Capítulo 6|Pena, pena, pena|

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Os dois estavam sentados em uma toalha xadrez. A brisa estava mais forte do que o normal, naquele dia.

Ambos observavam o mar quebrando contra a areia. Josh estava sentado, sustentando-se com seus braços, as mãos na grama. Tyler estava deitado, suas pernas no colo de Josh, sua cabeça virada para o lado onde o morro acabava. Um abismo súbito.

"Minha mãe me matriculou numa escola.", murmurou Josh, repentinamente.

"Quê?" Tyler levantou a cabeça.

"Eu vou pra escola daqui. O ruim é que se eu não der certo nela, não vai ter outra preu ir."

Tyler franziu o cenho. Sentou-se, as pernas ainda em cima de seu amigo.

"Não fala assim. Você vai ficar bem, lá.", Tyler socou o ombro de Josh. "Ok?"

Josh sorriu.

"Ok."

"Agora...", Tyler deitou-se novamente. "Por que você saiu da outra escola, mesmo?"

O sorriso desapareceu.

Seu olhar se desviou para o mar. O céu. Seu lar.

Ele queria fugir para lá agora mesmo.

"Eu namorei um garoto."

Tyler sentou-se subitamente e tossiu.

"Você tá bem?", perguntou Josh, sem um pingo de preocupação na voz.

"Desculpa... Achei que você tinha dito que namorou um menino."

"É, eu namorei."

A tosse voltou.

Agora, sua expressão estava irritada. Não era possível que Tyler era um deles...

"Cara. Eu não sabia que você era gay."

Josh não respondeu. Cerrou os punhos. Seus olhos fixos no horizonte.

Quando parou de tossir, se endireitou como se nada tivesse acontecido.

"Legal.", com um sorriso, ele voltou a se deitar.

Josh virou-se para o amigo, novamente. Piscou algumas vezes. Voltou a encarar o mar.

"Mas o quê?"

Tyler percebeu a confusão de seu amigo. Riu.

"Você achou que eu era homofóbico?"

Josh se encolheu, ainda sem olhá-lo.

"Eu não sou que nem eles.", de repente, seu tom era sério. "Eu não deixaria de ser seu amigo. Por nada."

Josh voltou a olhar para ele.

"Agora, me promete", pediu ele, estendendo o dedo, mindinho para cima. "que você nunca vai deixar de ser meu amigo, também. Nunca."

Josh sorriu. Sorriso, meigo, delicado. Queria fazer com que Tyler visse que ele estaria lá por ele.

Sempre.

"Eu prometo."

De mindinhos entrelaçados, eles fizeram promessas que acreditavam que conseguiriam cumprir.

~*~

"Ele fez de novo, doutora.", ele ouviu sua mãe dizer por trás da porta.

"Os antidepressivos não funcionaram?"

"Doutora, eu não sei mais de nada. Ele não fala comigo. Ele nunca sai do quarto.", a voz dela diminuía a cada palavra. Ele teve de se espremer contra a porta do consultório para ouvir melhor. "Desde que... 'você sabe' aconteceu, ele piora a cada segundo."

O coração dele parecia estar sendo esmagado. Ele mordeu o lábio e brincou com seus dedos. Ajoelhado no chão, ele tentava seu máximo para pensar em coisas boas.

Ele não podia chorar.

Não de novo.

"Isso é normal.", informou a doutora, sua voz consideravelmente mais alta que a da mãe. "Aconteceu algo horrível com ele. Nada é pior do que isso."

Um soluço. Ele olhou para o chão de madeira polida. Um chão depressivo que ele tinha de andar sobre todos os dias, às 3 da tarde.

Sua mãe estava chorando. E a culpa era dele.

Chorar.

Uma palavra tão comum para ele, agora.

"Você tem que ficar de olho nele. Você precisa ficar com ele i máximo que puder."

"S-sim. Mas... Sobre a escola. O que eu faço?"

"Podemos conversar sobre isso depois. Nosso tempo acabou. Vejo você na segunda."

E, com isso, a maçaneta mexeu. O menino saltou de perto da porta. Ao vê-lo, o rosto da mãe se transformou em um de vergonha, tristeza, surpresa, medo é pena.

Pena. Ele odiava a pena. Sentimento horrível. É como tristeza, só que por outra pessoa.

Só que... Ninguém pode se sentir triste por outra pessoa.

Ninguém.

"Meu filho...", os olhos vermelhos da mãe, cheios de pena. "Meu amor, você devia ter ficado na sala de espera..."

"Eu queria saber o que vocês falariam de mim."

A mãe sorriu. Sorriso forçado. Sorriso de pena.

Pena, pena, pena.

Subitamente, a mulher se abaixou ao seu lado e o envolveu em seus braços.

"Meu filho, meu filho lindo.", sussurrou. "Meu lindo, querido-"

<...>

Oi!
Tudo bem com você?
Um capítulo bem pequenininho para a felicidade de todos!
É verdade?
Não! :D
Flashbaaaack.
Eu amo esses flashbacks.
Agora, uma coisa importante.
Bem importante.
Se você está aqui por um final feliz, (por que você estaria procurando isso em história de Twenty One Pilots?!) sinto muito. Vai procurar isso em outro lugar.
Você não vai achar isso aqui.
Não vai.
Não, não.
Vai ser legal no meio da história?
Vai.
Eu prometo.
Boooooomm, eu dedico esse capítulo a joswhdun por ter lutado contra uma barata.
Um minuto de silêncio em homenagem a essa guerreira.
Certo! Até o próximo capítulo!

-Ivi💙

O Morro dos Sonhos - JoshlerOnde histórias criam vida. Descubra agora