Austrália, Março, 10h13pm.

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- Uau... Você está...Uau..- disse ele, me olhando como se eu fosse um pedaço de carne. Naquele momento eu entendi como a Zebra de Madagascar se sentiu quando seu amigo leão tentou comê-la. 
- O gato comeu sua língua? - perguntei satisfeita com a sua reação. Minha vontade era de voltar pra casa só pra dar mais um beijo de agradecimento em Cassie. Aquela produção toda tinha valido a pena. 
- Não, até porque seria muito estranho eu comer minha própria língua. - sorriu convencido. 
- Você é impossível.- gargalhei incrédula. 

Assim que entramos no carro, o silêncio foi o nosso mais novo companheiro, eu estava receosa do que dizer e ele pareceu entender que naquele momento o que eu preferia era ficar quieta. Enquanto ele estava concentrado na estrada, eu o olhei e prestei atenção em como ele estava lindo com as calças jeans de lavagem escura e uma camisa salmão dobrada até os cotovelos. O cabelo estava propositalmente bagunçado, o que o deixava ainda mais delicioso, e o cheiro - ah o cheiro! - aquele perfume amadeirado que ele usava fez com que minha barriga desse voltas e minha boca ficasse seca, imaginando o quão bom seria cheirar aquele homem direto no pescoço. Soltei um suspiro e o escutei dar uma risadinha baixa. Ele com certeza sabia o que eu estava fazendo e, pela cara sapeca com que ele olhava em frente, balançando a cabeça, eu podia apostar que ele sabia até o que eu estava pensando. 

- Meu nome é Beatrice. - decidi quebrar o silêncio, falando a primeira coisa que me veio à cabeça, e agora eu estava me sentindo um pouco estupida. 
- Eu sei. 
- Você sabe? - olhei-o com os olhos arregalados em confusão. 
- Eu fui seu instrutor de salto. Eu tinha uma folha com o seu nome. - ele riu. 
- E por que eu não tinha o direito de saber o seu nome? - perguntei irritada, passando a mão no cabelo. 
- Na verdade... - ele parou no sinal vermelho e me olhou, sorrindo. - Você tinha. Você só não perguntou... - ele levantou um dedo quando viu que eu iria argumentar. - E, eu tinha um crachá no uniforme com o meu sobrenome, não é como se fosse uma desvantagem de todo. 
- Vou perguntar mais uma vez. - disse entre dentes. - Qual é o seu nome? 
- Instrutor Storne para você. – falou, andando com o carro quando o sinal mudou para o verde e ligando o rádio, que estava tocando "Sing" do Ed Sheeran. - Por enquanto. - completou, piscando pra mim, e eu apenas bufei e fiquei o resto do caminho pensando em mil formas de como torturar aquele ruivo, minha raiva estava sendo depositada nele. 

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