25 - Vampire (DO KYUNGSOO)

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Boa Leitura!

“Não há nada mais perigoso e estimulador para o Ego do que o Amor e suas façanhas.”

~ Freude Silberberg

     Cresci ouvindo meus avós contarem sobre as lendas da região onde vivemos, mas como não passavam de histórias bobas ditas para assustar as crianças, por um tempo passei a não dar tanta importância. Vampiros sempre foram as figuras misteriosas que mais me chamaram a atenção nos livros de romance juvenil, e jamais imaginei que os desejos contidos em meu coração fossem se realizar desta maneira. 

     Vistos como seres malignos, fadados ao sofrimento eterno pelo simples fato de terem sido castigados pelos deuses, já deveriam imaginar o que aconteceria com vampiros na sociedade de hoje. Sim, eles existem e não somente em páginas amareladas dos romances antigos, tampouco são cem por cento cordiais como as descrições de uma das minhas autoras favoritas. 

     Nem todos são cavalheiros como Edward Cullen, e foi no último verão, enquanto eu explorava as ruínas de um antigo palácio local, que o conheci. Kyungsoo está bem longe de ser como as versões fantasiosas de Hollywood, mas em momento algum seus olhos avermelhados e sua sede de sangue me deixaram com medo. 

     Talvez eu não seja como as moças comuns, meus avós sempre me disseram isso em razão de meu espírito aventureiro. Estou bem longe de ser alguém dependente e indefesa, pelo contrário, minha personalidade forte me salvou por diversas vezes. Diante daquela olhar frio acreditei que não fosse escapar com vida, só não imaginava que a partir de tal momento, o mundo ao qual me apresentaram é mais ilimitado do que aqueles que nossos pais contam. 

     Não sei se devo chamar isso de sorte, mas se meu coração ainda bate e os sangues circulam quentes em minhas veias, é porque Kyungsoo não teve coragem o bastante para tirar minha vida. Bom, o mesmo não posso dizer dos inúmeros humanos em sua mansão neste exato momento, boa parte atraídos pelo convite que ajudei a espalhar. 

     É cruel saber que a maioria encontrará seu fim sem sequer estarem conscientes para isso? Talvez sim, mas não ouso negar que boa parte deles merece coisa pior do que virar jantar de um grupo de vampiros famintos. Seres humanos são hipócritas, quanto menos pessoas tiverem no mundo, mais ele irá se tornar um ótimo lugar para se viver. 

     Não é tortura conviver no meio deles, até porque sabem perfeitamente o que acontece caso alguém toque em mim sem permissão. Kyungsoo foi capaz de ordenar a morte de alguém do próprio clã, um vampiro considerado seu braço direito, tudo por ter escutado a sugestão de que deveria parar de brincar com a comida e me enviar logo para o final esperado. 

     Como líder do clã, ele não costuma ser muito tolerante quando o tiram do sério. Suas ordens são seguidas sem contestação, afinal quase todos respeitam a hierarquia e àquele que tenta intermediar a convivência com os humanos, mesmo estes não sabendo da existência real de sua espécie. 

     Kyungsoo e eu temos um tipo de relação ainda sem títulos, costumamos nos pegar vez ou outra, uma das melhores sensações do mundo devo ressaltar. Porém, ele respeita minha decisão de não me tornar uma deles, opinião que tive até a pouco tempo, algo que definitivamente mudou com a convivência. 

     Minha maior relutância era saber que a vida passaria para as pessoas que amo, que em algum instante as verei morrer uma a uma. A ausência destrói, e para me tornar imortal preciso superar a difícil tarefa de aprender a lidar com isso. É fácil para eles dizerem que tudo se torna mais fácil, nasceram assim e raramente presenciaram familiares sendo extinguidos por causas naturais. 

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