XXI. História

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[N/A: Olá pessoas bonitas!
Capítulo em primeira pessoa para que Sra. Johannah possa se explicar. Alguns vai odiar ela menos, alguns não, mas pelo menos ela vai se explicar.
Obrigada pelo amor, pelo carinho, pelos comentários e recomendações. Obrigada até pelos surtos e pelos ataques de raiva. Vocês são lindos e eu amo todos vocês. Sintam-se abraçados porque a fanfic está acabando.
Beijos e boa leitura.]

 Johannah

Era fácil julgar as ações das pessoas ao redor quando não se sabia o que as levava a tomar aquele tipo de atitude; eu sabia bem disso.

Por exemplo: era absurdamente normal chamarem um assassino de louco, claro, mas e se por um acaso ele tivesse nascido no meio de uma guerra? E se por acaso ele houvesse crescido vendo as pessoas que amava sendo mortas todos os dias?, será que continuariam chamando-o de louco? Ou ele passaria a ser apenas uma criança traumatizada, moldada pelo ambiente após ter tirado a pior das sortes quando rolou os dados do destino?

Bem... Acho que quando as pessoas compreendiam essa metáfora, se tornava muito mais fácil entender o mundo da maneira que eu o via. Bem dizem que só se pode julgar as atitudes de outrem quando se é capaz de andar com seus sapatos.

Não, eu não me considerava uma santa e sabia muito bem que estava descarregando a culpa de várias pessoas em outras que tinham muito pouco ou nada a ver com a situação, mas cada um mantinha sua própria sanidade como queria, eu mantinha a minha assim.

Ainda assim demorou muito para que Harry  me fizesse a pergunta certa, ao invés de vir com aquele moralismo barato que apenas alguém como ele poderia usar sem parecer o ser humano mais cafona da face da Terra. Me empertiguei na cama e molhei os lábios. Ia ser uma história relativamente grande e eu precisava saber por onde começar, então, passei alguns segundos quieta, medindo as palavras, mesmo que não fosse muito fã de eufemismos.

— Provavelmente não há como você saber disso, Sr. Styles, mas sou de uma família extremamente pobre. Nasci numa cidadezinha minúscula que basicamente sobrevivia de plantações de feijão, bem longe de Londres. — Passei a contar o que ele queria saber, vendo-o se sentar em umas das cadeiras que havia por ali, entendendo que não terminaria tão cedo. — Meus pais trabalhavam numa dessas plantações praticamente doze horas ao dia, tentando colocar comida o suficiente para quatro filhos que eles não souberam evitar.

— Eu era a filha mais nova, que foi recebida como uma benção por eles, afinal, conforme fui crescendo, passei a chamar atenção pela minha aparência, que por uma obra do destino me fez caber exatamente nos padrões que a maior parte dos britânicos consideravam ideais, perfeitos. — Continuei, enquanto brincava com uma mecha de meu próprio cabelo, despreocupada. — Com onze anos de idade eu já ajudava meus pais na plantação, assim como todos os meus irmãos mais velhos, e nunca tive chance de poder estudar, apesar de toda a mídia mundial dizer que a Inglaterra é quase desprovida de analfabetos. Eles também não mostram Cannon Park, em Middlesbrough ou nenhum outra área de pobreza, então meio que essa não é a revelação do ano.

Suspirei, dando de ombros. 

— Para as pessoas que realmente tem o que comer, o que vestir e ainda encontram tempo para reclamar da vida... Pessoas como eu eram insignificantes. Ninguém fala sobre nós. A maior parte sequer lembra que existimos. Mas, isso não vem ao caso... — O encarei por alguns instantes, vendo que Harry Styles realmente estava prestando atenção no que eu dizia. — O que vem ao caso é que quando completei quinze anos, o  dono de uma companhia gigantesca veio parar na minha cidade, buscando um lugar para construir mais uma de suas filiais... Seu nome era Mark Tomlinson.

— Aquilo causou certa euforia entre os moradores da região, que viam uma a chance de fazer a cidade crescer com aquela nova empresa se instalando ali ou pelo menos de haver novas vagas de emprego menos voltadas para extrações primárias... Até hoje, acho que eu fui a única que não ficou muito feliz com a ideia... — A parte desconfortável começaria naquele momento. — Dois dias depois de sua chegada, eu tive que voltar mais tarde pra casa, obedecendo um pedido de minha mãe para que eu comprasse algumas coisas. Para meu azar, ou sorte, entenda como quiser, acabei esbarrando com o Sr. Tomlinson no caminho.

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