Austrália, Março, 02h30am.

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- Cheguei, pessoal! - Cassie falou, batendo a mão no balcão e apontando para a bebida que Rael tomava. - Quero um também. - falou para Flow. 
- Cassie! – falei, batendo palminhas. 
- Você está bêbada? - Cassie perguntou, rindo. 
- Talvez. - respondi. 
- Eu trouxe o que você pediu. - Cassie falou, balançando uma bolsa preta com lantejoulas no ar. - E agora? 
- Agora é com o Flow. – falei, apontando para o moreno careca que quase deixou uma garrafa cair no chão quando falei seu nome. 
- Do que você precisa, Beatrice? - perguntou. 
- Leva essa bebida. – falei, colocando o pozinho do remédio da Cassie na bebida que Flow trouxe, e ela me olhou de cara feia quando viu que a bebida não seria para ela. - Pra aquela garota ali. - apontei para minha prima, que estava dançando com Noah, enquanto comia com os olhos o mesmo loiro que havia mexido comigo. 

- Sem questionamentos, Flow. - Storne falou, assim que viu que Flow ia protestar. - Não é nenhuma droga, é apenas laxante. 
- Tudo bem. - Flow pegou a bebida e levou para minha prima, que, assim como eu pensava, não fez perguntas por ter ganhado uma bebida de graça. 

- Então, está na hora. - Storne falou, me tirando do transe e olhando para mim. 
- Na hora do que? – perguntei, confusa. 
- Da vingança. - esfregou uma mão na outra e fez um sinal para que o DJ mudasse de música. Então "Wild Ones" começou. 
Eu o olhei, confusa, por um momento, mas assim que ele piscou para Cassie, que riu e me empurrou contra ele, Storne me olhou, sugestivamente, e me puxou em direção ao meio da pista de dança. Foi aí que eu entendi o que ele queria fazer.

Provocar, era isso que ele queria.

Ele passou a mão pela minha cintura fina e minhas costas ficaram totalmente pressionadas em seu peitoral. Então, ele puxou todo o meu cabelo para um lado do meu ombro, deixando o outro completamente livre, e começou a depositar beijos e mordidas naquela região. Meu corpo reagiu instantaneamente ao seu toque, minhas pernas ficaram bambas e meu corpo todo arrepiado. 
Hey I heard you're a wild one.. - ele cantou baixinho no meu ouvido e eu não pude evitar que uma risada escapasse dos meus lábios. 

Continuamos naquela dança íntima, que não tinha nada a ver com a música animada que tocava ao fundo. Ele me provocava e eu rebolava contra ele, o fazendo suspirar. Aquela provocação toda não estava fazendo bem para a minha sanidade, então, eu não prestei atenção na cara de surpresa que ele fez quando eu fiquei de frente pra ele, olhando-o com um sorriso malicioso. 
- Quer saber? – falei, alternando meu olhar em seus olhos e sua boca. - Eu não me importo esta noite e... Nem você. – disse, finalmente sentindo a textura de seus lábios nos meus, nosso beijo não era calmo, era desesperado. Era como se nós não tivéssemos o suficiente um do outro, como se fosse nosso primeiro e último beijo. Era um beijo, assim como nós naquela noite, selvagem.
Ele mordiscou o meu lábio enquanto eu puxava o seu cabelo, nossas testas estavam grudadas e nossa respiração descompassada. Eu finalmente estava sentindo o cheiro e virilidade daquele homem perto de mim. Nós estávamos no nosso próprio mundo. Parece meio clichê pensar nisso, mas só com o corpo dele colado ao meu já foi o suficiente pra eu esquecer que meu ex estava naquela mesma boate e que provavelmente estava presenciando nossa cena. 

- Que pouca vergonha é essa? - escutei a voz irritada de Noah atrás de mim e soltei um muxoxo triste por ter que me separar daquele homem gostoso que estava pressionado contra mim. 
- E por que você se importa? - minha prima disse ao seu lado, com sua voz estridente e nervosa. 
- Me responda, Beatrice. - Noah falou entre dentes e fuzilou meu Instrutor com o olhar. 
- E desde quando eu te devo explicações, hein? Ex-namorado! - falei com escárnio. 

- Você é mi... - Noah bem que tentou terminar aquela frase, mas Rael decidiu aparecer nesse exato momento e tascou um beijaço no meu ex. 
- Que palhaçada é essa? - minha prima perguntou com os olhos arregalados. 
- Amor, eu cansei de esperar você se assumir. - Rael gesticulava para meu ex, que limpava a boca freneticamente com as costas da mão. - Noah! Vamos assumir! 
- Prima, você fez ele virar gay? – perguntei, com fingida decepção. 
- EU NÃO SOU GAY! - Noah gritou e eu pude perceber que, nesse momento, a boate tinha parado e todo mundo estava concentrado no que estava acontecendo. 
- Ninguém vira gay depois de ficar comi... - Então um pum, muito alto por sinal, foi escutado, já que a música tinha sido parada. 
- Você peidou? - Storne perguntou, gargalhando, pra minha prima, que estava roxa de vergonha. 
- Eu acho que foi algo que eu comi... Aliás, onde é o banheiro? – perguntou, com os olhos arregalados, e saiu correndo, soltando um pum em cada passo que dava. 

- E aí, Rael? Parabéns por assumir o namoro, cara! - Flow falou, divertido, e piscou o olho pra mim, que soltei uma risadinha. 
- EU JÁ DISSE QUE NÃO SOU GAY! - Noah gritou, desesperado, olhando com uma cara de nojo pro lugar em que antes minha prima se encontrava. 
- Noah, eu te ajudo! Pode se assumir! Eu não vou te deixar desamparado. – falei, colocando a mão em seu ombro. 
- O que? Mas eu não sou gay! - Noah repetiu, me olhando como se pedisse para que parasse com aquilo e o ajudasse. 
- ASSUME! - Storne gritou, e então, como se um rei tivesse decretado uma nova lei, todos começaram a gritar. - ASSUME! ASSUME! ASSUME! ASSUME! 

- Vamos sair daqui. - Storne sussurrou no meu ouvido e pegou na minha mão, me levando em direção as portas duplas que nos levavam à saída. 
- Espera um minuto. - corri em direção a Noah e sussurrei em seu ouvido. - Pense muito bem antes de trair uma mulher. 
Então, caminhei em direção a saída, mas não sem antes ver a cara de entendimento de Noah e minha prima, muito suada e nervosa, correndo pra fora da boate com um papel higiênico na mão. 

WILD ONESOnde histórias criam vida. Descubra agora