5# Ruivinha Do Cinema

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No meu sonho eu estava em um campo de rosas amarelas, Laila estava sentada de costas para mim, observando um lago vermelho. Eu corria até ela mais não conseguia alcançá-la, ela chorava.

Quando consegui chegar até ela, tudo se tornou um hospital, ela gritava em uma maca, de seu nariz e ouvidos saiam sangue, ela estava acorrentada e seu irmão chorava do lado.

Várias pessoas corriam de um lado para o outro sem dar-lhe atenção. Mais uma vez eu tentava correr até ela e nada adiantava. Um cachorro peludo estava no canto do corredor e me olhava triste.

O cara de smoking, estava vestido de enfermeiro, ele sorria e injetava um líquido alaranjado em seu pescoço. Aos poucos ela perdia a força, suas pernas já não se mexiam e seus olhos fechavam-se lentamente.

Tentei mais uma vez correr até ela e impedir sua morte, mas já era tarde. Estávamos em uma sala de cirurgia, os médicos faziam de tudo para anima-la, mas algo á impedia. Ela morreu.

Seu cachão era preto com detalhes amarelos, pequenas flores amarelas. Ela vestia um vestido preto, uma bela trança e uma leve maquiagem. Cai sentado no chão por não ter conseguido salvá-la.

O vento estava úmido e levava várias folhas secas. Um pedaço de papel, que também era levado, se prendeu ao buquê de flores brancas que eu segurava.

--------------PAPEL-------------

"Por que não me impediu de entrar naquele beco? Tudo seria diferente. Você era meu amigo, já não sei mais quem é você. Obrigada por me deixar morrer."

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Levantei ofegando, o ar estava ligado, mas mesmo assim eu estava ensopado de suor. Desliguei a Tv, já era sete horas da noite. Chequei o celular e tinha algumas mensagens da operadora.

Fiquei com medo daquele sonho estranho. Seria uma visão? Deus queira que não. Eu precisava achar Laila e saber que estava tudo bem, mas não sabia onde ela morava, não sei se os pais dela me atenderiam bem.

Fui ao banheiro tomar um banho, sentei no chão e deixei a água fria cair para me fazer esquecer aquele pesadelo.
Desci na cozinha e meus pais tinham deixado um recado na geladeira.

-Tem pizza no forno é só comer. Voltaremos às 21:00. Beijos papai Nando. -li em voz alta.

Tirei o papel da geladeira e o joguei no lixo. Caminhei até a janela para abri-la, pois o tempo estava fresco. Na praça, vários carros estavam estacionados, decidi sair um pouco.

Estava acontecendo uma festa na igreja Católica, como estava arrumado, passei por la.

-Oi menino nerd. -fui surpreendido com um beijo na bochecha.

-Laila? -soou mais surpreso que eu esperava. -Você está bem? Por que não foi na escola hoje? -ela sorriu.

-Para uma pessoa calada, você fala bastante. -soltei o ar preso e sorri. -Se acalme, não fui por problemas pessoais.

-Mas é algo grave?

-Não se preocupe. Mas me conta, o que faz por aqui?

-Me conte você, porquê entrou naquele beco? Fiquei preocupado.

Ela apenas olhou para o nada. Não tinha resposta. Mudei de assunto.

-Estava em casa sem fazer nada e resolvi pegar um ar e você? -não contaria a ela sobre o pesadelo.

-Estou com minha avó.

Ficamos conversando mais do que eu já conversaria com alguém, trocamos os números, marcamos de nos encontrar na escola e ficamos sentados até ela ter que ir embora. Para minha sorte, seu irmão não estava. Voltei para casa mais tranquilo.

-Bom dia meu bebê. -disse meu pai Nando.

-Bom dia pai. -sorri.

Tratei logo de ir para a escola. Na porta, uma turma de garotos estavam sentados, quando passei, seus risos pararam e senti seus olhares sobre mim, coloquei meus fones e os ignorei.

-Ei? -chamou um deles. Continuei andando.

-Deixa ele Rone, filho de viado é acostumado só com mato mesmo. -todos gargalharam. Revirei os olhos.

A professora já estava na sala.

-Licença? -pedi. Ela fez um gesto positivo com a cabeça e eu entrei.

A aula estava chata, estávamos aprendendo uma matéria nova. Parasitas. Biologia é uma matéria que domino muito bem, mas ter que ficar vendo aqueles bichinhos nojentos, me causa náuseas.

Hoje não teríamos recreio. Os professores organizaram uma pequena palestra, lancharíamos, assistiríamos e depois iríamos para casa.

Não sou desses alunos que costuma fugir da escola, principalmente em palestras. Mas está seria extremamente chata. Alcoolismo na adolescência. Como não bebo, não me sinto obrigado a participar.

Por sorte, quando virei o quarteirão a diretora colocou sua cadeira no portão de entrada para fazer um plantão e ver se pegava algum aluno fugindo.

Passei em casa e deixei a mochila. Como ainda era de manhã, andando na rua vi um cartaz de cinema que iria estrear um filme, faltava uns 20 minutos para começar a sessão e como o shopping não era longe me dirigi até la.

A fila estava mediana. Tirei meu ingresso, comprei uma pipoca grande e um milk Shake de chocolate com baunilha. Sentei na ultima fileira de cima, gosto de ficar no escuro e sozinho - bom, pelo menos pensei que ficaria.

O filme durou duas horas. Na saída, a garota que estava sentada na mesma fileira que eu, veio conversar comigo.

-Oi? -sorriu.

Sorri de volta. Ela tinha um cabelo ruivo, cacheado até na bunda, magra e tinha os bustos fartos, olhos verdes escuros, usava um batom claro, vestia uma blusa de número maior que ela da Guns N'Roses cor preta, tênis de skatista e uma calça que ia só até a batata da perna clara e com alguns rasgados.

-Filme legal! -concordei.

Sentei na lanchonete do bob's.

-Posso sentar?

-Claro! -seu sorriso se engrandeceu.

-Sou nova aqui.

-Bem vinda. Prazer sou Eddygar, mas pode me chamar de Eddy. -tentei ser legal.

-Obrigada Eddy. Muito prazer, sou Helena, mas pode me chamar de Hele. -piscou.

-O que vão querer? -perguntou a garçonete.

-Um Bob's burg com um milk Shake de baunilha, por favor. -pedi.

-Eu quero um milk de chocolate.

Nossos pedidos chegaram rápido, pouco foi o tempo em que conversamos. Seu celular começou a tocar e ela teve que ir embora, mas não antes de trocarmos nossos números de celulares.

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