*Capítulo tá enorme... leiam as considerações ao final.
Capítulo sete:
Dizem que o tempo cura tudo e as feridas se cicatrizam com ele ?
Discordo totalmente e considero uma inverdade fictícia, o tempo não é senão uma camuflagem ao irremediável, que retira a anamnese do foco do nosso núcleo de concentração empurrando-a para o recôndito da nossa atenção momentânea.
No entanto, mesmo assim tive esperança de que funcionasse comigo de alguma forma não no processo de cicatrização, mas apagando da memória e da alma as rachaduras.
Queria eu afastar da mente meus incansáveis e deliberados questionamentos diários, deixando de me martirizar com toda essa carga que carrego.
Sinto-me consumida pelas reminiscências, algumas não tão boas e mesmo as boas são capazes de açoitar meu coração arrancando do meu peito nada mais que dor e uma tristeza lancinante.
É, eu estou quebrada e não sei se um dia os cacos irão se unir...
Sai daquela praça atarantada quase transbordando de tão cheia de conflitos e emoções, que fervilhavam por dentro de tão reprimidos pelo tempo.
Quando vi estava eu chegando no "Velho Monge" como é conhecido o Rio Parnaiba, é o maior rio genuinamente nordestino e infelizmente também o mais poluído de Teresina, ele faz divisa com o estado do Maranhão, um lugar de paisagens lindas e um património histórico belíssimo.
Segui em direção ao antigo cais da cidade eu queria um lugar afastado e mais distante possível não me importava se eu corria perigo estando lá só, estacionei o carro e desci imediatamente, tomei o cuidado de deixar os faróis do carro ligado, aqui é pouco iluminado.
Sentei recostando-me nos degraus que jaziam ali na sua beirada pus a mão no queixo e direcionei meu olhar ao longo da extensão do curso de águas do nosso rio, que parecia calmo diferente da tempestade existente em mim, sem demora tive a mente furtivamente tomada pela anamnese do passado.
Depois de quase não dormir nas noites passadas, acordei em uma manhã quentíssima de quinta - feira decidida e disposta a por fim nessa agonia toda, depois de muito ponderar tomei a decisão de fazer logo o bendito exame, não iria esperar o Gui para descobrirmos se de fato estava eu grávida ou não. A dúvida e a ansiedade ja tiravam meu sossego.
Sem falar que ele estava muito atarefado na faculdade e praticamente vivia no laboratório da mesma, caso desse positivo eu faria uma surpresa para ele. Tenho certeza que encariamos essa juntos.
Eu havia feito o teste de farmácia, agora queria a confirmação certa, sem probabilidade de erros.
O resultado destes me levaram a tomar a decisão de ir até uma clínica e atestar se de fato esses exames eram verídicos ou não. Eu incrédula, não confiava na veracidade das informações obtidas por eles. Fui no laboratório e coletaram o sangue agora era aguardar o resultado.Eu sentia um misto de medo, receio e felicidade, afinal, era o fruto do nosso amor que poderia estar no meu ventre.
Passei os dois dias que se sucederam ao exame de Beta HCG ansiosa e aflita, ja tinha feito milhares de planos e pensado em uma maneira de como falar tudo isso a minha família, caso desse positivo.
Eu temia a reação principalmente do meu pai, ele não sabia que eu e o Gui namoravamos, como no inicio tínhamos uma relação meio doida cheia de idas e vindas, preferi não contar e mesmo depois dela se tornar mais sólida ficamos no anonimato só assumiriámos depois que pelo menos ele terminasse a faculdade,algo que já estava próximo. Já minha mãe sabia, mas não gostava muito da idéia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
FACHADA
ChickLitArisca e ácida, Arminda Bragança é uma jovem agrônoma que vive para o trabalho e se mantém numa posse impassível de boa filha e impérvia mulher de negócios. Aos olhos do povo ela é uma mulher firme, temida e até invejada. Impõe respeito e exprime...