A freira

DOIS - Philipe

Sinto a claridade do sol atravessar a grande janela de vidro do meu quarto me acordando como acontece todos os dias. Não trocaria essa vista e sensação por nada. Inclusive, nem por minha namorada que está dormindo bastante afastada de mim.
Faz um tempo que nossa relação vem esfriando. Todo mundo sabe que ela está comigo só por causa do meu dinheiro. Infelizmente não posso dar um pé na bunda nela do nada. Sou um homem importante na sociedade, preciso manter a imagem e ela me ajuda muito a obter sucesso nisso. Sem contar que é bem gostosa e fode como ninguém.
Sou Philipe. Dono da maior empresa de investimentos do país, logo tenho variados tipos de negócios em todo lugar.
Pra conseguir o que eu consegui, basta ser inteligente o suficiente pra pegar algo sem futuro e transformar em algo jamais visto e claro, reencarnar como eu.
Namoro a quase dois anos com a Marta. Ela é uma mulher muito linda de 26 anos e se dedica inteiramente a minha vida. É o mínimo por não trabalhar e morar comigo. Como eu disse, ela só está comigo por causa do meu dinheiro e se eu a mandasse embora, ela ia procurar o primeiro cara rico que passasse na frente dela pra meter as unhas. Então não imaginem uma relação com carinho ou mimos como nos namoros adolescentes.
Meus pais, Marcus e Gina, moram na casa do caralho e estão mandando a Pâmela pra morar comigo hoje. A Pam é minha irmã mais nova. Ela resolveu seguir a vida religiosa se tornando freira. Eu ainda não consigo acreditar que ela vai acabar com a vida dela desse jeito.
Alguém pelo amor de deus me diz o que leva uma mulher a querer ser freira. Tudo bem que ela sempre foi bastante dedicada a igreja e obviamente a deus, mas com a família louca que tem, quem poderia imaginar?
Voltando a apresentação, tem também meu melhor amigo, o Caio. Ele é o diretor da minha empresa. Pense num cara dog. Chega a quase ser pior que eu. É, eu tenho uma namorada e não a amo, então foda-se.
Me levanto e vou para o banheiro, tomo banho, escovo os dentes e vou vestir algo confortável já que não irei trabalhar hoje.
Ligo pra Mário, meu assistente, para avisá-lo disso e cuidar para remarcar todos os meus compromissos enquanto desço as escadas e me direciono até a cozinha.
Minha cozinheira está terminando de pôr a mesa do café e então me alimento.
Saio de casa e vou para o aeroporto encontrar minha irmã.

- Oi, querido. Que saudade. - fala ela me abraçando com intensidade. Parece mais uma velha cumprimentando um conhecido. Ela é alta e se porta usando um vestido longo todo preto e folgado que cobre seus pés. Cabelo preso em um rabo de cavalo e completamente sem maquiagem.
Ela é muito linda e é um amor de pessoa. Impossível não simpatizar. Sempre nos demos muito bem.
- Não faça drama, meu anjo. Tem três meses que te visitei. - eu falo enquanto a prendo perto do meu corpo. Por mais que sejam poucos meses, é o necessário para que sintamos saudades. A proximidade faz isso conosco.
- Pra mim é muito tempo. E vamos porque não posso me atrasar. Tem uma noviça a minha espera. - ela fala animada. Eu nunca vou entender isso. Nunca.
- Ela é gostosa? - pergunto fazendo bico e recebo um tapa leve dela.
- Ela vai ser freira. Pode tirar o cavalinho da chuva.
- É uma pena. - falo antes de entramos no carro.
Dirijo até o convento e ajudo minha irmã a levar as malas pra dentro. Ela se bate com uma noviça e se desculpa. Quando ela se vira, minha boca seca, o coração acelera e minha pele queima. Ela me olha completamente parada, sem nem piscar o olho. Como eu faço pro meu corpo voltar a me obedecer? Ela com certeza a mulher mais linda que eu vejo em anos.
Que rosto delicado, olhos perfeitos e essa boca. Que vontade de tocar essa boca.
Que porra. O que está acontecendo?