Be something

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  No meio do teatro da minha vida, ser quem realmente sou é difícil.
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- Ainda não entendo porque fazemos isto. - O meu humor matinal está no auge. E Cameron olha para mim com um ar divertido. As flores que ele carrega nas mãos são movidas de um lado para o outro, sem parar. - Tira essa cara de parvo, por favor.

- Fazer o quê?  - Ele pergunta arqueando a sobrancelha.

- Por amor de deus, Cameron.  - Bufo impaciente.  - É um almoço de família. E por muito que te adore, tu não és família.

- Há!  Isso. - Gargalhou fortemente. - Eu não tenho culpa que a tua mãe me ame. Afinal, já olhaste bem para mim?

- Sim, e por acaso não és nada de extraordinário. - Eu estava obviamente a mentir. É claro. Mas Cameron é mesmo um gozão e eu não alimentaria ainda mais o seu ego.

- Achas mesmo isso? - Ele questionou aproximando quase demasiado. Eu lembro o tipo de homem que ele era. Romântico, sensível e fiel. O tipo de homem que eu evito, sempre. Mas em certos momentos da vida, recordo o que tínhamos e aquele amargo arrependimento, teima em aparecer. Mas, Cam e eu. Éramos um capítulo encerrado. 

- Sim. - Falei fingindo. Afinal, fingir é a minha arte. A sua respiração embatia contra a minha pele. Despertando sentimentos à muito adormecidos.  Engoli em seco. Os seus olhos estavam fixos nos meus em busca da verdade. Ele conhecia-me tão bem. As portas do elevador abriram-se de par em par.

Revelando uma Dona Odete toda sorridente. O espanto estava presente no seu rosto quando observou a proximidade entre mim e Cameron. Afastámos-nos. - Meus queridos. - Balbuciou abraçando Cameron. 

Aff. Quase posso jurar que ele é que é o filho dela, e não eu.  Começo a pensar que sou adotada ou algo do género.  - Bem que poderias aparecer mais vezes. - A minha mãe fala para mim em forma de reclamação.  Os seus olhos quase brilham quando Cameron lhe entrega as flores. Otário! Grachista! Ele sempre se lembra de trazer algo.

Eu nem respondo, preferindo contar até dez e respirar vinte vezes. Antes que pela minha boca me saia trinta por uma linha. Caminho, atrás deles. Enquanto que a minha graciosa mãe quase leva Cameron ao colo. Bufo disfarçadamente. 

- Onde está o pai? - Pergunto enquanto entro naquele que outrora foi o meu lar. Tudo permanece como sempre, e eu gosto disso.

- Oh filha, ele foi ao pão.  Mas sabes como ele é, tarda sempre em chegar. - Ela fala movendo as suas pernas pequenas em direcção à cozinha. Cameron, vai atrás dela provavelmente para saber o que é o almoço. Eu atirá-lo para o sofá,  enquanto vejo algo na televisão.

- Adoro esta casa. - Cameron fala com a boca cheia. Guloso! - Ainda com uma batata frita na mão, sente-se do meu lado.

- Ao que tu comes não sei como é que ainda tens um porte atlético. - Falo fitando a televisão.

- Tu tens é inveja! - Ele exclamou abrindo a boca, ainda com uma mescla de batatas trituradas.

- Ugh! Que nojo pah! - Falo levantando-me e Sentando-me no divã. 

- Antes não tinhas nojo. - Ele fala agora sem nada na boca.

- Eu não sei o que se passa contigo hoje. Mas, por acaso o nome Serena diz-te alguma coisa? - Pergunto irónica, referindo-me a sua estúpida namorada. Ela é tão sem sal, que até dá vómitos.

- Por acaso diz. - Ele ri, retirando o seu telemóvel. - O meu telemóvel faz um bip, quase de imediato. Verifico, que é uma notificação do Facebook.  Leio, volto a ler. E ainda não acredito.

Cameron Dallas está numa relação aberta com Taylor Swift.

- Quando eu penso que não podes ser mais estúpido,  tudo fazes isto!! - Eu reclamo contendo a vontade de lhe arrancar os olhinhos. - Apaga isso!

- Não. 

- Tens noção que vais ser castrado? - Pergunto, sabendo que a Serena (tem mania que sabe tudo) o vai literalmente esfolar assim que ler uma coisa dessas.

- Não me digas. - Falou com alguma indiferença.  Alguma coisa estava mal.

- Não me digas que a dona nariz impinado já te deu um pontapé no cu? - Ironizei só um bocadinho mais.

- Logicamente, minha amiga. - Eu pausou um pouco e aproximou-se arrastando-se pelo sofá. - Fui eu quem lhe deu o pontapé no cu.

- Huhum. Finjo que acredito.  - Cruzei os braços, enquanto que observava o que quer que passasse na TV. Afinal tinha que mostrar que nada daquilo me interessava. - Tu sabes que sempre contamos a verdade da forma que quisemos.

- Alguma vez te menti?  - Ele perguntou, e aquilo deu uma volta ao estômago.  Neguei com a cabeça, incapacitada de falar. - Tu conhecer-me como ninguém, Taylor.  Sabes tudo sobre mim, assim como eu sei tudo sobre ti.

Ai, se tu soubesses Cameron.

Aquele amargo sabor de culpa apareceu, gostava realmente que ele soubesse tudo sobre mim. Mas nem tudo pode ser contado.

- Olá querida. - O meu pai falou assim que entrou pela sala adentro com o saco de pão na mão.  Beijei-o na face e dei-lhe um abraço esmagador. As saudades que eu tinha do meu velho eram imensas. A minha mãe chamou da cozinha e fomos logo. Claro, todos atrás do Cameron.  Porque esse foi o primeiro a sentar à mesa.

Sou Puta, E Então? 🔞HOTOnde histórias criam vida. Descubra agora