesma hora.
- Achei que você fosse gay.
- Você é gay?! - perguntou Jason, aumentando a voz.
- Um gay não pode falar que outra garota é gostosa? - ele virou para Jason. - sim, eu sou.
- É porque eu não saio por aí falando que tal cara é gostoso.
- Você não parece gay - disse Jason.
Eu e Bruno olhamos para ele.
- Como você esperava que eu fosse? Fã da Lady Gaga e andasse por aí desfilando em cima de um salto alto?
- Olha, até eu que não sou gay, sei que isso foi um estereótipo dos grandes - comentei.
- Ah, sei lá, você só não parece. E eu não tenho nenhum problema com isso.
- Maaaas...? - Bruno praticamente fuzilava Jason com os olhos. - você só não quer que eu dê em cima de você, é isso?
- Mas? Eu não disse nenhum mas. Joseph, você ouviu eu dizendo algum mas? - balancei a cabeça negativamente. - cara, relaxa. Eu não sei por onde você andou, ou pelo quê você passou, mas eu não sou esse tipo de pessoa, beleza?
- Que tipo de pessoa? - questionou ele.
- Babaca. E... eu me sentiria lisonjeado se você desse em cima de mim - Jason falou e riu. Bruno riu também e eu estava preparado para rir, quando ouvi alguém gritar meu nome.
Zoey.
Virei para ela e quase coloquei para fora o café que eu ainda nem tinha tomado. Zoey estava de pé num dos bancos e acenava para mim.
- Acho melhor a gente ir lá, antes que ela acenda uma fogueira e comece a mandar sinais de fumaça - ironizou Bruno.

 - Não precisam passar por isso, se não quiserem.

- Está brincando? Eu não perderia isso por nada - disse Bruno, passando na nossa frente.
- Nem se você acabasse de saber que o Brad Pitt está deitado, sem roupa, na sua cama? - perguntou Jason.
Bruno parou e virou.
- Certo, talvez nesse caso eu abrisse uma exceção.
E demos risada.
Mas meu sorriso murchou assim que nos aproximamos da mesa.
- Oi - falei, tentando tornar meu tom de voz o mais sério o possível.
- Oi, querido - ela falou.
- Ela te chamou de querido! - Bruno cochichou ao meu ouvido.
- É, eu ouvi... Não me chame de querido, Zoey.
- Por que?
- Você só pode estar brincando. Zoey, você me traiu. Isso é imperdoável. Acha mesmo que eu poderia te perdoar?
- Se é imperdoável... - murmurou Jason ao meu lado.
- Mas você me ama...
- Deixei de amar quando descobri que você foi uma vadia comigo.
- BOOM! Vadia! Bem na sua cara - gritou Bruno. Eu tomei um susto e Jason começou a rir descontroladamente.
- Ah, cala a boca - ela falou e saiu, deixando a bandeja para trás.
Nos sentamos e Jason ainda ria quando eu disse:
- Não precisava ter agido daquela forma, cara.
- Desculpe. O que ela fez?
- Não quero falar.
- É muito vergonhoso?
- Não que seja vergonhoso, mas...
- O chifre é dos pesados? - Jason perguntou, dando uma mordida em sua torrada.
Balancei a cabeça positivamente.
- Te entendo. Ano passado eu comecei a namorar com uma garota que tava na minha equipe na Feira de ciências do meu Colégio - Bruno tossiu ao mesmo tempo que dizia "nerd". Jason não deu a mínima e continuou: - e eu pensei que nós realmente tivéssemos alguma coisa, quando eu peguei ela ficando com nosso professor de física.
- Uau. Ela te trocou por um cara mais velho....
- Bem mais velho. Tão velho que a neta dele estudava na mesma sala que eu.
Bruno riu e eu disse:
- Isso faz meu chifre parecer o de um filhote de rinoceronte.

Juntos contra o mundo - a história de Joseph.Onde histórias criam vida. Descubra agora