Laila estava triste no parque, não quis perguntar diretamente o motivo, mas senti que ela precisava de um amigo.
-Está com saudade das rolinhas? -tentei descontrair.
Outro dia, quando viemos a este mesmo parque, Laila alimentou algumas rolinhas com pipoca doce, mas hoje, seu saquinho estava cheio e as rolinhas não apareceram.
Ela sorriu de canto, mas sem ânimo. Aquele clima estava chato. Me lembrei que sabia tocar violão, a puxei para uma loja de músicas. Ela nem sequer questionou, apenas deixou ser puxada.
Nunca havia tocado para nenhuma outra pessoa, nem mesmo para meus pais. Ela seria a "primeira" a ter a honra de me ver e ouvir tocando.
Quando entramos ela sorriu e me abraçou forte - nosso primeiro abraço. No celular, Hele ligava, pois tínhamos marcado de tomar um sorvete. Atendi e disse a ela que precisava ajudar uma amiga que estava com problemas e se podíamos marcar para outro dia, ela concordou e perguntou se precisava de ajuda, respondi que não e desliguei.
Sentamos no fundo da loja, peguei um violão qualquer, tinha uma pasta cheia de letras de músicas, a entreguei para escolher uma.
-Qual música você gosta? -perguntei.
Não sabia o por que de tanta tristeza, na escola mais cedo, ela estava super animada e agora nem troca palavras comigo. Eu também estava triste e precisava desabafar, mas ainda não éramos tão íntimos a esse ponto.
-Hã... Tudo bem. Faremos diferente. -deixei o violão de lado e ela me olhou.
Tentei pensar em algo, mas nem uma idéia fluía. Precisava de uma ajuda feminina, alguém que saiba lidar com essas tristezas remotas. Não que eu não conheça a tristeza, mas na minha casa é muito difícil ficarmos triste, apenas em ocasiões extremamente precisas.
Liguei para meu pai Márcio. Seu telefone estava ocupado, estava ficando sem recursos. Não conhecia nenhuma pessoa que poderia me ajudar naquela situação.
Voltei para onde estava sentado e ela estivera na mesma posição que a deixei minutos antes de sair para fazer a ligação a meu pai. Sua cara triste me deixava apavorado, não sabia o que fazer.
Peguei o violão e comecei a tocar qualquer coisa que me lembrei.No primeiro acorde, os dedos dela tocaram a minha mão direita. Entendi que ela estava me pedindo para parar. Em meio a tantas salivas que à vi engoli, finalmente me dirigiu um sorriso doce.
-Conhece a música Impressionando os Anjos de Gustavo Miotto? -neguei.
Seu sorriso se desfez. Pensei rápido. Peguei o celular e baixei as letras.
-Agora posso tocar. -mostrei a ela que reavivou aquele sorriso. -Mas o que ela tem de especial para você? -analisei as letras.
-Quero, sempre que ouvir ou tocar esta música, que lembre-se de mim. Este será um meio que nos manterá ligados. -franzi a testa.
Não entendi o que ela estava falando. A música se referia a uma pessoa que já se fora e, ela estava ali, na minha frente. O que isso teria haver com ela? Era jovem. Sempre sorrindo e alegre. Mesmo assim; comecei a tocar.
Gustavo Miotto
-Impressionando os Anjos-•••
Hoje foi Tudo bem, só um pouco cansativo
Dia duro no trabalho que acabou comigo
VOCÊ ESTÁ LENDO
Qual Caminho Seguir?
RandomEddygar sofre com o bullying desde os 10 anos, por causa de seus pais Márcio e Fernando. Diferente do que muitos imaginam, QUAL CAMINHO SEGUIR conta seu jeito de pensar. O garoto de apenas 16 anos não tem amigos, muito inteligente e passar por muita...