Uma blusa, mais uma blusa e outro calção e a mala estava pronta. Uma mala menor agora, já que estava sozinha depois de tanto tempo. E palavras reduzidas a sins e nãos, já que também não tinha mais com quem ir, embora a estrada tenha ficado a mesma - mas a impressão era outra...
O quarto cor-de-rosa com os quadros brancos e a cama de solteiro esperava ansioso. Ser deixado um pouco de lado até que não seria de todo ruim. Já não aguentava tanto choro, embora nunca tivesse tido coragem de dizer isso. A cama de solteiro, que algumas vezes tentou ser maior, ainda estava encharcada. E os travesseiros, pesarosos com tantos segredos, precisavam respirar um pouco de alívio. Mesmo que não admitissem, os quadros também queriam mais espaço para serem o que de fato são: presença.
Foto: canva.com
Mas a praia... ah, estava tudo igual na praia. O mar continuava a ir e voltar, e bater nas pedras e avançar sobre os banhistas, mas estava tudo tão diferente agora... tão vazio e silencioso: tão dúbio que chegava a dar um nó. Seria culpa do inverno que se aproximava?
A mala estava em cima da cama, esperando a viagem. O quarto cor-de-rosa com os quadros brancos e a cama de solteiro esperava ansioso, talvez ainda mais ansioso que a própria mala. Ir? Ficar? A mala já estava pronta.
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Agora Já Contei
Ficción GeneralEstes contos que você lerá saíram das telas virtuais para suas mãos, em formato físico. Escrevendo no blog Agora já contei desde 2013, as histórias que antes eram feitas de luz e pixels agora foram impressas e podem ser lidas em papel e tinta. Par...