III. Rejeição

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Assim que Harry colocou os pés na rua, longe dos olhares de pessoas conhecidas, sentiu seus olhos queimarem enquanto deixava lágrimas de desespero correrem por seu rosto, criando uma trilha molhada e quente que pingava ao chão quando alcançava seu queixo.

Enquanto corria em direção ao hospital que, graças aos céus, não era muito longe de sua universidade, alguns transeuntes paravam o que estavam fazendo para ver o rapaz cortando pelas ruas com os olhos vermelhos, num choro quase aberto.

Se algo de grave tivesse acontecido com Louis... Se o Styles acabasse perdendo seus sorrisos, suas manhas, seus abraços e pedidos de colo, provavelmente o psicológico do universitário não conseguiria ativar todos os mecanismos de defesa que havia utilizado para superar a morte dos pais. Ele já havia passado por perdas demais antes dos vinte anos, não possuía estabilidade o suficiente para isso.

Limpou seu rosto molhado com as costas das mãos. Não podia chegar chorando no hospital. Se não fosse nada grave, provavelmente o pequeno iria se desesperar por ver o Styles aos prantos. Pelos deuses, Harry era um adulto, não podia se descontrolar dessa forma apenas porque recebera um maldito telefonema.

Quando finalmente viu a entrada do hospital, entretanto, sentiu o próprio coração acelerar compulsivamente, desesperando-o mais uma vez. E teve de praticamente engolir aquele sentimento sufocante antes de entrar.

O prédio todo era pintado em tons pastéis e não importa o quanto aquilo significasse limpeza, junto com o cheiro quase ansiolítico de álcool e desinfetante, aquilo nunca deixaria de incomodar Harry. Ele dirigiu-se até uma das atendentes, que lhe olhou de cima a baixo, como se o estivesse avaliando em alguma boate. Conteve como pode o desprezo pela ação.

—Um garotinho foi trazido pra cá. O nome dele é Louis Tomlinson. — Falou tentando recobrar o fôlego que perdeu durante a corrida. Por causa de Louis, o universitário provavelmente já possuía condicionamento físico o suficiente para participar de uma maratona.

A mulher, que não deveria ter mais de vinte e poucos anos, fitou o piercing que havia no lábio inferior do Styles por mais algumas segundos, antes finalmente conferir o banco de dados pra saber onde o baixinho estava.

—Procure na sala de... — Quando ela começou a responder, Harry sentiu alguém tocando seu ombro. Parou de dar atenção às palavras da moça, encontrando Trisha carregando Zayn em seus braços protetoramente.

—Vamos logo, antes que o Lou saia. — Ela segurou o antebraço de seu pseudo-afilhado, que simplesmente a seguiu, finalmente sentindo os próprios níveis alarmantes de epinefrina pararem de circular em suas veias, acalmando-o aos poucos. Se ela não estava metida num choro compulsivo, significava que não era nada de extrema urgência.

—Onde ele está? O que aconteceu? — Jogou as perguntas, atropelando um pouco as frases, sendo guiada pela mãe de Zayn Malik por entre os corredores brancos do hospital, até chegarem diante da porta de uma sala de espera, que estava vazia.

Viu a Srª. Malik abrir a boca pra lhe responder, entretanto a porta que se encontrava nos fundos da sala foi aberta e ela se calou novamente. Lá de dentro saiu uma enfermeira, vestida totalmente de branco, com os cabelos lisos tingidos de vermelho, segurando o Tomlinson no colo com o instinto materno transbordando de seu semblante.

Louis estava com o rosto todo manchado de lágrimas secas, sua expressão deixava inegável o fato de que ele não estava muito confortável com alguma coisa e só pelo modo com que ele se acomodou nos braços da mulher, Harry conseguia ter certeza de que ele não gostava daquele colo.

Pela forma como a enfermeira o segurava, o Styles não conseguia ver nada de errado, aparentemente, com ele; porem assim que ela se aproximou e ele tentou esticar os braços, pedindo meu colo, ele pôde ver o que estava extremamente errado: seu braço esquerdo estava engessado até um pouco á cima do cotovelo e quando ele tentou esticá-lo, provavelmente forçou a fratura, fazendo com que automaticamente seus olhos se enceram de lágrimas novas.

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