Prólogo
Estou em um beco escuro e sujo da periferia localizado em uma área onde o estado não mais atua, um lugar e a que todos apenas se referem como o Expurgo.
Está frio, venta muito e é alto da noite. Trovões denunciam o aproximar de um temporal.
Começou a garoar e estou sem a porcaria da capa de chuva. Em poucos minutos fico toda encharcada.
O chuvisco aliado ao vento forte e gelado parece chicotear minha pele, meu caro vestido parece que está sendo arrancado do meu corpo.
Sinto uma estranha sensação. Parece que eu não estou aqui, apesar de estar, é como se eu estivesse assistindo de longe a minha própria vida e não a protagonizando.
Tudo é um grande déjà vu e a impressão que tenho é a de estar revisitando tudo isso. Meu palpite é de que o que estou vivenciando já aconteceu e agora estou apenas seguindo um roteiro.
Estou confusa. O que estou fazendo aqui na rua a uma hora dessas?
Não me lembro exatamente quais foram as motivações que me levaram até aqui. A única coisa que sei é que tenho que estar em um local específico e pontualmente na hora marcada para tratar de algo do meu interesse com alguém que nunca vi antes.
Esse algo mudará minha vida para sempre, mas nem me vem a cabeça qual será o assunto.
Estou preocupada, ofegante, nervosa e meu passo é apressado. O que está me causando toda essa ansiedade? — Pergunto-me.
Não consigo me lembrar. Apenas sigo andando como se eu estivesse no automático e as minhas pernas não fossem minhas mesmo, mas sim obedecendo as ordens de uma outra pessoa.
Tudo é muito estranho, afinal eu poderia ter realizado essa reunião, fosse com quem fosse, em um ambiente virtual quentinho e agradável no Metaverso por meio de avatares.
Mas não, eu tinha que estar aqui de aparecer de corpo presente. Resultado: cá estou eu tomando toda essa chuva. A esta altura dos acontecimentos já estou encharcada, não corro mais o menor risco do meu vestido ser erguido pelo vento, ele já grudou em mim.
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Quem me matou? (1º Lugar no 4º ScifiBR)
Science FictionUm beco escuro, uma mulher, um estranho vulto. Um assassinato. Oito meses depois a vitima é ressuscitada pela polícia para que ela ajude no encalço do seu próprio assassino. No futuro fantasmas existem... e eles são digitais... O Autor WMachado é pu...