Epílogo

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- Serena, por favor. - Eu gemia, chacoalhando a bebê que chorava em meus braços. - Durma, pelo amor de Deus.

Eram quase duas horas da manhã e eu tentava fazer a bebê de quase seis meses dormir. Como não mamava mais no meu peito pela falta de leite que todo o estresse da gravidez me causou, estava mais pesada do que o normal.

- Precisa de ajuda? - Nick apareceu no quarto da bebê, abrindo a porta com calma enquanto ouvia a filha chorar.

- Preciso, mas você precisa dormir para trabalhar.

- Tudo bem. Não consigo dormir com ela chorando. - Nicholas se aproximou e tirou a bebê do meu colo, que parou de chorar no mesmo instante.

- Droga, essa menina me odeia. - Me sentei na poltrona ali perto, embrenhado meus dedos nos cabelos.

Depois do sangramento, o médico pediu que eu fizesse repouso absoluto ou Serena nasceria na hora errada e eu poderia perdê-la. Ou perder minha própria vida.

Larguei a faculdade e passei a viver sob os cuidados de Marceline. Me arrependi de ter parado de estudar, mas o que eu poderia fazer?

Bianca e Noah vinham contar as delícias de ir para a faculdade, mas a apreensividade com provas e trabalhos me fazia ficar um pouco mais aliviada com todo esse repouso.

A namorada de Noah pouco vinha me ver, mas era tão ridiculamente parecida com Bianca que por vezes confundia as duas. Minha amiga ficava brava, mas a culpa não era minha se Noah era imbecil o suficiente por trocar ela por uma versão mais barata.

Quando Serena nasceu aos oito meses com algumas complicações, foi uma felicidade sem igual. A bebê dormia tão profundamente que me dava tempo de finalmente aproveitar de Nicholas - pós trauma do incidente no banheiro.

Mas conforme Serena ia crescendo, não deixava que eu e Nicholas dormíssemos. Pior, a bebê parecia ter preferência pelo pai.

- Eu tenho experiência, Blue. Não fique triste. Ela te ama. Você a carregou com tanto amor e carinho. - Ele dizia, colocando a bebê no berço depois de fazê-la dormir profundamente.

 - Exceto quando larguei a faculdade. - Me levantei e o abracei para mim, deitando minha cabeça em seu peito.

- Você vai voltar a estudar. - Beijou meus cabelos e os acariciou.

- E perder a oportunidade de fazer a minha filha me amar? - Me afastei e olhei para ele em meio à escuridão.

- Blue, você é a mãe dela. Serena vai te amar. - Nick selou nossos lábios no escuro.

- Você promete? - Sussurrei contra seus lábios.

- Eu prometo.


Alguns anos depois...

- Serena, cuidado com a Hope! Você vai derrubá-la!

- Blue, deixa elas. São crianças. - Nick parou ao meu lado, me abraçando a acariciando meu braço.

- Como você consegue ser tão calmo, Nicholas? - Franzi o cenho para ele, selando nossos lábios e me afastando.

Serena tinha seus nove anos completos enquanto Hope ainda beirava os cinco.

Serena tinha os cabelos loiros e os olhos verdes do pai, enquanto Hope tinha os cabelos e os olhos do pai. Nicholas disse que era uma pena que o mar azul dos meus olhos não fosse refletido em nenhuma das nossas filhas. É claro que eu nunca deixava de dizer que a fábrica estaria sempre aberta.

Por isso que eu circulava com uma barriga nova, carregando agora um garoto: Gabriel.

Depois de muito aprender com Nicholas, eu consegui fazer com que Serena parasse de chorar e com Hope foi mais fácil, já tinha as técnicas de cuidar de um bebê. No fim das contas, eu só tinha que pegar o jeito.

No tempo entre Serena e Hope, eu voltei a estudar e me formei grávida de Hope. Empregada por uma das revistas de renome na cidade, eu ganhava bem e ajudava Nicholas, por mais que ele insistisse que esse dinheiro devesse ser gasto comigo.

Com a família aumentando, a mansão de Nicholas ficava cada vez maior. Marceline ganhou um quarto digno e estava cada dia mais feliz com as suas netinhas, como gostava de chamá-las.

Nunca mais ouvira falar de Aimée ou Zack. Este último saíra da cadeia, mas não nos procurou e Bianca ouvira dizer que ele estava morando em outro país. Não me importava. Eu tinha tudo o que sempre desejara.

Noah estava com o projeto de Bianca enroscada no seu pescoço enquanto ele conversava com Bianca.

Era ridículo ele estar com a garota esse tempo todo e seus olhos brilharem para a minha melhor amiga assim com os dela para ele. Eu já dissera para ambos sentarem em conversarem, mas eram cabeças dura demais para me ouvirem.

Bianca também começara a trabalhar e ganhava melhor que nosso melhor amigo. Ela gostava de falar que aquilo era karma. A garota nunca mais se relacionara sério com ninguém e algo dentro de mim dizia que isso tinha nome e sobrenome e falava com ela naquele segundo.

Noah também não tinha intenções de pedir a mão de Veronica. Mais uma vez, aquilo tinha nome e sobrenome.

- Me ajudem a levar isso para a mesa lá fora? - Pedi, fazendo-os me ajudarem.

- Você me faz de escravo. Peça às minhas irmãs. - Noah murmurou.

- Para de reclamar. Está parecendo ter a idade delas subtraídas. - Falei e fiz todos rirem. - Hope, Serena, venham almoçar! - Chamei e ambas vieram, obedientes.

Com todos sentados à mesa, eu agarrei a mão de Nicholas e sorri, agradecida por ter os amores da minha vida ali. Pensei no quanto cada uma daquelas pessoas mudara a minha vida e o quanto eu os amava.

- Eu te amo tanto. - Falei, me virando para Nicholas.

- Eu te amo muito mais. - Nicholas confessou, acariciando meus cabelos e me beijando rapidamente.

- Mamãe. - Ouvi a voz de Serena e olhei para ela de imediato. - É verdade que você e o Noah já namoraram?

Congelei no lugar, arregalando os olhos e me virando de Noah para Serena.

- De onde você tirou isso, Serena querida? - Ri nervosamente, vendo a mesa toda ficar tensa de repente.

- Ouvi a tia Bianca discutindo com ele. - Deu de ombros.

Veronica tinha uma sobrancelha erguida na direção de Noah e ele apenas tinha olhos para sua irmã.

- Não dê ouvidos à sua tia, pequena. Ela é maluca. - Noah respondeu, bebericando de seu suco.

- Vai tomar no...

- Opa! - Impedi que ela continuasse a falar, mas não deixei de ouvir o barulho do tapa na cabeça de Noah.

Aquilo arrancou gargalhadas de todos à mesa.

Aquela nunca seria uma família normal, mas isso não seria um problema. Eu a amava mesmo assim.


FIM


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