Austrália, Março, 10h00am.

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Respira. Inspira. Não pira. 
Eu estava repetindo esse mantra na minha cabeça há uma hora e meia, que foi o tempo que levou para que o responsável explicasse como tudo iria ocorrer e para que eu estivesse devidamente com os equipamentos. Uma hora eu estava rindo, não acreditando no que estava fazendo, e, no momento a seguir, eu estava chorando porque a minha "melhor amiga" havia me abandonado e dito que era uma luta minha e não dela. Essa foi apenas a desculpa que ela usou sendo que a ideia de fazer essa lista estúpida tinha sido dela. 

- Você é a próxima, querida. - senti uma mão no meu ombro e olhei para o gorducho que me puxava para ir ao encontro do avião. 
- Eu não quero mais, eu desisto! – falei, soltando minha mão da sua e começando a correr. 
Bem, pelo menos foi o que eu tentei fazer porque, assim que dei dois passos, minha cabeça foi de encontro a uma parede. 

- Êpa! Nada de fugir, mocinha. - uma voz grave e rouca foi ouvida. 
Ok, talvez não fosse uma parede. Levantei meu olhar encontrando o do homem que havia falado comigo e, por segundos, esqueci da loucura que estava prestes a cometer, esqueci de meu ex, esqueci que minha melhor amiga era covarde, esqueci até mesmo meu nome... O cara era digno de comparação aos Deuses Gregos, totalmente... Gostoso. Seus trajes esportivos, junto com os mesmos equipamentos que eu usava, pareciam lhe cair perfeitamente, e, ao contrário de mim, ele levava uma etiqueta grudada no peito escrito "Instrutor Storne". 

- Você está bem? Parece um pouco verde. - ele comentou. 
- Ãm? O q-que? - Que ótimo, agora eu estava gaguejando na frente do meu instrutor gostoso. - Eu só estou um pouco, ou talvez muito, nervosa. – comentei, com a voz mais firme. 
- Fica calma. Quando saltar, será sem dúvidas a melhor sensação da sua vida. - ele me deu um sorriso que deveria ser tranquilizador, mas só consegui pensar no quão maravilhosos seus dentes eram e isso era ridículo. 

- Olha, vocês não precisam nem devolver meu dinheiro. Foi uma ideia estúpida e eu estou indo embora. – falei, dando um tapinha em seu músculo e o contornando.
- Desculpa informar, mas quem está na minha lista, salta sim. - respondeu autoritário, pegando na minha mão e me arrastando para dentro do avião. 
- Que? Você tá louco? – perguntei, com um sorriso de puro nervosismo, enquanto ele me colocava sentada e dizia para o piloto que poderia decolar. Eu juro que tentei protestar, gritar, correr ou o que quer que fosse necessário pra fugir da enrascada em que eu mesma me meti, mas, quando olhei, o avião já estava em movimento e eu apenas soltei um muxoxo frustrado, ao mesmo tempo em que o instrutor gostoso me olhava, divertido quanto a minha expressão. 

- Preparada? - ele quebrou o silêncio. 
- Sério? Você está mesmo perguntando isso, logo depois de eu tentar fugir a todo custo? - devolvi a pergunta do instrutor idiota, ridículo e não tão gostoso como minutos antes. - Você tem que encarar os seus medos de frente, e se você está aqui, mesmo com tanto medo, é porque tem um propósito, e eu não vou te deixar desistir! – respondeu, com um sorriso confiante, e pegou a minha mão fazendo um carinho. 
Ai, meu Deus, ele continuava gostoso. 

- Vamos acabar logo com isso. – respondi, dando-me por vencida. Os minutos seguintes passaram como um borrão. Assim que eu disse aquelas palavras, ele não perdeu tempo e me puxou para a porta aberta. Como eu já estava devidamente presa a ele, Storne apenas acenou para o piloto e... Bem, ele pulou, simples assim. Eu abri a boca pra gritar devido a surpresa, mas o vento entrou pela mesma, me deixando alguns segundos sem ar, até que decidi que seria melhor fechar a boca. Eu estava morrendo de medo, mas, assim que fechei os olhos, me lembrei de que estava fazendo aquilo por mim e percebi que a sensação era ótima, libertadora, e com um intuito de coragem, abri os olhos e sorri. Sorri para o vento que deformava minha cara, sorri para o céu, sorri para a paisagem, sorri para o momento, sorri para a experiência, sorri para a vida. 

WILD ONESOnde histórias criam vida. Descubra agora