Capítulo 2

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A noite chegou. As minhas pernas estavam doendo demais. E eu ainda tinha que aturar um jantar com o meu futuro namorado. Não estava a fim daquela coisa toda, mas não queria ver a minha mãe chorando pelos cantos. Muito menos, ouvir o meu padrasto dizendo que eu estava endemoninhada.

As horas passaram, e o Jonatas chegou em casa. Uma coisa eu não podia negar: Ele era bonitinho com seu cabelo loiro cacheadinho. O meu padrasto e minha mãe ficaram super contentes em ver o rapaz com uma roupa social. Parecia até que o garoto já fazia parte da família.

O garoto me cumprimentou meio sem jeito. E eu mais ainda.

— Olá, Júlia. Como vai?

— Eu estou mais ou menos. E você?

— Melhor agora!

O meu padrasto coçou a garganta, e o Jonatas reformulou a resposta.

— Quer dizer... Eu estou bem também. Mas por que você está mais ou menos?

Eu precisava mesmo responder à pergunta dele? Não respondi, claro. E ele continuou aquela conversa estranha.

— Como você está indo no serviço?

— Mais ou menos também. No começo, a gente fica perdida.

— Mas logo você se acostuma, né?

— Eu acho que sim.

O meu padrasto interferiu no meio:

— Vamos para a mesa. Nós temos um jantar pela frente, meninos.

Depois da oração, nós começamos a comer. O meu padrasto ficou sentado na cadeira do meio da mesa, eu em frente à minha mãe e o Jonatas ao meu lado. Teve um momento que esse garoto tentou pegar em minha mão, mas não deixei. Que ousadia, pensei!

Nós estávamos comendo uma deliciosa lasanha. A minha mãe me ajudou a prepará-la. O Jonatas chegou a elogiar a comida. A minha mãe sorriu e revelou:

— Foi a Júlia que fez.

— A sua filha tem mãos de fada. Parabéns!

Minha mãe e o meu padrasto sorriram ao ouvir o comentário do Jonatas, e eu nem dei muita moral. Será que ele não percebia que eu não estava nem um pouco a fim dele? Eu estava dando todos os sinais possíveis. Mas quando a pessoa é boba não tem jeito.

Depois da lasanha, a minha mãe trouxe uma vasilha de sorvete de morango para a mesa. Com o passar dos minutos, eu já fiquei mal humorada com a situação. O sorvete do Jonatas estava derretendo no copo, enquanto ele não tirava os olhos de mim. Se eu pudesse, teria mostrando o dedo do meio para ele.

Acabou o jantar e a minha calma. O Jonatas me fez a pergunta tão esperada, por minha mãe e o meu padrasto, claro.

— Júlia, você aceita namorar comigo?

O que eu poderia fazer naquele momento? Eu queria estar em um filme onde a gente pudesse sumir do nada, porque, só assim, eu poderia me livrar dessa situação sem pé e cabeça. A minha vontade era dizer N.Ã.O. Mas quando olhei para a minha mãe e o meu padrasto, vi que se eu não aceitasse, as coisas lá em casa não iam ficar da mesma forma. Era capaz de eles até terem me batido de cinturão.

Sabia, claro, que eu era maior de idade naquela época. Mas não podia dizer que mandava em mim. A minha mãe nunca me deixou namorar alguém que eu queria. Sempre foi assim... Eles que traziam os pretendentes que os agradavam. A verdade é que eu só ia ter liberdade quando fosse embora daquela casa. Mas, para piorar a situação, eu não tinha dinheiro suficiente para morar sozinha.

Minha menininha (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora