Capítulo 17

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Anna On

Estava calma, andando pela rua. Um silêncio me rodeava. Estava pensando em ir até a praça do condomínio.

Escuto algumas vozes e risadas. Masculinas com certeza. Estavam descendo a rua que eu ia cruzar. Ao chegar no final dela, vejo Gabriel e dois amigos. Porra. Já tinha esquecido com ele é gato. Paro imediatamente e me escondo atras de uma árvore grande. Estava escuro, ninguém ia me ver. Até que escuto:

- Cala a boca ae trouxa! O Gabriel que tá. Antes de tu chegar, ele me contou que pegou uma mina aqui do condo, e tá todo apaixonadinho! Até pegou o número dela - eles riram e senti um frio na barriga. Eles estavam falando de mim?Ouvi a voz de Gabriel.

- Nada a ver. Peguei só pra conquistar a mina, cês sabe como é que é né? Já apaguei o número dela, não quero nada com ela não. Nem era tão gata assim - eles continuam rindo e seguem o caminho.

Como assim? Era de mim que ele estava falando. Estou me sentindo péssima. Eu realmente gostava dele? Não. Eu acho. Não sabia bem o estava sentindo. Mas não me senti nada bem.

Me sentei no chão, ali mesmo. Senti uma lágrima em meu rosto. Meu coração... Para Anna! Você sabe como são os meninos hoje em dia! Era previsível, eu não deveria estar surpresa, sinceramente.

Lembrei das palavras de Clara sobre garotos e me levantei. É ficar e acabou. Chega. Continuei meu caminho até a praça e vi que estava tendo festa. Festa não, parecia mais um rolê, com certeza.

Não fui convidada, é claro. Não conhecia nada e ninguém, mas decidi entrar. Senti olhares sobre mim. Era estranho mas continuei. Tinha bebida e muita gente se pegando. Nunca que minha mãe deixaria eu ir num negócio desses. Finalmente decidi ir embora, não estava me sentindo bem com toda aquelas pessoas ali. Tinha ido só pelo impulso do momento, mas já estava me arrependendo.

- Ei, tá tudo bem? - um garoto chegou em mim, tocando meu ombro.

Me virei e vi um menino bonitinho, com cabelo lindo bem escuro e olhos escuros também.

- Tá sim. É que eu não sabia que tinha gente aqui, não fui convidada. - respondi sem jeito.

- Então eu estou te convidando. Qual seu nome? - disse me levando à mesa de bebidas.

- Anna - respondi pegando um copo com Coca - E o seu?

- Eduardo, mas pode me chamar de Du - disse demostrando um sorriso lindo.

Conversamos e descobri que tinha 17 anos. Era muito simpático, fofo. Peguei seu número e seu Instagram. Ele foi me puxando de pouco em pouco. Percebi que não só queria conversar, claro. Como todos os outros meninos ali. Quer saber, não estou nem ai. Não poderia ligar menos, naquele momento.

Estámos sozinhos perto de uma parede. Ele foi chegando mais e mais perto de mim, até que ele encostou na parede e me puxou pela cintura.

- Não sei se te falei, mas você é linda, sabia? - sorri.

Sentia sua respiração. Ele olhava pra minha boca e pros meu olhos. Não senti uma atração nem uma química, mas estávamos a nos beijar, até que alguém nos separou e fui jogada ao chão! Du estava brigando com um garoto de capuz e moletom preto, que tinha o derrubado! Na hora que levantei, os separei imediatamente.

- Para vocês dois! Chega! - disse e eles pararam.

Olhei para Du, que estava com a boca sangrando. Fui tirar satisfação com o moleque. Quem era ele e quem deixou ele fazer isso? Por que fez isso? Ao ir até ele, ele tirou o capuz.

- Gabriel? - me surpreendi e ele caiu no chão - Você tá bêbado?

Quieto, ele não fez nada. Ficou parado. Eu o ajudei a levantar. O garoto com quem eu estava foi embora xingando, e nunca mais o vi. Fomos até um banco um pouco longe da praça e ele sentou.

- Anna.. - disse.

- Que foi? - respondi brava e ainda em pé. Não entendi porque fez aquilo!

- Desculpa - falou sem jeito, arrependido.

Sentei perto dele, e ficamos olhando o céu. Estava com o coração disparado. O que estava passando pela minha cabeça? Por que eu estava tão estranha?

O Menino da Outra RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora