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VIII. Apanhador de Sonhos

Louis Tomlinson pousou os olhos sobre os números que haviam em sua folha de prova, sem saber ao certo para que eles serviam. Não por burrice, ou por não saber a matéria, mas porque sua cabeça estava mais parecendo uma cena pós apocalíptica, de confusão e destroços, do que de um cérebro pensante.

Já fazia quase uma semana que ele havia ligado para Harry, contudo, o mais velho não havia aparecido. E chamassem de criancice, ou o que fosse, mas Louis havia ficado magoado com aquilo. Magoado ao ponto de ter desligado o próprio celular e o largado no quarto como se o aparelho não existisse, além de estar voluntariamente ignorando as ligações que lhe faziam, por intermédio da coordenação do colégio. Se Harry quisesse falar com ele, teria de ir até ali, e com Harry ali, seria fácil para o Tomlinson conseguir convencê-lo a tirá-lo de lá. Sempre soube dobrar o mais velho quando precisava.

Entretanto, havia uma possibilidade de o mais velho estar assustado consigo... Havia meio que se declarado para ele da última vez. Havia se declarado para uma pessoa que cuidou de si como se fosse seu pai, durante toda uma vida. Mas que opção tinha? Justin Bieber continuava com aqueles sorrisos cínicos sempre que tocava no assunto sobre o que haviam feito na noite em que resolveu beber, criando mil monstros na cabeça de um Louis que temia mais do que tudo a possibilidade de haver mais empecilhos entre ele e Harry. Como convenceria o Styles de que seus sentimentos por ele eram honestos quando saía transando com outros caras?

Louis começou a desenhar círculos na própria folha, olhando-a fixamente, como se realmente estivesse tentando resolver aqueles malditos exercícios. E se Harry nunca viesse, por estar com medo de si? E se nunca fosse ser nada além de um irmão mais novo ou o filho para o mais velho? O Tomlinson não sabia ainda como lidaria com aquilo... Havia criado uma expectativa tão grande em cima daquele sentimento que provavelmente não saberia nem como conviver com Harry se tivesse de reprimir tudo aquilo depois de anos alimentando-os.

—Louis Tomlinson! — O adolescente só conseguiu compreender que estava sendo chamado quando a mão do professor estava em seu ombro, tirando-o do transe de seus próprios pensamentos.

— Perdão, professor. — Pediu, abaixando o rosto, realmente envergonhado por ter dado aquele tipo de gafe. Era um aluno quase exemplar.

— Pelo amor de Deus garoto, pare de voar perto de Plutão e preste atenção no que eu estou falando. — A expressão do senhor que lhe dava aulas de álgebra estava preocupada e não nervosa, como Louis havia imaginado. Aquilo o acalmou. —Você tem visitas, menino. Estão te esperando no pátio leste.

O coração do menino começou a socar sua caixa torácica com tanta força que ele sentiu que seus ossos iriam quebrar. Harry havia ido lhe buscar? Havia mesmo?

Abriu um sorriso de orelha a orelha e já levantou-se de supetão da cadeira, ignorando completamente a prova incompleta e o professor, que riu com sua animação, saindo porta à fora como se estivesse sendo perseguido. Chegou aos corredores, atravessando-os com pressa, para que pudesse desembocar numa das escadas, cujos degraus ele pulava de dois em dois, em direção ao térreo.

Entrou no pátio leste reconhecendo os cabelos negros de Zayn de forma quase automática. Deus, ele havia vindo também! Luke era um amigo espetacular, mas Zayn Malik estava em sua vida há mais tempo. Fez parte de mais momentos e... Nossa, sentia tanta falta dele!

Zayn o viu se aproximando e separou mais os pés, como se buscasse mais apoio, esperando pelo abraço que viria. Louis se jogou no peito do amigo, passando os braços por sua nuca enquanto era segurado pela cintura, fazendo o Javadd bater as costas na parede para que não caísse sentado.

—Hey, Lou! — Saudou, abraçando o menor com força contra o peito. Sentia falta do melhor amigo. —E que cabelo é esse? Harry já sabe disso? Porque algo me diz que ele vai surtar quando vir, mesmo que tenha ficado muito bom em você. — Os fios mais claros de Louis haviam lhe deixado mais maduro, como se fizessem o trabalho de tirar o restante dos traços infantis, além de ressaltar a cor de seus olhos. Ele havia ficado muito bonito daquela forma, principalmente se somado ao corte de cabelo, mais repicado, com uma franja mais longa. Zayn aprovava.