É sempre uma descoberta. Dê-me uma xícara de chá. Um ambiente calmo e um aroma fresco vindo pela janela, com certeza fariam me sentir confortável, facilmente desabrocharíamos uma conversa brotada da previsível timidez do início. Não seria como uma consulta com um psicólogo, não abriria seu coração, nem interpretaria suas fases, apenas trocaríamos experiências, enriqueceríamos a vivência um do outro com a tranquilidade do início das coisas. Como o nascer do sol arredio e tímido, e a maré baixa logo que o dia começa, como o aroma da noite, quando vamos dormir cedo na calma do outono.
O começo deve ser pacientemente conservador, não abriremos ainda as portas de nossas alma, nem despejaremos nossas avalanches um no outro. Apenas nossos valores e nossas abstrações internas e externas encortinadas pela seriedade exigida pelo dia a dia, sem exigir profundidades, só e naturalmente exibir nossas visões de mundo, e de nós mesmos, sem farsas, mas também nada de abrir o jogo. É preciso ter paciência. Existe muito na imagem e na expressão visual, existe muita poesia, inspiração e transpirações que se simplesmente nós decidíssemos definir e classificar perderia toda a magia do desconhecido.
Tentaria ler suas expressões faciais, seus gestos, a maneira que balbuciava as palavras, e se havia alguma mania estranha, ou algum hábito ansioso quando se está a frente ao desconhecido. Notaria a forma que se veste ou o lado que penteia o cabelo, seria um amante da monocromia, do tom divertido da mistura das cores, um ambicioso vestido à moda, ou um desleixado misterioso? Não se importaria com cortes de cabelo, ou estaria sempre bem apresentável?
Esperaria um sorriso ao menos pela simpatia, e que me estendesse as mãos com o mesmo sorriso na entrada e na saída. Seria marcada pelas primeiras impressões, mas me preparando para não me apegar a elas.
Sem pretensões, apenas a pureza das primeiras coisas.
Isso é só o começo.
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Relatos do meu subconsciente
PuisiUm tanto quanto delicadamente apresento-lhe poesias transparentes e textos do âmago do meu ser. Seja bem vindo(a) aos Relatos do meu subconsciente consciente.