UM - Caitlyn

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Hoje começa mais um dia normal, com tem sido nos últimos quatro anos.
Me levanto, tomo banho, penteio o cabelo todo pra trás, visto meu hábito,   a túnica lisa, a touca rígida e o escapulário em seguida.
Por fim, me olho no espelho pra conferir se está tudo no lugar, mesmo sabendo que estaria se eu fizesse de olhos fechados, afinal é o que eu tenho feito toda manhã dos últimos quatro anos.
Permita-me apresentar. Sou Caitlyn e tenho 22 anos. Vim pra esse convento aos 18, depois de ter sido doutrinada em casa pelos meus pais que são mais do quê rigorosos. Isso na verdade se torna um apelido mesmo longe deles. Daqui a um ano, segundo meu pai, ele virá me buscar. Não que eu queira voltar pra casa de quem me abandonou aqui por causa de um beijo inocente na adolescência, mas qualquer lugar é melhor do que aqui.
Não aguento mais fingir que estou no paraíso, mas é isso ou mais não sei quantos anos presa aqui.
Você pode falar que já sou adulta, que posso fazer minhas escolhas, mas vocês não conhecem o meu pai. Ele não pensaria duas vezes antes de fazer algo comigo se eu sair da linha.
Costumo questionar como ele pode ser dessa forma e tão devoto a Deus ao mesmo tempo.
Se tem uma coisa que eu aprendi nesses anos aqui, é como ser exatamente o contrário do que ele e minha mãe são.
Minha mãe se chama Helena. Ela se casou com meu pai muito nova num casamento arranjado por seus pais e sabe muito pouco da vida.
Mas quem sou eu pra dizer isso? Uma garota que beijou um garoto inocentemente há 6 anos atrás e logo em seguida se casou com Deus.
Tenho uma irmã que é 3 anos mais nova que eu. Ela se chama Karen. Éramos bastante unidas quando eu morava com meus pais. Ela era uma criança adorável.
Não nos falamos a tempos. Meu pai preferiu cortar o contato dizendo que assim seria mais fácil. Recebo notícias através das outras irmãs que são responsáveis por atender as ligações do convento. E é a isso que se resume minha vida todo dia.
Hoje é dia de mais garotas como eu chegar no convento. Confesso que estou animada por poder ver novos rostos, mas também fico triste por saber a aflição de vir contra a vontade.
Preciso me apressar pra receber uma das garotas que vai ficar sobre minha tutela até pegar o ritmo. Espero que nos demos bem.

A freiraOnde histórias criam vida. Descubra agora