Be normal

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Em cada dia normal,  tem sempre alguém que esconde um segredo. E assim o torna excepcional.
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- Não te cansas de trabalhar à noite? - Cam fala enquanto se senta no sofá com uma taça de pipoca na mão.

- Não.  É calmo. E eu gosto disso. - Respondo o de sempre. Sentando-me ao seu lado.  Nós somos aquele tipo de amigos, que já passamos a algo mais. Mas que não funcionamos como algo mais.

- Pois mas estar num escritório quase deserto rodeado por papeis velhos não me parece grande coisa. - Ele afirma.

- É o que me dá dinheiro. E o que comprou essas pipocas que estás a devorar. - Eu ri. Apertando o play.

Hoje vamos ver as cinquenta sombras de Grey. O filme erótico mais cobiçado de sempre. Quero dizer eu devorei s trilogia em menos de uma semana. Posso dizer que estou em pulgas para o ver. A atenção demonstrada por Cam é fascinante, não tinha ideia que o masoquismo lhe dava tanto interesse.  Será que se soubesse que a sua melhor amiga é acompanhante de luxo ele também acharia interessante? O meu subconsciente ri perante a mera ilusão do meu pensamento.

Nunca, mas nunca ele lidaria com essa descoberta. Tenho quase a certeza que ele acabaria por surtar e a nossa amizade teria um fim trágico.  - Já te imaginaste a ter este tipo de sexo? - Ele pergunta com a boca cheia de pipocas.

- Hum, eu... Sei lá Cam. - Ele apanhou-me desprevenida. - Deve ser interessante não achas?

- Interessante?  Levar porrada? - Ele arqueou a sobrancelha e fitou de novo o ecrã. Anastacia Stelle, provavelmente a mulher mais espancada do século está neste momento a levar umas boas vergastadas no rabo. - Vês aquilo?

- Sim. E não me parece tão aterrador. 

- Falas a sério?  - Ele parecia incrédulo. - Taylor Swift, estás a revelar-te.

- Tu não me conheces Cameron.  Eu sou bíonica. - Rimos em conjunto. Oh, como eu adorava o meu amigo.

O seu telefone toca pela milésima vez hoje. E ele rejeita a chamada pela milésima vez hoje. - Não achas melhor atenderes?

- Ela sofoca-me Taylor. - Ele coloca a taça sobre a mesa de centro e suspira. - Ela pretende que eu esteja disponível vinte e quatro horas por dia. Só para ela.

- Bom Cam, ela sempre foi assim.  - Só ele não via. - Desde o início que ela controla cada passo teu. Só percebeste agora porque vivem juntos.

- O que posso fazer? - Espreguiçou-se para trás e encarou o tecto.

- Tu gostas dela?

- Eu gosto do sexo com ela. E claro dela também. Só queria que não fosse tão possessiva.

O nome Serena pisca novamente na tela do telefone. Ele suspira e leva o aparelho ao ouvido.

- Sim?  Não ouvi... Vou já.  - Agarrou o seu casaco e preparou-se para sair.

- Lembra-me outra vez porque é que nós não demos certo?

- Porque éramos melhores como amigos. - Eu ri. - E também porque tu na cama não eras grande coisa.

- Assim fico ofendido. - Ele riu. Despediu-se e saiu. 

Todo aquele silêncio era avassalador.  Lembrava-me como a vida de prostituta era solitária.  Bufei. Pelo menos amanhã já tinha compromissos e a minha folga terminava. De todos os trabalhos, o meu deve ser dos poucos que deixam saudades.

Sou Puta, E Então? 🔞HOTOnde histórias criam vida. Descubra agora