Recuperei todas as minhas forças e me deparei com um amanhecer diferente. Leio todas as passagens que encontro nesta imensidão e tento recriar o caminho em que desejava passar. Procuro uma espécie de universo alternativo que una realidade e razão, um tempo real que me traga a esperança para permanecer, quero um sorriso que abra portas, um olhar que brilhe mais que as estrelas, mesmo que não verdadeiramente, mas pelo menos para mim, quem sabe...Quero um amor que resista a temporais e que venha a valer todo o oxigênio usado, busco encontros e proximidades, o recurso de um ombro que permaneça sempre amigo, e talvez até uma chance de ser mais do que eu sou.
Espero que entenda todos esses meus deslumbres. Não é questão de imaturidade, mas é que ás vezes nos deparamos com a necessidade enorme de um colo, e um mundo perfeito, quando na verdade em nossos íntimos sabemos que estamos rodeados por monstros, infratores, e pequenos e grandes corações maus. Tudo que queremos não é alguém sem defeitos, mas alguém que não deixe que seus defeitos definam as pessoas que são.
Acredito que o tempo passa rápido demais, e passar a vida toda procurando esse alguém dói um pouco. Acabamos como sonhadores esperando a pessoa diferente das outras, a que chame nossa atenção, que salte ao nosso olhar, esperando a oportunidade, o pontapé, o empurrãozinho. Nos sentimos sós quando todo mundo vai dormir, e nossos pensamentos criam vida e tentam engolir todo o nosso sono. E é assim tão ansioso o desejo, e tão inquieto o coração.
Não seguimos roteiros, nada é tão previsível e gerenciar e cronometrar o tempo é tentar pertencê-lo, o que está fora de nosso alcance. Não somos na real tão grandes, tão inteligentes e perspicazes como dizemos ser, nos acostumamos a desejar alegria e amor e que tudo seja de acordo com nossos intentos, mas a chuva também precisa cair, a dor precisa nos visitar. Com ela aprendemos a ser mais fortes, somos seres fortalecidos pelas quedas, ou ao menos deveríamos ser. A dor é o que nos lapida, e essa é só uma clássica realidade tão repetida, com a qual estamos tão familiarizados e mesmo assim ainda nos deixamos desesperar.
Então vejo mais uma vez no espelho um sorriso disfarçando os medos e incertezas que o tempo que passou me trouxe de bandeja. Tantas negações e contradições que me levam a perceber que os costumeiros sentidos ainda são os que permanecem. Mas me contaram que ainda há um degrau acima, uma palavra a mais, algo a mais para contemplar, alguém para que eu possa esperar e ter certeza que virá, por isso não me desesperarei. Ainda via trevas e despedidas nas doces almas azedas que me encontravam, todos um pedaço de histórias congeladas ou derretidas, fortalecidas ou quebráveis que nos olham de longe, e não nos veem, não nos percebem. Tantos costumes, roupas, trejeitos e maneiras de ser e na verdade são todos tão iguais se encharcando em uma enxurrada de modinhas e ditos tão baseados em si mesmo e no agora. Vivem como se tudo isso fosse só e simplesmente tudo isso.
Por tudo isso vim dizer que fugi destes muros de paixão, arrumei de pronto todas as malas e únicas certezas que tinha e resolvi descer, não tem por que continuar seguindo essas emoções que extinguem. Compreenda, eu tinha que ir, não será aqui que encontrarei, paixões são aos montes, cansei de montanhas, de subidas e descidas, só preciso de um solo plano e fértil.
Me contaram que um dia virá o meu bem. Sei que há de vir, eu acredito nisso e esperarei, juntarei minhas forças para viver minha vida de maneira que o agrade, abdicarei dos meus conceitos bobos e viverei suas palavras e como uma noiva bem trajada, cujo os olhos anseiam e brilham ansiosos visto-me da real beleza, enfeito-me de desejo e sinto-me atraída pelo que viria a me dizer, imagino o tom e sonoridade da sua voz que transmitirão paz.
Ele provou o amor dele por mim, e eu creio nele. Ele nunca esteve à minha frente, e nunca senti a sensação das suas mãos, nem olhei nos seus olhos, mas de certa forma eu já o amo. Me perguntam como posso amar alguém que não vejo e repito que o amor é exatamente isso, não precisa estar materializado para existir, só preciso sentir. E isso é o que me basta. Por isso estou através dessa carta dizendo adeus a você, velho eu.
YOU ARE READING
Relatos do meu subconsciente
PoetryUm tanto quanto delicadamente apresento-lhe poesias transparentes e textos do âmago do meu ser. Seja bem vindo(a) aos Relatos do meu subconsciente consciente.