Capítulo 33

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Uma experiência de desmaio é algo esquisito. Em um momento você está de pé, feliz, conversando e no outro simplesmente não está mais lá. É quase como uma experiência de morte.

Acordei em um hospital, um soro pendia do meu braço e eu não sabia há quanto tempo havia dormido. Nicholas estava ao meu lado, sentado em uma poltrona confortável naquele quarto azul claro e via algo na televisão. Parecia que a violência atingia a capital e o cenho franzido em sua testa mostrava sua preocupação. Provavelmente se preocupava com o filho que logo estaria longe dele.

- Hey. - Chamei por ele, tendo que pigarrear para que fosse ouvida.

Nicholas se virou na minha direção de imediato e sorriu para mim, se levantando e nunca se desvencilhando da minha mão. Beijou minha testa e acariciou meus cabelos.

- Minha menina. Como você se sente?

- O que aconteceu, Nick? - Foi a minha vez de franzir o cenho.

Ele olhou para fora e então para mim, pressionando os lábios logo depois de umedecê-los.

- Acho melhor chamarmos um médico. - Ele se esticou sobre minha cabeça e apertou um botão vermelho.

Por que ele mesmo não podia me dizer o que havia acontecido? Com certeza já devia saber. Engoli em seco pensando no pior. Será que eu realmente estava doente? Apertei sua mão por impulso e chamei sua atenção para mim. Meus olhos preocupados encontraram os seus plácidos no momento em que uma enfermeira pisou os pés dentro do quarto com o médico em seu encalço.

- Obrigada por chamar, senhor Hayes. - A enfermeira sorriu cheia de dentes para o meu marido e eu lhe lancei um olhar feroz.

Ela não pareceu notar, mas o médico com certeza o fez.

- Pedimos que o senhor Hayes nos chamasse assim que você acordasse, senhora Hayes. - Virei meu rosto para o médico e me senti envergonhada por minhas atitudes.

Nicholas era um Deus! Como eu poderia não ter ciúmes de um homem que eu demorara tanto para ter? Seria até um desrespeito.

- Acredito que queira explicações. - O médico continuou e eu assenti, olhando de Nick para ele. - Você deu um grande susto em seu marido e colegas.

- Ah, meu Deus! Eu estraguei a formatura! - Coloquei a mão do acesso nos lábios e a senti repuxar, gemendo ao volta-la ao lugar.

O médico riu e a enfermeira o acompanhou.

- De jeito nenhum. Todos estão muito preocupados com você. - Nicholas chamou minha atenção e eu olhei na sua direção. - Alguns até vieram ao hospital para ter notícias suas.

- E ainda estão esperando? - Franzi o cenho e os vi assentir. Arregalei os olhos e sorri, eu não imaginava que tantas pessoas gostassem de mim.

- Mas temos boas notícias. - O doutor Phillips - como eu havia lido em seu jaleco - recomeçou a falar e eu esperei. - Fizemos alguns exames de sangue para saber se você estava com deficiência de alguma vitamina. É claro que você passou por muitas coisas nos últimos tempos, mas acabamos por descobrir uma coisa a mais nesses exames. - A enfermeira entregou ao médico uma pasta e ele a abriu, sorrindo para a folha à sua frente. - Você está grávida, senhora Hayes. Quatro semanas, para ser mais exato.

A informação me atingiu de uma vez só e eu fiquei sem ar, enjoada e confusa. Eu sempre tomei meus remédios na hora certa e tudo bem que eu e Nicholas não usávamos camisinha, mas... Meu Deus, eu estava grávida! Era para eu estar supostamente feliz, não era? Então por que eu não conseguia? Por que simplesmente não conseguia tirar a expressão de choque e substituir por uma de plena felicidade?

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