Capítulo dois:
Oh!- Não, não ! Infelizmente não sou o dono do animal. Porque? Você por acaso é da ADAPI (Agência Estadual de defesa Agropecuária do Piauí)?
- E você é da SEMAR ( Secretária Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos)? - Pergunto sem muita paciência.
- Não! Então o porque da acusação descabida, és perito por acaso? Claro que não, caso contrário veria o óbvio. - O animal está onde não deveria e o dono deste tem responsabilidade com o ocorrido, ele deveria mantê -lo longe da estrada e principalmente com uma cerca podre assim. Caso não saiba. — Despejo as palavras de uma só vez, não sei pra quê estou me explicando.
Pelo jeito acusador cheguei a pensar que era o dono ou pelo menos o filhinho deste. Dei de ombros essa conversa já estava me dando nos nervos, eu queria urgentemente me transportar daqui para casa e tomar uma ducha quente. - Arg!
-Sei não, mulheres e direção são sempre perigo constante. Aposto que vinha falando ao telefone, ou retocando o batom? Acertei? Espera ai, por acaso comprou a sua carteira? É bem provável. Aqui no Piauí tem-se uma cultura de vendas de CNH, já ouvir falar de muitos casos, principalmente de mulheres que não sabem dirigir bem - O sacripanta fala sorrindo.
- Como é que é? -Levantei a sobrancelha enfurecida com a compressão do que me ocorria. Quem você pensa que é para me dizer esse monte de merda, afinal? -Você é um... -Me segurei serrando os punhos e a boca para não xingá-lo de nomes horrendos que passaram na minha mente, afinal eu sou uma mulher sozinha no meio do mato com um estranho, vai que além de machista o cara é violento e maníaco.
Cruz credo. Faço o sinal da Cruz e ignoro-o.
- Prazer, me chamo Tony e você?
- O prazer não é recíproco e o meu nome da sua conta. - Não me seguro e rebato é mais forte que eu, o cara é um cínico e quero esganá-lo.
-Opa! Pra que isso tudo isso mulher, não falei nada demais.- Ele retirou o capacete mas continuou de óculos escuros impossibilitando que eu o veja e grave seu rosto caso venha topá-lo novamente por ai.
Pense! Se tem uma coisa que eu não suporto é machismo, a ideia de alguém nos desmerecer por causa do sexo é ridícula, nós não somos o sexo frágil eles é que são. Se tivessem que aguentar cólicas, menstruação todo mês, depilação, passar o dia inteiro em cima do salto. E parir nem se fala.
Somos capazes de fazer qualquer coisa, tão ou bem melhor que qualquer homem ainda por cima em cima do salto.
- Era só o que me faltava!
Ilhada no mato, com o carro lascado, sem área de celular com um completo babaca falando bobagens no meu ouvido.
Saio virando -lhe as costas e caminhando em passos largos na estrada que segue rumo a Fazenda, uma hora eu chego nessa droga, ou então não é possível que não passe mais ninguém por aqui e me livre dessa tormenta.
- Psiu. - Ei, estressadinha!! Escuto ele chamar ao longe. Já caminhei uns cinquenta metros mais ou menos, esperando ele passar e seguir seu caminho me deixando em paz por fim.
Esse cara veio mandado só para acabar com meu resto de paciência que eu tinha, só pode.
Tomo um susto e com um movimento me viro para fita-lo. O idiota apitou bem em cima de mim e está me seguindo devagarzinho de moto.
É o calvário na terra!- Jesus que cara insuportável. Infantil.
-Posso te dar uma carona se quiser. Vamos ...
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FACHADA
ChickLitArisca e ácida, Arminda Bragança é uma jovem agrônoma que vive para o trabalho e se mantém numa posse impassível de boa filha e impérvia mulher de negócios. Aos olhos do povo ela é uma mulher firme, temida e até invejada. Impõe respeito e exprime...