Only a Day

Roman Bürki - Parte 2

Quando Roman Bürki abriu os olhos naquela manhã fria, desejou que tudo desse certo naquele dia. Não era pelo fato de ter recebido a notícia que os médicos o haviam liberado para voltar aos poucos ao campo, nem porque sua mão já estava praticamente recuperada, mas porque Lorién voltava, especificamente, naquele dia.

Nos últimos dois meses, por conta da faculdade e do trabalho de Lorién, tudo que eles faziam eram enviar mensagens. Algumas eram aleatórias, outras eram sobre como tinha sido o dia, ou algo relacionado a música ou sobre os jogos. Às vezes, quando conseguiam conciliar o horário, eles se encontravam para tomar um café no starbucks ou uma cafeteria qualquer, mas era cronometrado e, muitas vezes, não passava de 20 minutos. Uma vez ou outra, Bürki roubava alguns beijos de Loris, assim como ela também fazia, e os beijos de despedida já eram mais constantes, mas não passava disso. E os dois não tinham sentado ainda para conversar calmamente sobre onde aquilo iria dar.

Era claro o que eles queriam, contudo não queriam cometer os mesmos erros da última relação e acabarem machucados novamente. Porém, era só Lorién olhar dentro dos olhos castanhos de Roman, que todo medo e receio ia embora, e ela percebia que ele também se sentia assim. Era como se aquele relacionamento fosse o certo.

E, apesar da distância, os dois se aproximaram ainda mais com as mensagens. Era muito mais comum ver Roman agarrado ao telefone no vestiário do que antes, da mesma forma que Lorién sempre perdia a concentração quando o celular apitava em alguma aula na faculdade. Depois da fratura de Roman, as conversas pelo facetime foram inevitáveis, já que o goleiro se atrapalhava ao tentar digitar, e assim eles conseguiam se ver e conversar no fim do dia, com muitos bocejos da parte de Lorién e risadas da parte de Bürki. 

Naquele dia, Roman precisava ir até a CT do Borussia Dortmund. Ele não gostava muito de ir quando estava com algum músculo fraturado, porque sempre sentia uma sensação desgostosa quando via os outros jogadores treinando, sabendo que ainda iria perder alguns jogos até que estivesse completamente sarado. Bürki sabia que Weiden estava dando o seu melhor, porém não estava sendo o bastante para o time e, querendo ou não, eles estavam sendo prejudicados.

Naquela parte da manhã e início da tarde que ficou ali, treinou individualmente, sempre com acompanhamento de fisioterapeutas e de forma alguma tentou exceder o uso da mão desnecessariamente. Bürki queria se recuperar o mais rápido possível e, de acordo com os médicos, ele conseguiria voltar antes do previsto.

O sol já se punha quando Roman voltava para casa, ouvindo Of Monsters and Men, indicação de Loris, quando ouviu seu telefone bipar, mas apenas em seu apartamento, ele foi ver o que era e toda sua animação sumiu em instantes. Lorién não voltava mais naquele dia. De acordo com ela, ocorreram alguns problemas no trabalho e ela teria que resolvê-los. Roman amaldiçoou mais uma vez o trabalho de Loris, enquanto jogava o celular de qualquer forma no sofá. Não queria responder aquela mensagem, nem ligar para ela ou pensar nela. Tudo que ele queria era tomar um banho e esquecer de todos os seus problemas. Já era tarde da noite, quando Bürki pegou em seu celular novamente e resolveu não responder a mensagem, deixando Lorién um tanto quanto confusa sobre o que aquilo significava...

E assim se passaram alguns dias, sem mensagens de "bom dia" ou ligações por parte dos dois. De um lado, Loris estava confusa, mas todo aquele trabalho exaustivo e matérias da faculdade acumuladas, já que ela estava faltando às aulas por conta da viagem, não a deixavam pensar muito sobre o assunto e sempre quando ia se deitar, pensava em ligar para ele, mas como já estava muito tarde e tinha o fuso horário, prometia a si mesmo que ligaria no próximo dia, o que não acontecia. E do outro lado estava Roman, animado com sua recuperação que estava indo bem, mas confuso pela ausência da Lorién. Ele não ousou ligar ou mandar mensagens e, para ele, tudo estava bem do jeito que estava. Não tão bem, mas tinha sido bom não sentarem para conversar, nem terem se envolvido tanto, assim não teriam complicações para dar um fim naquilo.