A freira

TRÊS - Caitlyn

Estou no pátio do convento andando distraída quando alguém muito grande esbarra em mim. Nunca fui baixinha, mas essa mulher é sem dúvidas enorme.
Me viro enquanto peço desculpas e meu mundo para no mesmo momento.
Um belo homem, alto e forte e rosto bem traçado, cabelos lisos e loiros bem penteados pra trás. Com olhos claros, mas não são da mesma cor.
Suas roupas são despojadas, marcando seu corpo em alguns músculos. Realmente belo. Na época do colégio, nunca cheguei a ver algo assim. Fico completamente encantada.
- Sou Pâmela. Estou a procura de uma noviça. Será que você poderia me ajudar? O nome dela é Caitlyn. - A mulher alta fala me fazendo parar de olhar pro moço. Mas percebo que ele não tira seu olhar de mim nem se quer por um segundo enquanto respondo a moça.
- Eu sou a Caitlyn - minha voz sai quase num sussurro.
- Nossa, que sorte. Prazer em te conhecer. Onde eu posso guardar tudo isso. - ela solta de vez.
- Vem. Você vai dividir o quarto comigo. Vou te mostrar. Mas ele vai ter que ficar. - falo apontando pro homem loiro.
- Me espera só um pouquinho, tá? - Ela fala pra ele que assente sem tirar os olhos de mim. Abaixo a cabeça.
Não posso permitir isso. Eu fiz votos ao chegar aqui e tenho que cumpri-los rigorosamente. Não posso ficar mais tempo presa aqui por mal comportamento.
Dou as costas e Pâmela me acompanha até nosso quarto. Ajudo-a a pôr tudo perto de sua cama.
- Tenho que me despedir do meu irmão. - ela fala e confesso que sinto um alívio inexplicável ao saber que ele é seu irmão e não algo a mais. E isso é algo que eu não deveria sentir.
Levo-a de volta ao pátio e ela abraça o homem como se fosse a última coisa que ela faria na vida. Eles devem ser muito próximos.
Segurando ela por um braço forte, ele passa a mão livre no cabelo dela.
- Você tem certeza de que isso que quer? Sabe... Você pode ir morar comigo, fazer sua faculdade e trabalhar. - Ele fala e eu tremo ao ouvir sua voz rouca e baixa.
- Não venha com as tentações da sua vida sem vergonha. É isso mesmo que eu quero. - fico surpresa ao saber que ela veio por vontade própria. Claro que tem mais mulheres aqui que vieram por livre e espontânea vontade, mas aos 18 anos, viver assim... Não era o que eu queria há 4 anos.
- Quando quiser fugir é só me ligar.
- Não irei. Te amo, Phill.
- Também te amo, Pam. Virei te ver sempre que possível.
- Venha mesmo. Adeus.
- ATÉ LOGO! - ele a corrige. - Até mais... Caitlyn. - ele fala num sussurro. Consigo ver sua língua mexendo ao sibilar meu nome.
- Até mais, senhor. - falo e abaixo a cabeça. Ele gira nos calcanhares e sai.
Nossa. Solto um suspiro que nem sabia que estava segurando.
O que foi tudo isso?