1 - Prólogo

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Miami, Flórida.

Lauren.

– Ao todo foram cinco pontos no supercílio, fratura do septo e de uma costela – um homem que aparentava ter seus quarenta anos, falava tranquilamente enquanto eu me remexia inquieta naquela cadeira. A juíza a minha frente assente em concordância e se pronuncia.

– Que a ré fique de pé – prontamente me levanto e ela dá continuidade – Sob as leis do Estado da Flórida, eu condeno a jovem Lauren Jauregui por agressão. Pena que será cumprida pelo pagamento de seis mil dólares por falta de antecedentes criminais. Está encerrada a sessão. – bate o martelo e eu sinto um alívio tomar conta do meu corpo.

São nesses momentos em que você percebe o quão fora de si o ser humano consegue ir. São nos momentos de raiva em que mostramos quem realmente somos. Sentada nessa sala, sendo condenada, consigo perceber que, por mim, eu não gostaria de ser a juíza que determina o veredito, não gostaria de ser o meu advogado, que depois de muita conversa conseguiu me livrar da cadeia e muito menos o palhaço na qual eu quebrei a cara.

– Você não pode se meter em encrenca mais. Uma próxima vez e você irá pra cadeia, eu não vou conseguir limpar sua barra de novo Lauren. – meu advogado fala ao meu lado e eu concordo lentamente. Não estou muito a fim de falar sobre os últimos acontecimentos.

– Eu não vou permitir que isso aconteça de novo Lauren, me entendeu?

– Mãe, quem é você pra dizer alguma coisa ao meu respeito? Eu não vivo mais com você tem alguns anos então por favor, não venha me dizer o que fazer. – falo acusativa logo depois da primeira vez que a minha mãe dirige a palavra a mim naquela manhã. Ela caminha ao lado de Chris, meu irmão mais velho e eu ainda estou tentando entender os motivos de ela estar aqui hoje.

– Não fale assim comigo Lauren Michelle. Posso não conviver mais com você, mas ainda posso te dar uns bons tapas. Eu ainda sou sua mãe. – ela agarra meu braço, ficando frente a frente comigo.

– Okay gente, já deu por hoje. – Chris se coloca no nosso meio – Laur, vai pra casa. E mãe, vamos embora? Eu te deixo em casa também. – minha mãe me lança um olhar raivoso e se deixa levar pelo tom de voz do meu irmão mais velho. Me desvencilho de seus braços e continuo andando a fim de sair daquele fórum.

Desço as escadas da entrada com a mente fervilhando sobre o que acabou de acontecer aqui dentro. Me pergunto em que momento eu me tornei essa garota fria, agressiva e estúpida. Porque a única razão pra eu ter feito o que eu fiz seja essa, estupidez. Não me arrependo do que fiz, faria de novo e mais uma vez, mas, eu não costumava ser assim. Eu era alegre, apegada com os meus pais, era um poço de carinho e olha só onde eu vim parar. Num tribunal. Tem como ser mais vergonhoso do que isso?

Digito uma mensagem pra minha melhor amiga pedindo pra que ela me encontre e assim que chega a resposta eu guardo o celular, colocando o capacete e subindo na minha moto.

[...]

– Então você foi condenada? – Verônica pergunta pela décima vez sentada em minha frente. Estamos em um dos vários bares que estão dispostos desse lado de Miami enquanto eu falo tudo o que aconteceu pela manhã. Balanço a cabeça pra cima e pra baixo concordando e bebendo um pouco de cerveja. – Qual foi Laur? Foram só alguns socos, não pode ter sido tão grave assim.

– Alguns socos? – lanço em um tom divertido – Não me subestime Iglesias. Eu quebrei o septo do cara e uma costela, e olha que ele merecia mais do que isso viu? – ela gargalha e eu a acompanho.

– Okay então mulher de ferro. Pelo menos você não foi presa, já pensou como seria horrível? Porém – ela inicia colocando um dedo no queixo como se estivesse pensando e eu já sei que vem besteira – se fosse no estilo de Orange Is the New Black seria o máximo né? – Não falei?

Sob o mesmo céu Onde histórias criam vida. Descubra agora