Prólogo

381 19 2
                                    

Duas e meia da manhã e eu não consigo terminar o trabalho. Preciso de inspiração. Preciso ser criativa, mas que droga!

Olho para o notebook aberto no Photoshop, minha principal ferramenta de trabalho. Eu tenho uma grande campanha pela frente, mas não consigo me concentrar, e porquê? Porque um imbecil chamado Thomas não faz nada direito!

Bato os dedos ao lado do pequeno computador, como se esse gesto fosse melhorar as coisas e a inspiração cair em meu colo.

Penso um, dois, três minutos antes de ligar para ele. Ele não fez sua parte direito, então ele tinha, no mínimo, que me ajudar. Eu não ia me ferrar com os sócios sozinha, ah não mesmo!

- Thomas?

- quem é?

- você tem meu número gravado e ainda pergunta quem é?

- Elena.

- bingo. Bom, estou ligando porque você precisa me ajudar a consertar a cagada que você fez no...

- é madrugada.

- e daí? Amanhã cedo temos a apresentação da campanha!

- mas já está tudo pronto!

- está pronto para você que não fez absolutamente nada e o pouco que fez, fez errado.

Minha paciência estava se esgotando. Maldita hora que entrei nessa agência de publicidade para dar de cara com esse imbecil. Um imbecil que infelizmente eu já conhecia há muito tempo.

- do jeito que está, está bom.

Sua voz de sono, calma e tranquilidade me fizeram gritar.

- MAS QUE MERDA THOMAS!

- hey! Calma!

- uma ova! Seu irresponsável!

- Tudo bem. Você venceu.

- vai me ajudar finalmente?

- sim. Estou indo aí.

A linha em silêncio não me deixou impedi-lo de ir até a minha casa naquele dia. Maldita hora que fui dizer onde morava.

(...)

- oi.

O imbecil era desastrosamente lindo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O imbecil era desastrosamente lindo. Desperdício, porque não valia nada.

- oi. Entra. O notebook está na mesa.

Ele olhou atento cada detalhe do meu lindo cafofo, enquanto eu esperava que ele tomasse uma atitude e terminasse logo para eu conseguir dormir em paz.

- hey, já terminou ou vamos ficar a madrugada toda aqui?

Ironizei para ver se ele começava a se mexer.

Ele, por sua vez, fez tudo bem lentamente. Tirou casaco, sentou na cadeira, pediu um copo de água, ajeitou a ferramenta de trabalho na mesa, até que finalmente, começou a fazer algo de útil.

Eu não podia negar que ele era inteligente, rápido com as ideias e inovava sempre nas campanhas, mas de uns tempos pra cá começou a ficar disperso e preguiçoso. Típico de um jovem de vinte e cinco anos. Tá certo, eu tenho a mesma idade, mas sou muito mais responsável.

Eram quatro e meia da manhã quando ele finalmente me olha.

- terminei.

Olho para o trabalho na tela pequena, divinamente corrigido e dou um sorriso tímido.

- se tivesse feito assim no prime...

- posso ir?

Ele adorava me interromper

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ele adorava me interromper.

- pode.

Ele veste o casaco irritantemente sexy e vai para a porta sem olhar pra trás. Quer dizer...

- Nos vemos amanhã?

Não. eu vou fugir do trabalho justamente no dia da campanha mais importante. Reviro os olhos em pensamento.

- claro.

- você poderia, pelo menos, tentar ser um pouco mais simpática e educada comigo?

Cruzei os braços e dei um sorriso sarcástico.

- há alguns anos atrás você pensou em ser educado e simpático comigo? Hum... Acho que não.

- Elena, nós tínhamos dezessete anos! Esquece isso de uma vez.

Era a primeira vez que eu falava com ele sobre o pior dia da minha vida e ele fala como se eu o lembrasse disso o tempo todo? Puto.

- eu deletei aquele dia da memória, se quer saber, mas devido ao seu comentário insolente, não pude deixar de lembrar.

Mentira. Aquele dia estava cravado na minha mente.

- desculpa. Eu fui um imbecil.

- você ainda é.

Ele me olhou surpreso com a afirmação e cerrou os olhos. Raiva, claro.

- eu? Eu evoluí. Posso não ser a melhor pessoa do mundo, mas eu não sou mais aquele Thomas. Já você...

- já eu o que hein? Vai me dizer que continuo feia e fora dos seus padrões de amizade? Vai me dizer que ainda não faço o tipo de nenhum homem porque sou muito nerd?

Eu o encarava esperando uma resposta.

- Nerd você ainda é, mas não considero um defeito. Também está dentro dos meus padrões de amizade, já que trabalhamos no mesmo lugar e temos os mesmos amigos. Feia você nunca foi, quer dizer, era desarrumada, mas feia não.

Naquele momento eu tive vontade de dar na cara dele até sangrar. Continuou:

- e você faria o meu tipo, se não fosse tão chata.

Arregalei os olhos com desdém e o enxotei.

- tchau! Vai!

Ele sorriu discretamente e saiu das minhas vistas deixando-me ofegante e com os pensamentos dispersos. Imbecil. Idiota. Cretino. Lindo. Delicioso. Bobo. Besta.

Thomas Moore. Esse era o nome e sobrenome do meu pior pesadelo.

 Esse era o nome e sobrenome do meu pior pesadelo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Eu NÃO Gosto de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora