Capítulo 7|Chuva|

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A chuva aumentava a cada minuto. O clima havia refrescado um pouco naquela terceira semana de julho.

Dois garotos estavam sentados na grama ensopada de um morro lamacento e gélido.

Ambos seguravam a toalha em cima de si para protegerem-se da chuva. O que era ridículo, já que estava sentados na lama.

"Minha mãe vai me matar...", Josh sussurrou.

Tyler se encolheu mais.

"Quando será que a chuva vai diminuir?", perguntou o mesmo.

Josh deu de ombros.

Nenhum dos dois falou mais nada.

Josh estava bem com a chuva. Esse não era o caso de Tyler.

"Eu odeio isso.", murmurou.

"A chuva?", Josh perguntou.

"Não. Eu odeio não poder voltar pra casa."

Josh o encarou, estranhamente.

"Quê?"

Os olhos de Tyler encontraram-se com os seus. Josh não desviou o olhar. Tyler, sim.

"Eu odeio estar preso. Não poder sair de um lugar, por mais que eu tente."

Josh arregalou os olhos.

"Você parece entender sobre isso.", Josh brincou.

Tyler sorriu, fracamente. Não respondeu.

Ambos se agarraram mais forte à toalha xadrez, que não fazia um bom trabalho, já que estava completamente ensopada.

~*~

Os cabelos tingidos de vermelho de Josh estavam grudados em sua testa. Ele não parava de levar as mãos ao rosto para tirar a água do rosto.

Já estavam lá há tempo demais. Ele sabia que Tyler não estava muito bem com a ideia de continuar por alguns minutinhos a mais.

Virou-se para o amigo. Em seu rosto, procurava algo que poderia usar como um assunto.

Tyler continuava olhando para o nada, fora da realidade.

"Sobre o que está pensando?", Josh perguntou, repentinamente.

Tyler se assustou, como se recuperasse-se de um transe. Olhou para o garoto ao seu lado, abismado.

"O quê?"

"Sobre o que está pensando?", repetiu. "O que na sua cabeça?", ele tocou na testa molhada de Tyler. Franziu o cenho. Cuidadosamente, retirou alguns fios de cabelo castanho que chegavam às suas sobrancelhas. Voltou o olhar aos olhos de Tyler. "Então?"

Tyler olhou para baixo.

"Meu pai."

Josh sentiu algo estranho. Era amargo. Desconfortável.

"O que tem ele?"

"Ele mandou uma carta. Ele gosta do 'jeito antigo de se comunicar à distância'. É o que ele sempre fala."

"O que ele disse?"

"Que voltava em cinco de dias."

"De onde?"

"Você virou um detetive, por acaso?", ergueu uma das sobrancelhas. "De algum país na Ásia. Ele sempre viaja a trabalho."

"Seu pai mente.", a mulher sussurrou. "Ele diz que sai a trabalho para ir a seja lá onde satisfaça seus desejos. Ele pensa que não sei."

O Morro dos Sonhos - JoshlerOnde histórias criam vida. Descubra agora