FACHADA

8. E agora?

* Leiam os avisos ...

Capítulo Oito:

Os dias que se seguiram passaram-se praticamente arrastados feito passos de tartaruga, apenas no último dia tive o vislumbre de uma fagulha de diversão, agora eu estava diante do
momento difícil, a volta, que havia se aproximando me pondo no meio de um paradoxo, pois voltar para casa que deveria ser um alívio, no entanto dessa vez estava sendo quase uma tortura... eu não poderia fugir para sempre.

Há exatos cinco dias atrás, e dia seguinte ao meu reencontro com o Guilherme acordei com os olhos inchados e a cabeça pesada latejando por conta do remédio que eu havia tomado, coloquei a melhor roupa uma maquiagem, finalizando com o óculos de sol a máscara perfeita para obturar as fissuras da alma que estavam expostas em meus olhos.

Graças a essa viagem pude fugir e ter a desculpa certa para ficar longe, buscar me recompor e juntar forças suficientes para enfrentar o que há por vir, eu não posso me dá ao luxo de ficar tendo recaídas sempre que revê-lo, principalmente agora que ele veio para a cidade sozinho e provavelmente sem data para voltar... e ainda por cima se achando o rei da cocada, com seu ego enorme e arrogância achando que é só estalar os dedos e me terá de volta.

- Estúpido! Cafajeste! Idiota!

Argh! Que ódio de mim mesma, como pude me entregar de corpo e alma para um patife daquele.

Cai na estrada com uma enorme profusão de ideias e mente escrava da dor, ocilava em uma dúvida cruel, entre viajar ou não para Novo Esteio, estava com uma vontade imensa de ficar em lugar seguro e solitário chorando, remoendo em baixo de um edredom, com o ar ligado 16ºC é claro. Aqui em Teresina o calor é infernal.

No entanto, decidi viajar e tentar me distrair, caso contrário eu poderia enlouquecer ou sucumbir aos caminhos escuros e áridos da depressão novamente...

Por conta de um engarrafamento enorme provocado por um acidente na estrada quase cheguei atrasada no aeroporto, uma vez que ainda tive que ir em casa deixar o carro e pegar um táxi até lá, meu pai até me ofereceu um de seus motoristas mas eu recusei, eu precisava da solidão, no final tive um embarque bem sucedido, fiz o check-in ainda no táxi pelo celular e quarenta minutos depois peguei o vôo, que tinha uma conexão no aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos depois de quase 7: 30 horas depois o avião aterrissou no Aeroporto Internacional de Porto Alegre - Salgado Filho (POA), no Rio Grande do Sul.

Assim que coloquei os pés na cidade já pude sentir a mudança enorme da sensação térmica, era completamente oposta a de Teresina que segundo o "mapa do calor" é uma das cidades mais quentes, pois possui uma das temperaturas mais elevadas do Brasil.

Eram por volta das 22:40hs da noite foi quando cheguei no hotel e fiz o check-in, segui para o quarto, tomei um banho e pedir um jantar... o cansaço da viagem me permitiu cair no sono.

No dia seguinte acordei cedo, me arrumei, tomei café e depois seguir para a EXPOINTER, tentei ao máximo concentrar minha atenção nos Painelistas, começei assistindo as palestras a respeito de Liderança, Gestão e Empreendedorismo do encontro de produtores rurais. Almoçei por lá mesmo e a tarde voltei já mais animada. Adorei o que vi, principalmente a oficina sobre energia sustentável e aproveitamento da biomassa na agroindústria.

As vitrines eram super interessantes e enriquecedoras, no entanto mesmo assim por diversas vezes peguei -me com pensamentos soltos...

Já no ultimo dia quando assistia a um workshop sobre vinhos fui surpreendida.

-Arminda?

Uma voz chamou minha atenção e quando olhei quase não o reconheci. Puxei na memória e lembrei, era o Mateus um nerd que era monitor de estágio na época da faculdade, ele agora estava másculo, forte e muito bem arrumado, com um ar austero. Ele era um moreno alto, magro e tão comum com seus olhos negros feito o asfalto.