3. Cidade Pequena - parte 1

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Capítulo três:

Um irritante tsc, tsc soou na porta me levando automaticamente a parar o que estava fazendo, encontrava -me totalmente entretida em uma planilha de cálculo de calagem de solo.

- Pode entrar. - Falei direcionando minha atenção a quem obviamente entrava pela porta.

- Com licença . - Disse Andreia, minha secretária. - Chegou esses documentos aqui pra senhora, veio a mando do seu Pai e dona Marcela ligou deixando recado para que a senhora á atendesse, disse ser urgente.

Involuntariamente olho para o celular e destravo-o. Havia vinte ligações perdidas e muitas mensagens no Whatsapp a maioria da doidice da Má. O que será que ela quer? Aguçou minha curiosidade sim, mas conhecendo -a como conheço deve ser fofoca e das boas. Ali gosta viu. Já disse para ela que deveria ter cursado era jornalismo ao invés de medicina veterinária.

- Tudo bem. Mais alguma coisa ? Caso contrário pode ir.

- Não senhora! Então vá e não passe nenhuma ligação que não seja realmente importante, aproveite e peça no administrativo o contrato da Fazenda Santa Luzia, quando eu terminar aqui te aviso para que possa me entrega-lo.

Tão logo início a chamada escuto a porta sendo fechada e já me preparo mentalmente para o drama que virá a seguir.

- Alô. - Depois do quinto toque ela atendeu. Me fazendo recuar o celular do ouvido para não correr o risco de ficar surda a Má é a euforia em pessoa.

- Arminda Maria Francisca Joana Bragança de Assis Pereira de Alcântara. Porque cargas d'água não atende a droga do seu celular?

- Porque eu trabalho, estava ocupada coloquei no modo não perturbe. Tu não tem nenhuma vaca para cuidar da vida não, a propósito? E de onde diabos você tirou esse Francisca com esse Pereira de Alcântara afinal? Meu nome já é deveras estranho para ainda adicionar isso tudo junto. Não sou D. Pedro para ter tanto nome, não.

- Talvez porque eu adoro te encher o saco. Simples. E sei o quanto não é fã do seu nome também, estou irritada. - Sua égua! Estava com esse celular no furico era?

- Égua é tu, sua desbocada. Já te disse pra parar de me chamar assim. Afinal o que tem de tão urgente que não pode esperar eu ver as ligações perdidas e retornar, que precisou incomodar minha secretária?

- Nossa hoje você tá azeda viu, mulherzinha. Já te falei que está precisando de um homem para te amansar, vixe. Coitado desse vai ter trabalho... rsrsrs. Ela ria descontrolada.

- Não vem com esse papo não. Desembucha logo ! Se for fofoca não quero saber.

- Tenho uma bomba para te falar. Babado forte. Ela me ignorou e continuou falando.

- Então fala de uma vez, sem enrolação e muito menos com introdução, sintetiza, fazendo um favor. Estou cheia de trabalho.- Digo pois ela adora enfeitar a história e contar nos mínimos detalhes de como aconteceu, isso me irrita pois quero saber logo, embora eu finja não querer.

- Avé Maria, viu. Já vi que estás precisada mesmo, de um chá de pica. Muita pica, pica, pau... aliás. E grande. Pica pela manhã, tarde e noite. É muita endorfina acumulada ai dá nisso, mão humor do cão. Como diz meu avô, não há nada melhor que um chaca chaca na
butchaca bem feito. É saúde. Tu estás precisando com urgência. O negócio lá em baixo deve estar entupido de tanto desuso. Vai abrir essas pernas mulher!!!

- Tu não presta sabia ? Pervertida igual seu Jorginho. Caímos na gargalhada eu não aguento ficar muito tempo séria ou irritada com a Má. Por isso nossa amizade é algo que faço questão de manter, não sei o que seria de mim sem essa doida.

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