Os dias passaram. Não vi mais a gerente. Eu soube que ela foi embora para a capital e que se separou do marido. Mas acho que o motivo não era eu, porque senão ela teria se aproximado de mim. E pensava também que tinha sido melhor assim, mesmo que o meu coração dissesse outra coisa. Ela não poderia destruir a família que tinha. A sua filha não ia gostar de ver a mãe se interessando por uma mulher.
O prefeito da cidade chamou as pessoas que passaram no concurso. E uma delas era eu. Finalmente, eu poderia trabalhar no que realmente me formei. Tinha até prometido para mim mesma que não seria mais aquela Júlia... Eu seria a Júlia, uma menina que queria a oportunidade de ensinar algo às pessoas.
Depois que voltei a trabalhar, a minha mãe e meu padrasto pararam de encher o meu saco com a questão de eu me casar com alguém. Eu queria, sim, me casar. Mas queria me casar com alguém que eu amasse de verdade. O Jonatas não se encaixava muito bem nisso.
Eu continue a amizade com a Raissa. Apesar de rolar um clima na maioria das vezes, nós ainda não tínhamos nos beijado. Ainda estava cedo para indicar o que realmente estávamos sentindo uma pela a outra.
No primeiro dia de aula, quando saí do colégio, ela apareceu de carro e parou perto de mim. Eu dei um sorriso e falei com ela:
— Olá, linda! Veio me visitar?
— Entra no carro, por favor. Eu quero te dizer uma coisa...
Eu entrei no carro toda contente. Nos cumprimentamos com beijinhos no rosto. Eu gostava muito do perfume que ela usava.
Ela pegou um buquê de flores no banco de trás e meu deu. Eram umas rosas vermelhas lindas. As minhas favoritas!
— Para mim? — perguntei, pegando o buquê.
— Sim. Parabéns por mais essa conquista, minha professora favorita!
Nos abraçamos. Em seguida, ficamos nos olhando. Ela tentou se aproximar dos meus lábios, mas eu me afastei. Ela deu um sorriso sem graça e disse:
— Vamos, né? Você precisa descansar.
Quando se passou dois meses de trabalho, eu decidi alugar uma casa para viver sozinha. A minha mãe quase surtou com a notícia. E o meu padrasto faltou soltar fogos de artifícios. Mas mesmo com o pedido dela para permanecer naquela casa, eu disse que precisava de um cantinho só meu. E foi assim... Levei o que eu tinha e fui!
A Raissa ficou contente com a notícia. Ela disse que foi a melhor coisa que eu tinha feito. Se eu queria ser livre tinha que sair de debaixo das asas dos meus pais. Não poderia ficar para sempre dependendo deles.
Ela até me ajudou a arrumar as coisas na minha nova casa. Era pequena, com dois quartos, uma sala, uma cozinha, um banheiro e uma área no fundo. Mas era um cantinho meu. E isso era muito valoroso.
Depois de ter arrumado as coisas, eu abri um vinho para comemorarmos a minha segunda conquista. Tudo bem que a casa era alugada, mas um dia eu ia ter condições de ter a minha própria casa. E a Raissa fez um macarrão com molho de tomate.
Eu fiquei a admirando na cozinha. Ela era uma mulher muito linda.
Nos sentamos no carpete e começamos a jantar.
— Caramba! O seu macarrão está maravilhoso, Raissa!
— Valeu! E você sabe escolher vinhos ótimos!
Eu dei um sorriso.
— Eu nunca imaginei que eu pudesse viver isso aqui... A vida é mesmo uma caixinha de surpresas.
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Minha menininha (Romance lésbico)
RomancePLÁGIO É CRIME! É PROIBIDA A DISTRIBUIÇÃO OU CÓPIA DE QUALQUER PARTE DESSA OBRA SEM O CONSENTIMENTO DA AUTORA! © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. SINOPSE: Angélica é uma mulher casada de trinta e três anos e tem uma filha de quinze anos. Já Julia é um...