À luz da lareira

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Ele a segurou delicadamente, aproximou-a do nariz e a cheirou com o cuidado de quem pretende descobrir cada molécula do perfume. Ela era linda. Apaixonadamente encorpada. Já estava madura, dona de si, e isso acabava com qualquer concorrência das mais novinhas. A segurança que exalava era quase desleal. Todos a queriam, pela sua beleza, pelo seu jeito elegante de se portar, pela raridade. Dizem que ela tem uma irmã gêmea (mas não se pode acreditar em tudo que se diz).


Ela tinha um companheiro tão excepcional quanto ela mesma, pra fazer jus à tanta excentricidade.

Ele a colocou perto dos lábios. A lareira aquecia charmosamente a sala, cujo tapete de pele era o assento preferido do dono daquilo tudo. Beethoven fazia companhia na madrugada que já estava batendo à porta, querendo se achegar perto do fogo também. O labrador marrom de cinco anos dormia tranquilamente, alheio aos olhos encantados do homem. Ele a observou mais uma vez. Mal podia acreditar que, junto à taça medieval que comprara em um leilão no ano passado, estava um vinho francês de uma safra espetacular de 1942.


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