Capítulo 31

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Minhas pernas bambearam e eu me posicionei na frente de Nicholas por instinto, sentindo seus braços à minha volta. Os policiais não desfizeram a postura, sabia que miravam em seu peito e cabeça, mas eu nunca deixaria que ele se machucasse. O meu marido.

Ao fundo da igreja, vi Aimée entrando com um lenço nas mãos, vestida em roupas pretas como se estivesse de luto. Noah vinha ao seu lado, apoiando-a e Bianca logo atrás deles parecendo um tanto perdida. Marceline não vinha junto, com certeza Aimée não conseguira influenciá-la porque a mulher acompanhou tudo desde o início.

- Fiquem onde estão! - Um dos atiradores gritou.

- Não machuquem ele! - Choraminguei.

- Saia daí, Blue Blanchett! Venha aqui agora mesmo! - Aimée ordenou, a voz nem um pouco embargada como deveria estar.

Eu podia ver a decepção nos olhos com olheiras profundas de quem costumava ser meu melhor amigo. Bianca só parecia surpresa.

- Não! - Me virei para Nicholas, que tinha os olhos semicerrados em direção ao que costumava ser a nossa família. - Por favor, diga que não é o fim. - As lágrimas brotavam em meus olhos e escorriam enlouquecidas por meus rosto.

Os olhos de Nicholas se voltaram para os meus e eu podia vê-los marejados. Era o fim. Tomei seu rosto em minha mãos e pressionei nossos lábios. Entreabri para que nossas línguas se encontrassem e Nicholas não protestou, acompanhando meu ritmo calmo. Um beijo triste, molhado pelas lágrimas que escorriam de nossos olhos. Seus braços me puxaram para si e eu entrelacei os meus próprios em seus ombros.

O beijo foi desfeito cedo demais, mas como poderia se prolongar se nos encontrávamos em meio ao caos?

Quando me virei, encontrei o delegado bem atrás de mim pronto pra prender um homem inocente. Senti ódio da autoridade e do seu sorriso esperto.

- Nicholas Hayes, você está preso por abuso sexual de menor, por postar material pornográfico pedófilo na internet e por sequestro. Acho que esse casamento também pode ser acrescentado à sua lista, não acha? - Questionou enquanto algemava o meu marido.

Nicholas permaneceu calado e eu fui atrás deles, ainda aos prantos enquanto passava pelos meus amigos e quem eu costumava chamar de mãe. Não deixei que me tocassem ou se explicassem, apenas me embrenhei em meio aos atiradores, correndo para poder alcançar o homem que eu amava.

A imprensa estava por toda a parte. Câmeras fotografando e filmando, repórteres fazendo perguntas incabíveis e eu já não tinha forças para dizer uma só palavra. Parei em frente à viatura que levava Nicholas, tocando o vidro e encontrando o seu olhar. A última coisa que vi foram seus lábios pronunciando um "eu te amo".

Ajoelhei-me no asfalto e cobri o meu rosto. Os repórteres estavam sendo impedidos de chegar até mim através de uma barreira formada por alguns policiais e aquilo me deu alguns minutos. Senti o toque de uma mão nas minhas costas e repeli de imediato, me levantando e vendo os olhos inchados do meu melhor amigo.

- O que foi?! - Gritei, chamando a atenção dos repórteres que ficaram em silêncio. - O que ela te disse? - Empurrei o seu peito. - Fala pra mim! Ela te disse que mentiu pra mim a vida toda? Ela não é a porra da minha mãe! A minha mãe morreu! Morreu! - Os berros ficavam cada vez mais alto. Noah não tinha reação, apenas de olhos arregalados enquanto eu o empurrava pelo peito. - Essa é a minha irmã que achou que ia ser legal mentir para mim e anos mais tarde tirar a única coisa que eu tenho. Ele era tudo o que eu tinha, porra! - Apontei para onde a viatura havia ido.

- Blue, calma... - Bianca veio me abraçar e eu me soltei, me afastando alguns passos.

- Calma o quê?! Por que eu tenho que ter calma?! Vocês... - Apontei para eles, mas sabia que a culpa não era deles. Procurei pelos cabelos loiros na multidão e lá estava ela, na porta da igreja, a expressão de triunfo. - Você! Não sabe o que é amor!

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