Declínio

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"kat?" Preciso que vá ao mercado."- Peeta disse assim que saímos.
Me entregou um papel e caminhou para dentro de casa com dificuldade.
"?"- ele parou na porta.
"Oi meu amor"
"A prótese esta machucando?"
"Um pouco, não se preoculpe."- ele sorriu sem graça.
"No caminho ao mercado eu passo pelo hospital e..."
"Kat não quero que se preoculpe com isso"- ele me interrompeu.
"Vou mesmo assim."- o beijei na testa.-"Estamos indo".

Tom e eu andamos lado a lado pelas ruas até o mercado. Eu observei a lista.
Farinha.  
•Açúcar
•Leite
•Manteiga
•Carne
ovos
legumes e verduras

"Vai á escola hoje?"- Tom perguntou.
"Eu não posso faltar"- respondi ainda olhando a lista.
"Peeta colocou carne?"- pensei.
"Tem alguma coisa importante?"
"Não, eu acho... Porque?"- olhei para ele.
"Queria sair com você, nunca mais fomos ao lago juntos e não nos vimos por tanto tempo."
Parei na rua o encarando e sorrindo.
"Fazem dois meses Tom"
"ta vendo... nem me lembro como é o lago."
Rimos e continuamos pelo caminho. Entramos no mercado barulhento. As paredes estavam pretas e sujas. O mercado fedia a carne podre e as pessoas passavam por nós com o nariz tampado.
"Cidade 12, sempre a mais pobre..."- eu disse baixinho.
"Quando foi que o mercado ficou assim?"- Tom susurrou olhando o local.
"Vamos logo ao outro lado"- eu puxei ele.
"Não vai comprar carne?"- Tom perguntou e eu o olhei com um sorrisinho.
"Não precisamos de mais carne do que as que eu caço..."

***

"Como assim não tem verdura, nem legume?"- perguntei ao homem atrás do balcão.
"Não recebemos mercadoria nova e a pouca plantação da cidade já foi vendida"- ele respondeu.
Olhei ao redor e suspirei.
"Ok. Obrigado."- sorri sem graça e me afastei da bancada.
"Só consegui farinha e açúcar. O resto não tem mais no mercado."- Tom disse se aproximando de mim.
"Não tem verdura e legume"- eu disse a ele desanimada.
"Ainda temos algumas na horta"- Tom disse.
"Vamos logo, Peeta está esperando."

Chegando a casa de Tom a primeira pessoa que eu ví foi Gale. Ele estava martelando algo em frente ao cercado.
"Gale!" - corri até ele e o abracei forte.
"Katsinha! Como vai?"- ele perguntou.
"Bem. E como foi a viajem de volta?"
"Longa... são sempre cansativas demais."
"Menos cansativas do que os trabalhos na Two City."- Tom disse.- "mas ele não aceita que já é um velho cansado".
Tom abraça o avô sorrindo e leva tapinhas no ombro.
"não fala assim com ele Tom..."
"Como esta a Katniss?"- Gale perguntou.
"Esta bem, não vai visita-la?"
"É melhor eu não incomodar, ela não sente minha falta."
"Não seja bobo. Ela adora as visitas da Madge e..."
"Você não pode garantir já que ela não reage a nada"
O clima pesou.
"Kat, vamos ver a horta."- Tom me puxou para dentro.
"Kat! Não pense duas vezes antes de lhe dar um tapa se ele merecer!"- Gale gritou da entrada.
Entramos na casa rindo e Madge estava na cozinha. Passamos por ela e eu só tive tempo de acenar e lhe mandar um beijo no ar enquanto era puxada por Tom.
Fui levada ao  quintal e a horta estava cheia dos mais belos alfaces, repolhos, cenourinhas e cebolas.
"Tá melhor do que as do mercado"- eu disse enquanto colhíamos algumas coisas.
"Madge adora cuidar da casa"- Tom disse.
"Onde esta sua mãe?"-perguntei.
"Uma Hawthorne que se preze não para quieta em casa"- ele riu.
"Só podia ser filha do Gale..."
Gale tem três filhos.
Os gêmeos nasceram logo que ele casou com madge. Com 21 anos a garota teve Tom e o garoto ainda não tem filhos.
O terceiro filho de Gale é mais novo e brincava com meu tio e Nick quando pequeno. Tom se juntava a eles as vezes, com apenas 4 anos de idade.
Minha avó e Peeta demoraram mais a terem filhos. 5, 10, 15 anos.
"Mas ela viajou por que o mercado em Two City vai ter que fechar"- ele continuou.
"Por que?"
"O nosso comercio lá esta fadado á falencia. Assim como todos os outros."
Parei o que estava fazendo e o encarei.
"O quê?"
"Sei lá, estamos passando por uma crise terrível. Pior até do que eu podia pensar já que chegou até aqui" - ele deu de ombros.
"Isso é preoculpante..."- eu digo.-"...Tom! A escola!"
Nos olhamos boquiabertos e levantamos num pulo.
"Ainda tenho que passar no hospital para ver o que fazer sobre a perna do vovô"-digo passando rapidamente pelo porta da frente.
"Deixa aquele velho sem perna de uma vez!"- Gale diz gargalhando.
"Voces se amam que eu sei" -falei passando por ele e o ouvi dizer:
"Como pode ter tanta certeza?"
"Ué, Eu nasci para isso! Pra juntar voces dois de uma vez. 'amizade eterna!'"- eu gritei já fora da casa.
"Eu também te criei garota! Posso te dar uns tapas!"- ele gritou de volta e eu caí na gargalhada.

Passamos pelas poucas casas da cidade e chegamos a escola. As ruas vazias como sempre. Twelve City ainda não tinha atraido muitos moradores.
Chegando ao hospital as portas estavam fechadas. O hospital não é muita coisa mas é a único da cidade.
"Como assim?"- perguntei ao Tom.
"Estranho kat... não deveria estar fechado a esta hora"
bufei olhando a construção azul, que estava mal cuidada.
"Vamos! Depois eu passo por aqui. Peeta já deve estar preoculpado"

***

Chegando em casa Peeta estava mal encarado mas não reclamou de nada.
"Tivemos que ir a horta do Tom, o mercado quase não tem mais nada."- eu disse colocando as sacolas na mesa.
"Obrigado Kat"- Peeta me beijou na testa e me abraçou.
"Vô?"- eu disse com uma voz preoculpada.-"o hospital estava fechado."
"A esta hora?"
"Sim... Depois da escola eu vou passar lá. Então não se preoculpe se eu demorar um pouco mais."
"Kat não vai ter aula..."- ele começou a falar.
"O quê? Porquê?"
"O que se diz por aí é que a escola não vai funcionar por algum tempo..."- Meu avô suspirou.
"...Isso se chama greve."- ele continuou.

Continua...

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