Capítulo 9

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Na segunda-feira, voltei para o trabalho. Percebi que a gerente parou de me chamar de menininha e agora só me chamava de Juju. Eu olhava para ela e ficava pensando nas palavras ditas pela Raissa. Por que essas coisas tinham que ser tão complicadas? Reformulando, por que o amor tinha que ser tão complicado?

À tarde, a gerente olhou para mim e se declarou:

— Eu gosto tanto de você... Se você gostasse do mesmo jeito que eu gosto...

Eu a interrompi:

— Mas eu gosto!

— Mesmo?

— Mesmo.

— Não me acha enjoada?

— Não.

Droga! A minha vontade era dizer toda a verdade ali. Mas não deu. E mais uma vez ficou assim... Eu estava completamente enlouquecida por ela, mas não podia me esquecer do fato que ela tinha alguém. Por mais que doesse pensar nisso, ela gostava mais do marido do que de mim. Como eu poderia competir com isso?

Os dias foram passando. Eu consegui trazer a Raissa até em casa. Falei para a minha mãe que era apenas uma amiga. E realmente era. Não tinha beijado e nem chegado aos finalmentes com ela.

No quarto, assistíamos a filmes e comentavam sobre tudo. Ela era uma amiga perfeita, mas confesso que me sentia atraída por ela. E não! Eu não queria mais uma situação dessas. Eu já estava quase louca com o que eu sentia pela gerente. Mas queria ficar perto de alguém. E, esse alguém, naquele momento, era a Raissa. Ela me fazia sentir bem.

No dia 31 de dezembro também trabalhei na loja. Na verdade, era o meu último dia. O vencimento era dia 01 e dava no domingo. Eu recebi o meu pagamento e senti aquele nó na garganta. No dia anterior, a gerente tinha jogado beijo para mim e me mandou jogar também. Mas eu neguei. Não queria. Por que ela fazia isso comigo? Que droga!

Os dias passaram e, na virada do ano, eu estava muito triste. Eu queria sorrir e achar que estava tudo bem, mas não estava. Eu não ia mais vê-la todos os dias. Não ia mais ver os seus sorrisos. Não ia ouvir mais as suas perguntas. Não ia mais nada. Só me restava chorar.

Antes de ir embora, ela não me disse adeus. Saí daquela loja com a tristeza em meu peito. Não chorei ali, mas chorei em casa. E eu tinha certeza que ia chorar mais no decorrer da semana. Para minha mãe, eu só estava chorando por ter perdido o emprego. Mas era bem pior a minha dor. Eu me apeguei a gerente de um jeito que eu nunca tinha me apegado a ninguém.

Pensei até em procurar pelas redes sociais dela, mas ela não mexia nelas há algum tempo. Não tinha o seu telefone e nada para contato. Eu só podia me lembrar dos momentos que vivi com ela e as lágrimas percorriam pelo o meu rosto.

Na primeira quinta-feira do mês de janeiro, eu voltei até a loja para pagar uma conta. Olhei tudo a redor e algumas lembranças vieram à tona. Quando a gerente me viu, sorriu e me fez a pergunta tão esperada:

— Sentiu saudades de mim?

Eu respondi que sim. Ela, então, me mandou chegar mais perto e disse:

— No sábado, nós vamos ao clube. Você vem conosco? Nós iremos ficar lá a tarde inteira. E a piscina é liberada.

— Claro! Vou sim.

Não podia perder a chance de viver mais um momento com ela. Mas é claro que me passou pela cabeça que ela levaria o marido. Que droga! As coisas nunca eram tão perfeitas.

Eu cheguei em casa com um sorriso no rosto e disse a minha mãe que eu ia para o clube. Ela estranhou, afinal de contas, eu quase não saía. Mas eu não podia deixar de ir. Não mesmo!

— Para quê você quer ir, Júlia? Você foi despedida e ainda quer se aproximar desse povo?

— Ah, mãe. Eu não conheço esse clube ainda. Então quero muito ir.

Quando o sábado chegou, eu fui com eles para o clube. Nós fomos em carros separados. Ao chegarmos lá, o almoço já estava sendo servido. Todos estavam animados com o grande dia. Alguns trouxeram acompanhantes. Eu tinha convidado a Raissa, mas ela não quis ir, porque tinha que resolver umas coisas na capital.

Foi bem cruel o momento em que a gerente chegou com o marido. Além disso, a filha dela também veio. Não ia ser como imaginei. E eu tinha imaginado tantas coisas com ela.

Nós terminamos de almoçar. Algumas meninas foram andar pelo o clube, outras ficaram jogando um jogo lá que eu nem sabia o que era. Mas os meninos preferiram a piscina e começaram a jogar bola.

Já eu fui me trocar em um dos banheiros femininos. Coloquei o biquíni da parte de cima e vesti um short jeans. Quando saí do banheiro, a gerente estava se olhando no espelho e se virou no mesmo instante. Em seguida, perguntou:

— Você vai tomar banho?

— Vou. Você não vem?

— Não. A água está muito gelada.

Nós duas ficamos nos olhando. Mas antes que eu pudesse sair, ela puxou o meu braço e me levou para dentro de uma das cabines do banheiro. Nossos rostos ficaram próximos e a respiração ficou mais rápida. Nos beijamos ali mesmo. A boca dela era macia e a sua língua fazia movimentos enlouquecedores em minha boca.

O nosso beijo estava tão gostoso que eu não queria nem pensar de parar. Ela estava com um vestido bem fininho e, aos poucos, a minha mão ia o subindo. Em seguida, apertei o seu bumbum com força fazendo-a gemer. De repente, o marido dela gritou o seu nome. Nesse instante, ela parou o nosso beijo e me pediu desculpas.

— Não posso fazer isso. Desculpe!

— Eu te amo, Angélica! Eu sei que também me ama.

— Não podemos. Eu tenho uma família. Não posso destruir isso. Droga! Esquece o que aconteceu aqui!

— Angélica... — Tentei chamá-la quando saiu do banheiro.

Depois eu saí da cabine do banheiro, e a vi beijando o marido perto da piscina. Aquilo foi difícil. Já tinha visto os dois juntos. Mas aquilo me deixou muito mal. Naquela hora, eu queria sumir mesmo de verdade.

Não sumi. Resolvi entrar na piscina, mas fiquei por um bom tempo no mesmo lugar na água bastante pensativa. Enquanto isso, os garotos estavam jogando bola em minha frente. De longe, vi a gerente sentada embaixo de uma árvore ao lado do marido. Ela ficou me olhando, e virei o rosto para outra direção. Fiquei mais alguns minutos quieta em meu canto e depois resolvi tirar o biquíni e colocar a minha roupa no banheiro.

Depois saí de perto da piscina e me sentei em um banco de madeira, que ficava na frente do clube, esperando alguns deles me darem carona para ir embora. E, então, a minha ex-patroa me chamou para entrar em sua camionete juntamente com uma outra funcionária para voltar até a cidade. Durante o caminho, fiquei imaginando o rosto da gerente na minha mente e lembrando do nosso beijo. Eu tinha que esquecê-la, porque não havia outra saída. 

Minha menininha (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora